- Origem
- Contexto
- Caracteristicas
- Representantes
- Alberto Hidalgo
- Jose carlos mariategui
- Cesar Vallejo
- Referências
A vanguarda peruana foi um movimento artístico que se desenvolveu no final do século 19 até meados do século 20, embora tenha tido maior força entre os anos 1920 e 1930. Foi um movimento que no Peru se inclinou mais para a literatura poética do que em outros países., onde se concentrou em outras disciplinas criativas.
Três foram as principais figuras desse movimento no Peru. Alberto Hidalgo se destacou na América Latina pela simplicidade de suas obras, José Carlos Mariátegui também se destacou por influenciar a vanguarda do território peruano e César Vallejo foi o autor de uma das obras mais simbólicas do movimento.
César Vallejo foi o maior representante da vanguarda do Peru. Fonte:, via Wikimedia Commons.
A vanguarda deslocou o modernismo para ter liberdade, não para respeitar ou estabelecer regras. Nesse movimento, outras correntes como ultraismo, futurismo, cubismo, dadaísmo ou surrealismo estiveram presentes.
Esse movimento nasceu na Europa, principalmente na França. Cobriu todas as áreas da arte: literatura, arquitetura, música, pintura ou teatro.
Origem
O termo "avant-garde" vem da palavra francesa vangarden. Seu significado é inovar.
Na obra Lyrical Panoply de Alberto Hidalgo há um poema intitulado Ode to the car. Foi publicado em 1917 e foi o primeiro sinal ou manifestação de vanguarda no Peru.
Esse trabalho fez do Peru um dos países latino-americanos onde o movimento de vanguarda se manifestou pela primeira vez. Ele também se distinguiu dos demais por ter uma atitude muito radical em relação ao movimento. Em outras nações como Bolívia, Cuba ou Paraguai demorou um pouco mais para aparecer.
Ao longo dos anos, trabalhos com características de vanguarda continuaram sendo publicados no Peru. A revista Flechas, por exemplo, foi a primeira publicação a ser declarada vanguardista e surgiu em 1924.
A presença de mais revistas permitiu aumentar a ascensão deste movimento artístico. Embora Amauta tenha sido, entre 1925 e 1930, a publicação mais conceituada desse período.
Contexto
No mundo todo, com o surgimento do movimento de vanguarda, muitas mudanças e conflitos estavam ocorrendo. A Primeira Guerra Mundial aconteceu entre 1914 e 1918, e logo depois ocorreu a revolução soviética. As classes trabalhadoras ficaram de fora, por isso a vanguarda teve uma grande motivação para desenvolver conteúdos sociais.
No plano econômico, tudo estava indo bem até que houve uma recessão devido ao crash da Bolsa de Valores de Nova York em 1929.
Por sua vez, no Peru os grupos aristocráticos ou mais ricos eram os que comandavam o país. Os conflitos sociais estiveram muito presentes durante o desenvolvimento da vanguarda.
Os partidos comunista e aprista nasceram no Peru. E as leis estavam sendo criadas como a jornada de trabalho de oito horas. Nesse contexto surgiu essa tendência artística.
Caracteristicas
A vanguarda peruana centrou-se na literatura e neste ramo artístico dedicou-se quase exclusivamente à poesia.
Uma característica muito distinta da vanguarda do Peru é que ela teve autores indígenas. Sinal de que a poesia desse movimento também tinha um componente social, onde o futuro do homem era de grande importância. Um exemplo disso é o poema Masa de César Vallejo.
Por se basear na inovação, a literatura dessa época teve liberdade na sua composição métrica. Ou seja, seus versos não tinham uma estrutura definida quanto ao ritmo, ao número de sílabas que os compunham, à presença total ou parcial da rima ou de suas combinações.
Além disso, o autor de vanguarda mostra o passado como algo que não funciona. Ele é inconformista e seu objetivo é iniciar um novo período onde o conteúdo poético está acima da estrutura que o compõe.
Como os poemas enfatizam o mundo interior, eles geralmente não são cronológicos em sua narração: é a evolução da alma que determina o tempo.
Enfim, porque a vanguarda se baseava em modificar tudo, também se caracterizava pelo uso de neologismos, expressões que antes não existiam. Isso permitiu que novos estilos se estabelecessem em nível linguístico e até cultural e social.
Representantes
A vanguarda peruana teve muitos autores destacados, mas os mais importantes foram três: Alberto Hidalgo, César Vallejo e José Carlos Mariátegui. Cada um teve uma contribuição diferente para o movimento artístico da época e também sua influência se deu em diferentes partes do mundo.
Além disso, você pode encontrar outros representantes desta tendência artística como Ciro Alegría Bazán, Carlos Oquendo de Amat ou César Moro, que se destacou por ser o maior expoente do surrealismo.
Alberto Hidalgo
O primeiro sinal de uma modelo de vanguarda foi com seu poema Ode ao carro em 1917, presente na publicação intitulada Panoply lyrical. Ele foi o criador do simplismo no Peru, que era o equivalente ao ultraismo em lugares como Espanha ou Argentina. Também foi fundador de várias revistas, como Oral e Pulso.
Não só se dedicou às manifestações poéticas, mas também publicou contos. Sua obra conta com mais de 30 obras, a maioria delas publicadas em Buenos Aires, onde teve grande influência.
Jose carlos mariategui
A revista Amauta, que se tornou a mais importante da vanguarda peruana, foi ideia do jornalista e escritor José Carlos Mariátegui. Esta publicação teria o nome de Vanguardia inicialmente.
Os artigos publicados na Amauta tinham a função de ajudar a compreender o processo renovador que se vivia no Peru e no mundo. Embora Mariátegui não considerasse sua revista uma publicação de vanguarda, mas sim socialista.
Além de Amauta, foi autor apenas de dois livros e devido à sua morte prematura (faleceu aos 35 anos), outros dois trabalhos ficaram inacabados. Todo o seu trabalho foi feito no Peru, por isso alguns dizem que ele é a figura mais representativa da vanguarda do país.
Cesar Vallejo
Publicou suas duas primeiras obras no Peru, Los heraldos negros e Trilce, que foi sua obra-prima e se tornou a expressão mais representativa da vanguarda peruana e teve grande repercussão mundial.
Seu trabalho não se concentrou apenas na poesia. Ele também se destacou em narrativa e teatro. Ele também publicou crônicas e fez traduções, especificamente do francês para o espanhol.
Embora quase toda a sua obra tenha sido realizada em Paris, é considerado um dos mais importantes autores peruanos da época.
Referências
- Mamani Macedo, M. (2017). Site da terra. Lima: Fundo de Cultura Econômica do Peru.
- Monguió, L. (1954). Poesia pós-modernista peruana. Berkeley-Los Angeles: Univ. Of California Press.
- Oviedo, J. (1999). Quatro peruanos de vanguarda. Recuperado de magazines.ucm.es
- Pöppel, H., & Gomes, M. (2004). As vanguardas literárias da Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Madrid: Iberoamericana.
- Soní Soto, A. (2007). César Vallejo e a vanguarda literária. Recuperado de scielo.org.mx