- Origem e história
- Eventos mais recentes
- Características dos afro-mexicanos
- Comunidades afro-mexicanas no México
- Cultura e costumes (gastronomia, tradições, roupas)
- Gastronomia
- Religião
- Referências
Os afromexicanos são o grupo de pessoas nascidas no México de ascendência africana. Negros, Afromixtecos, Jarochos ou Afromestizos são outros termos usados para se referir a essa etnia, que nasceu com a conquista espanhola. Os africanos cumpriram uma função puramente trabalhista ao chegar ao México.
A comunidade afro-mexicana foi historicamente diminuída pela mestiçagem e pelos povos indígenas. Tornou-se o segundo mais importante em algumas áreas do país até o início do século XIX. Depois da Revolução Mexicana, ao falar em mexicanidade, referia-se à união entre indígenas e espanhóis.
Retrato póstumo de corpo inteiro de Vicente Guerrero pintado para adornar a Sala Iturbide do então Palácio Imperial Mexicano. Ramón Sagredo, via Wikimedia Commons.
Atualmente representam pouco mais de 1% da população mexicana ou, o que é o mesmo, pouco mais de um milhão de pessoas. Apesar disso, sua organização e inclusão em documentos legislativos demorou muito mais do que em outras regiões da América, como Colômbia, Brasil ou Nicarágua.
Somente em 2015 ocorreram os primeiros censos no México que incluíram os afrodescendentes como identificação racial. Foi em 2018 que foi dado o passo mais importante na integração das comunidades afro-mexicanas.
O Senado mexicano aprovou a Lei do Instituto Nacional dos Povos Indígenas. Os negros foram reconhecidos constitucionalmente e garantidas oportunidades iguais, com acesso a programas e recursos públicos.
Origem e história
A presença dos africanos no México nasceu com a chegada dos espanhóis ao continente americano. Em suas expedições eles já tinham grupos de escravos africanos.
Outra nova onda de negros chegou como resultado da proibição de escravizar as populações indígenas nas colônias espanholas. Foi o rei Carlos I quem decretou esta medida, embora em muitas partes da América a escravidão dos indígenas também fosse praticada ilegalmente.
Os espanhóis buscaram uma maneira de conseguir mão de obra negra e começaram a importar escravos da África. Segundo dados do antropólogo Gonzalo Aguirre Beltrán, mais de 200.000 negros entraram no país durante as décadas de 1580 e 1650.
Os escravos estavam chegando da África Ocidental, especificamente do Congo e do Golfo da Guiné. Em menor grau, o Senegal e a Gâmbia também trouxeram representação africana ao México. Muitas escravas que trabalhavam no serviço doméstico, eram amantes ou enfermeiras eram originárias de Cabo Verde.
Ao longo desta era colonial, um sistema de castas foi projetado para identificar os grupos que constituíam as populações mexicanas. A mistura entre africanos e espanhóis era considerada mulata.
Os filhos entre africanos e indígenas foram chamados de coiotes. Foi graças à luta pela independência, empreendida por José María Morelos e Miguel Hidalgo, que declararam o fim da escravidão no México.
Eventos mais recentes
A chegada dos africanos não terminou depois da era colonial. Durante os séculos 19 e 20, chegaram Mascogos e trabalhadores do Caribe. Com o passar dos anos, os movimentos migratórios das populações africanas para o México diminuíram, mas em 1973 as portas da nação centro-americana voltaram a se abrir.
Durante o governo do presidente Luis Echeverría, cidadãos senegaleses receberam bolsas de estudo para carreiras como restauração, artes plásticas ou arquitetura. Alguns grupos africanos chegaram a entrar no México como refugiados políticos.
A situação dos afrodescendentes no México ganhou visibilidade em 2013 com a morte de Malcolm Shabazz. O primeiro descendente masculino de Malcolm X foi espancado até a morte em um bar mexicano.
Com o intuito de resgatar sua história, foram criados eventos como Encuentros de Pueblos Negros, que já tem 19 edições. Organizações como Mexico Negro e Africa AC são grupos civis que lutam pelo reconhecimento constitucional dos povos negros no México. Em 2020 haverá um novo censo nacional que nos permitirá aprender mais sobre os grupos afro-mexicanos no país.
Características dos afro-mexicanos
As comunidades afrodescendentes no México são caracterizadas por viver em situações de pobreza e falta de educação. Eles estão localizados principalmente nas áreas rurais do litoral do país. Sobrenomes como Moreno, Crespo ou Prietro são comuns em famílias de origem africana.
Cada área do México tem um termo para se referir aos afro-americanos em suas comunidades. A Organização das Nações Unidas (ONU) se refere à expressão Afromixteco que resulta da mistura de negros e indígenas de La Mixteca (região montanhosa entre os estados de Guerrero, Oaxaca e Puebla). O termo Jarocho se refere aos afrodescendentes mexicanos originários da bacia do rio Papaloapan.
