- Origem
- Gênesis do termo
- Expansão na América Latina
- Realismo mágico no resto do mundo
- Caracteristicas
- Narrativa dos fatos
- Caráter híbrido de histórias
- Incorporação do mito
- O romance e os contos como categorias preferidas
- Caráter não linear do tempo
- Crítica política como material de apoio
- Realismo mágico na Colômbia
- Realismo mágico no México
- Autores e livros em destaque
- Gabriel Garcia Marques
- Laura Esquivel
- Carlos Fontes
- Isabel Allende
- Julio Cortazar
- Representantes em outras latitudes
- Referências
O realismo mágico é uma estratégia narrativa utilizada principalmente por escritores latino-americanos. É caracterizada pela inclusão de elementos fantásticos ou míticos em uma ficção aparentemente realista. Alguns estudiosos o definem como o resultado lógico da escrita pós-colonial.
Eles afirmam que, por meio do realismo mágico, os fatos são colocados em pelo menos duas realidades distintas: a dos conquistadores e a dos conquistados. Por outro lado, outros estudiosos explicam que difere da pura fantasia, principalmente porque se passa em um mundo normal e moderno.
Julio Cortázar, representante do realismo mágico
Suas descrições dos humanos e da sociedade em geral são autênticas. Seu objetivo é aproveitar o paradoxo da união de opostos; então, ele desafia oposições binárias como vida e morte, ou o passado pré-colonial versus o presente pós-industrial. Assim, essa estratégia narrativa envolve a fusão do real e do fantástico.
A presença do sobrenatural no realismo mágico se opõe à racionalidade europeia, amalgamando realismo e fantasia. Por outro lado, alguns críticos afirmam que oferece uma visão do mundo que não se baseia em leis naturais ou físicas, nem na realidade objetiva. No entanto, o mundo ficcional também não está separado da realidade.
Agora, é uma coincidência que o realismo mágico é uma expressão da realidade do Novo Mundo. É uma combinação de elementos racionais de uma civilização europeia e elementos irracionais de uma América primitiva.
Alguns termos que têm sido usados para descrever a escrita realista mágica em diferentes partes do mundo são: realismo maluco, fabulismo, escrita intersticial, irrealismo, o real maravilhoso, realismo mágico, a realidade maravilhosa, McOndo, realismo místico, realismo mítico, nova onda, escrita pós-moderna, magicismo realista, turbilhonamento e realismo social.
Origem
Gênesis do termo
O termo realismo mágico foi cunhado pela primeira vez em 1925 por Franz Roh, um crítico de arte alemão. Ele o usou para descrever um estilo de pintura de sua época que retratava pictoricamente os enigmas da realidade.
Alguns anos depois, na década de 1940, o conceito cruzou o oceano para a América do Sul. Lá foi adaptado para o campo da literatura e popularizado por autores latino-americanos.
Em si mesma, a literatura mágico-realista latino-americana originou-se de dois romances: Hombres de maiz, do escritor guatemalteco Miguel Ángel Asturias, e El Reino de este mundo, do cubano Alejo Carpentier.
Esses escritores combinaram as teorias originais de Roh sobre o realismo mágico com os conceitos surrealistas franceses do maravilhoso e suas próprias mitologias indígenas.
Como sua contraparte na pintura, o quadro de referência para esse estilo de escrita eram ambientes naturais exóticos, culturas nativas e histórias políticas tumultuadas.
Em 1949, Alejo Carpentier escreveu um ensaio sobre o assunto. Por influência dela, na década de 1950 vários autores latino-americanos adotaram o estilo, combinando-o com conceitos surrealistas e folclóricos franceses.
Expansão na América Latina
Posteriormente, outros escritores latino-americanos, como Jorge Luis Borges, Carlos Fuentes e Julio Cortázar, também utilizaram elementos de magia e fantasia em suas obras.
Então, em 1970, foi publicada a versão em inglês de Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez. Assim, o movimento se tornou um fenômeno internacional.
Posteriormente, escritores como Isabel Allende (Chile) e Laura Esquivel (México) tornaram-se parte dos desenvolvimentos posteriores deste estilo narrativo. Com a sua contribuição, contribuíram para dar uma nova abordagem aos problemas e percepções das mulheres sobre a sua realidade.
Realismo mágico no resto do mundo
Embora os escritores hispânicos tenham sido, e ainda sejam, uma grande influência na literatura mágica realista moderna, o estilo não se limita a uma época ou lugar específico.
Na verdade, escritores de todo o mundo abraçaram e adaptaram o realismo mágico, moldando-o às suas próprias culturas e dentro de seu próprio quadro de referência.
