O vestido Totonac refere-se ao vestido de um povo indígena mesoamericano localizado principalmente no estado de Puebla (México). A vestimenta dessa comunidade é um dos poucos itens que não sofreu grandes modificações ao longo do tempo. Suas transformações mais notáveis ocorreram nos séculos XVII e XX.
A primeira alteração do traje foi influenciada pela conquista dos espanhóis, que começou em 1519. Os hispânicos fizeram com que os aborígines desenhassem roupas decentes e retas para se apresentarem à sociedade.
Os Totonacs usavam as plumas para rituais. Fonte: pixabay.com
A segunda mudança foi gerada pela chegada do capitalismo ao México. Este acontecimento deslocou o trabalho fabril realizado pelos indígenas, uma vez que foram instaladas várias indústrias de produção e confecção.
No entanto, deve-se notar que - além da reestruturação do guarda-roupa - cada vestimenta usada pelos habitantes desta casta representa a essência do ser mexicano. Os Totonacs fizeram com que a identidade do povo mesoamericano fosse simbolizada por meio das roupas.
Totonacas
A etnia Totonac viveu nos estados de Puebla, Veracruz e Hidalgo. No início do século 16, eles estavam localizados nos municípios de Pahuatlán, Zacatlán, Jalacingo, Xalapa e Atzalan. Ou seja, eles ocuparam a maior parte do território.
No entanto, em meados do século XVII ocorreu um processo de aculturação. Devido às restrições estabelecidas pelos espanhóis durante a guerra, os Totonacs tiveram que dividir suas terras com outras tribos, principalmente os Nahua.
Para evitar que os habitantes continuem a se relacionar emocional e biologicamente com outros grupos sociais, muitos Totonacs decidiram se mudar para outras áreas. Assim se localizaram nas zonas fronteiriças da Sierra Madre Oriental e junto aos rios Cazones e Tecolutla.
Esses locais caracterizavam-se por possuírem climas variados, já que em uma semana podia ser tanto quente quanto frio. O clima era tropical, por isso a população étnica optou por restaurar suas roupas. O objetivo era adaptá-lo a mudanças atmosféricas inesperadas.
Roupas
Caracteristicas
O traje Totonac não se ajustava apenas às variações climáticas, mas às cerimônias sagradas. De acordo com sua visão de mundo, era essencial usar um terno para práticas rituais, que consistia em plumas que homens e mulheres deveriam usar.
O sexo masculino teve que usar uma espécie de macacão preto com flores coloridas e uma fita amarela que circundava a parte superior da calcinha. Por outro lado, as roupas das senhoras consistiam em vestidos brancos e mantos vermelhos que eram usados na cintura ou nos ombros.
Este traje costumava ser usado em danças realizadas para solicitar bem-estar conjugal, aumento da fertilidade e dissipação de doenças. A ideia era cativar - através da dança e da vestimenta - o deus Sol e sua esposa, a deusa do Milho.
Dessa forma, observa-se que a vestimenta era apreciada como oferenda às divindades. Simbolizava pureza e estabilidade, por isso evitavam tecidos escuros e sem detalhes.
Foram os Totonacs que desenharam e costuraram as roupas. Antes de iniciar o trabalho de tecelagem, oravam na esperança de que as divindades os acompanhassem em suas tarefas.
Testemunhos
Segundo historiadores, anos antes da chegada dos espanhóis, os habitantes dessa tribo se cobriam apenas com um pedaço de pano tecido com palmas, que hoje é conhecido como guayuco. Esse pano só escondeu as partes íntimas. Além disso, esses indígenas estavam sempre descalços.
Foi durante a colonização que os Totonacs começaram a moldar seus costumes. Eles unificaram as tradições hispânicas com seus hábitos diários. Por isso não se adaptaram ao traje da civilização, mas o recriaram.
O resultado dessa união foi exposto por Frei Juan de Torquemada (1557-1624) na primeira década de 1600. Este franciscano expressou que as roupas nativas se assemelhavam ao colibri pela agilidade e cor que exibiam.
Por outro lado, as roupas dos cavaleiros poderiam ser relacionadas às garças por sua elegância e capricho. Atualmente, as vestimentas clássicas são utilizadas apenas por idosos da etnia ou para eventos culturais.
Nos homens
O guarda-roupa masculino foi ajustado para as tarefas diárias, por isso procuraram deixá-lo confortável. Consistia em calças compridas e largas, camisas de mangas compridas e um lenço que era colocado em volta do pescoço e nas costas.
Em meados dos anos cinquenta, o modelo das calças foi modificado, já que já não eram tão largas, mas sim estreitas e mais curtas. Isso porque as senhoras deixaram de fazer as peças, que eram fabricadas nos centros têxteis.
A roupa masculina também contou com um boné feito de palmas e sapatos de borracha com tiras de couro. As cores que usaram foram branco, azul e vermelho.
Dependendo da cerimônia, eles eram adornados com mantos multicoloridos, tops de penas de quetzal e pulseiras. Entre os termos que usaram para roupas estavam:
-Tataanú: calças.
-Makán: camisa.
-Tatanu: calçado.
Nas mulheres
As roupas femininas consistiam em uma saia longa bordada e uma camisa triangular, semelhante a um xale. Estas peças destacavam-se pelas cores claras, embora para realizar os bordados fosse permitido manusear fios de tons primários ou brilhantes.
Vale ressaltar que as mulheres indígenas só usavam saias pretas em dias frios ou chuvosos. Eles acreditavam que os tons escuros lutavam contra o orgulho de Tlaloc. Outra de suas vestimentas usuais era o casaco largo ou poncho, que poderia ser feito de lã ou algodão.
Além disso, o casaco era usado para carregar recém-nascidos. Os Totonacs usavam sandálias de borracha, tatuavam o rosto com tinta vermelha e geralmente trançavam os cabelos se fossem casados ou noivos.
As roupas femininas consistiam em uma saia longa bordada e uma camisa triangular, semelhante a um xale. Fonte: pixabay.com
Eles eram adornados com penas, fitas, colares de jade, brincos de concha e faixas na cintura ou na cabeça. É justo mencionar que foi no século 20 quando as mulheres indígenas começaram a usar vestidos de manta industrial. Algumas palavras que foram usadas para designar os naipes são:
-Quexquémitl: camisa.
-Lhakgat: vestido.
-Kgan: saia.
-Huarachi: sandália.
-Aklhwik: manto.
Referências
- Bravo, R. (2009). A religião dos Totonacs. Obtido em 7 de novembro de 2019 da Academia Mexicana de História: acadmexhistoria.org.mx
- Havet, E. (2001). Totonacas: etnografia dos povos indígenas mexicanos. Obtido em 7 de novembro de 2019 da University of Ottawa Press: uottawa.ca
- Krasinski, J. (2014). Condições históricas de etnia entre Totonacas. Recuperado em 7 de novembro de 2019 do Instituto Indígena Interamericano: dipublico.org
- Serrano, E. (2015). Totonacos: povos indígenas do México. Obtido em 7 de novembro de 2019 do Centro de Estudios Superiores de México y Centroamérica: cesmeca.mx
- Trejo, B. (2012). Costumes e tradições das etnias mexicanas. Recuperado em 7 de novembro de 2019 da Revista Historia: historia.es
- Thompson, L. (2003). Simbolismo e rituais dos povos indígenas no México. Obtido em 7 de novembro de 2019 da Escola Nacional de Antropologia e História: enah.edu.mx