Na história mexicana você pode encontrar atores importantes que tinham ascendência africana. Vicente Guerrero foi o segundo presidente do México, o primeiro negro a ocupar essa posição no continente americano, e fazia parte dos mulatos do sistema de castas. Emiliano Zapata, herói da revolução mexicana, é definido por alguns grupos como descendente de índios, negros e espanhóis.
José María Morelos, um líder da independência que aboliu a escravidão e era filho de afrodescendentes, também tem um lugar importante na história. Ou Gaspar Yanga, que veio da África e se rebelou contra os espanhóis. Ele lutou pela liberdade de sua comunidade e formou San Lorenzo de los Negros, o primeiro lugar para os africanos livres.
Comunidades afro-mexicanas no México
Desde 1527 existiam populações com escravos negros, especificamente na costa de Guerrero. Essas comunidades mais tarde se mudaram para Acapulco para trabalhar na construção dos estaleiros. Com o passar dos anos, as cidades negras se espalharam e atualmente são encontradas em toda a geografia mexicana.
Costa Chica é uma das áreas mais representativas da comunidade afrodescendente que surgem desde a época da conquista espanhola. É formado por Guerrero e Oaxaca. Os negros dessas áreas se dedicavam principalmente ao cultivo (cacau ou algodão) e à pecuária.
Acapulco e Costa Grande se beneficiaram da presença afro-mexicana em seu desenvolvimento. Seu trabalho se concentrava no porto, ponto de chegada de importantes produtos do Oriente. Eles também cultivavam café e copra (polpa seca de coco).
Outro porto, Veracruz, foi a porta de entrada de grande parte dos africanos daquela parte do país. Os que permaneceram na região se dedicaram ao trabalho nas fazendas de açúcar ou na pecuária.
Em Coahuila existem os mascogos. Eles são uma comunidade cuja ancestralidade veio dos Estados Unidos para o México durante o século XIX. Eles estavam concentrados no município de Múzquiz. Um decreto de 2017 os reconheceu como um povo indígena de Coahuila
Cultura e costumes (gastronomia, tradições, roupas)
As culturas afrodescendentes perderam muitas de suas referências no plano cultural quando foram obrigadas a mobilizar diferentes populações e viver na escravidão. Os afro-mexicanos não possuem uma língua própria e uma influência colonial é observada em suas roupas.
Embora, como é costume nos povos africanos, a dança e a música são os aspectos de sua cultura que mais perduraram e permearam as tradições mexicanas. Além disso, cada região possui costumes diferentes.
No Costa Chica, a dança dos demônios tem raízes africanas. Em Tabasco a bateria é tocada da mesma forma que na Nigéria. Enquanto Veracruz tem a dança dos negritos. São jarocho e os carnavais também são influenciados pelos costumes africanos.
O balafón, um teclado de madeira, também chegou ao México vindo da África. Hoje é conhecida como marimba, importante instrumento no estado de Chiapas e com alguma presença em Oaxaca e Tabasco.
A herança da cultura africana no México também pode ser apreciada na língua. A bamba é reconhecida como hino ou canção popular em Veracruz, mas no Congo é o nome de várias cidades. Ou a palavra kaffir, na Tanzânia é uma população e no México refere-se a quem dirige sem cuidados.
Gastronomia
A Jamaica é uma fruta muito popular no México, mas originária da África. A água da Jamaica é classificada como bebida nacional no Senegal. Ele tem muitas variantes na África Ocidental e Central.
Em Veracruz é onde a herança africana mais se destaca na alimentação. Pratos como o mogomogo são considerados africanos pelo seu preparo e pelo uso de ingredientes como a banana.
Religião
No México há uma grande presença da Santeria, principalmente nos últimos tempos. Tem grande influência da comunidade afrodescendente cubana, embora seja uma prática bastante clandestina.
As religiões originárias da África são geralmente consideradas no México como bruxaria ou superstição. No mercado de Sonora, na Cidade do México, você encontra muitas referências a religiões de origem africana, ervas medicinais ou a presença da religião iorubá.
Referências
- Pessoas e comunidades afro-mexicanas. Recuperado de conapred.org.mx
- Afro-descida. Recuperado de cinu.mx
- Velázquez, M., & Iturralde, G. (2016). Afro-mexicanos: reflexões sobre a dinâmica do reconhecimento. Recuperado de cinu.mx
- Durán, A. (2008). Afro-mexicanos, a terceira raiz cultural. Recuperado de um.es
- Hoffmann, Odile. (2006). Negros e afromestizos no México: velhas e novas leituras de um mundo esquecido. Mexican Journal of Sociology, 68 (1), 103-135. Recuperado de maio de 2019, de scielo.org.mx
- Velázquez, M., & Iturralde, G. (2012). Afrodescendentes no México. Uma história de silêncio e discriminação (1ª ed., Pp. Conapred.org.mx). México DF