Por exemplo, nas literaturas americana e britânica, o realismo mágico é um gênero popular desde os anos 1960.
Também foi um ramo importante do pós-modernismo; Franz Kafka (autor de A Metamorfose) é considerado um precursor do gênero, apesar de para sua época o termo realismo mágico ainda não ter sido usado.
Caracteristicas
Narrativa dos fatos
Na literatura do realismo mágico, as coisas mais fantásticas e selvagens são contadas de uma forma muito prática.
Tudo é descrito como se fossem situações comuns da vida real. Isso faz com que os elementos fantásticos da história pareçam mais realistas: os eventos são contados como se pudessem realmente acontecer.
Caráter híbrido de histórias
No realismo mágico, a intenção é combinar opostos. O fantástico se mistura com o mundano, o comum com o extraordinário, a vida nos sonhos com a vida na vigília, realidade e irrealidade.
Elementos não relacionados costumam ser misturados e não há como pensar antecipadamente sobre o resultado.
Incorporação do mito
Os escritores do realismo mágico são freqüentemente inspirados e pegam emprestado material de todos os tipos de mitos. Podem ser antigos, modernos, religiosos ou qualquer tipo de mito.
O romance e os contos como categorias preferidas
O realismo mágico tem seu domínio preferencial em romances e contos. Isso porque esse tipo de narrativa em prosa tem a flexibilidade como característica fundamental.
Desta forma, os escritos podem ser enriquecidos com uma boa dose de magia, sem necessariamente perder aquele sentido de realidade.
Caráter não linear do tempo
No realismo mágico, o tempo não é algo previsível e confiável que avança de um segundo para outro (não é linear). Às vezes ele se repete em vez de seguir em frente, ou ziguezagueia por todo o lugar, pulando para frente ou parado.
Crítica política como material de apoio
O realismo mágico oferece uma forma de crítica velada das estruturas de poder. Apesar de todos os elementos fantásticos e extraordinários presentes na narrativa, você sempre pode ler a crítica política nas entrelinhas.
Realismo mágico na Colômbia
Segundo os críticos, a narrativa mágico realista da Colômbia remonta à década de 1850 com a obra de Rodríguez Freyle, El carnero (1859).
Além disso, outro dos escritores colombianos que usou esse estilo foi Héctor Rojas Herazo. Fazem parte de sua produção as obras Respirando o verão (1962), Em novembro chega o arcebispo (1967) e Célia está podre (1985).
No entanto, o representante máximo de Nova Granada é Gabriel García Márquez. Sua obra-prima, Cem anos de solidão (1967), trata da guerra, do sofrimento e da morte.
Em geral, o propósito de García Márquez ao retratar a política da região foi comentar como a natureza da política latino-americana sempre tende para o absurdo; A negação e as repetições infinitas de tragédia abundam nele.
Assim, o estilo mágico de sua obra funde-se fantasticamente com a realidade, apresentando ao leitor sua versão da Colômbia.
Nesta versão, mitos, presságios e lendas convivem com tecnologia e modernidade. Esses mitos, junto com outros elementos e eventos do romance, contam grande parte da história colombiana.
Realismo mágico no México
A rica narrativa mágica e realista mexicana do século 20 baseou-se principalmente nos componentes da identidade nacional mexicana e da cultura mestiça.
Essa narrativa foi criada a partir da mistura de culturas e raças europeias e indígenas, mas também se alimentou da tradição pré-hispânica de seus habitantes.
Após a guerra entre os Estados Unidos e o México (1846-1848), os ocupantes chicanos dos estados fronteiriços do Texas, Novo México, Arizona, Colorado e Califórnia aderiram ao movimento.
Desde meados da década de 1970, existe uma relação consciente e consistente entre a literatura chicana e a mexicana. No entanto, a influência em sua narrativa é mais antiga: na década de 1950, os romances mexicanos tornaram-se cada vez mais experimentais, entrando no reino do surrealismo e do realismo mágico.
Por exemplo, Pedro Páramo (1955), de Juan Rulfo, e Memórias do futuro (1963), de Elena Garro, exerceram imensa influência sobre os escritores mexicanos e chicanos contemporâneos.
Autores e livros em destaque
Gabriel Garcia Marques
Em Cem Anos de Solidão, García Márquez conta a história de Macondo, um povoado isolado cuja história se assemelha à história da América Latina em uma escala reduzida. Combina cenários realistas com episódios fantásticos.
Como muitos outros autores latino-americanos, essa prática de misturar fatos e histórias históricas com exemplos do fantástico deriva do escritor cubano Alejo Carpentier, considerado um dos fundadores do realismo mágico.
Na história, os habitantes de Macondo são movidos por paixões elementares -lust, ganância, sede de poder-, que são frustradas por forças sociais, políticas ou naturais.
Entre outras criações deste autor premiado estão: O outono do patriarca (1975), Crônica de uma morte anunciada (1981), Love in the Times of Cholera (1985) e The General in His Labyrinth (1989).
Laura Esquivel
Sua produção principal, Como agua para chocolate (1989), representa uma de suas obras mais marcantes. O livro fez sucesso e serviu de enredo para um filme de mesmo nome. Em 1992, a Academia Mexicana de Artes e Ciências Cinematográficas premiou este filme em 10 linhas diferentes.
Dentre outras obras de sua autoria, podemos citar La ley del amor (1995), As fast as wish (2004) e Lupita likes engoing (2014).
Carlos Fontes
Uma das obras mais importantes de Carlos Fuentes é A Morte de Artemio Cruz (1962). Este romance narra, entre o passado e o presente, a vida de um ex-soldado da Revolução Mexicana que se tornou rico e poderoso através da corrupção.
Outras de suas produções inscritas neste gênero incluem The most transparent region (1958) e Aura (1962).
Isabel Allende
A escritora chilena Isabel Allende cativou seus leitores, não só por causa de sua combinação distinta de técnicas de realismo mágico especializado, mas também por causa de sua visão política e social e sua ênfase em gênero, patriarcado e machismo.
Uma de suas obras mais reconhecidas é La casa de los espíritus (1982). É uma história sinuosa e frequentemente mística. Por meio do exemplo de uma família latino-americana de classe alta, o autor explora as fissuras de gênero, classe e lealdade política que destruíram grande parte do continente durante o século XX.
A ilha submarina, Inés del alma mía, Eva Luna e Meu país inventado estão entre as criações deste autor chileno.
Julio Cortazar
Julio Cortázar, escritor e contista argentino, combinou em suas obras o questionamento existencial com outras técnicas de escrita experimental. O realismo mágico foi um deles.
Duas obras de Cortázar escritas na década de 1950, Bestiário e Continuidade dos parques, atestam o uso dessa estratégia narrativa.
Bestiário é uma coleção de histórias que combina o humor, o absurdo e o fantástico. Por sua vez, Continuidade dos parques é uma das 18 histórias que aparecem em seu livro Fim do jogo.
Especialmente no livro Endgame, ficção e realidade se entrelaçam em uma história perfeitamente circular. Essa história se tornou uma das mais discutidas na literatura mundial.
Representantes em outras latitudes
Embora seja verdade que os escritores latino-americanos popularizaram o realismo mágico, em outras partes do mundo ele também tem representantes importantes. Entre os autores cult do gênero no mundo podemos citar:
- Günter Grass (Alemanha): The Tin Drum (1959)
- Kobo Abe (Japão): The Other's Face (1967)
- Italo Calvino (Itália): Cidades Invisíveis (1972)
- Jack Hodgins (Canadá): The Invention of the World (1977)
- Milan Kundera (Tchecoslováquia): Imortalidade (1988)
- Arundhati Roy (Índia): O Deus das Coisas Pequenas (1996)
- Peter Høeg (Dinamarca): O Século dos Sonhos (2002)
- Gina Nahai (Irã): Meia-noite na avenida da fé (2008)
Referências
- Encyclopaedia Britannica. (2014, 22 de abril). Realismo mágico. Retirado de britannica.com.
- Mathews, R. (2016, 21 de novembro). O que é realismo mágico na literatura? Retirado de penandthepad.com
- Sellman, TK e Deefholts, S. (2004, 20 de janeiro). Realismo mágico: o que há em um nome? Retirado de oprah.com.
- Enciclopédia. (s / f). Realismo mágico. Retirado de encyclopedia.com.
- Schwenz, CL (2014, 21 de junho). Realismo mágico. Retirado de scholarblogs.emory.edu.
- Witte, M. (2015, 15 de julho). O que é realismo mágico? Retirado de michellewittebooks.com.
- Suárez ECA te al (2002). Colômbia: guia enciclopédico, história, geografia, literatura de arte, atlas universal e colombiano. Bogotá: Norma Editorial
- Noriega Sánchez. MR (2002). Challenging Realities: Magic Realism in Contemporary American Women's Fiction. València: Universidade de València.
- González Echevarría, R. (2018, 27 de fevereiro). Gabriel Garcia Marques. Retirado de britannica.com.