- Características da ansiedade em crianças
- Sintomas cognitivos e somáticos
- Crianças mais novas
- Crianças mais velhas
- O meio ambiente é importante
- Tipos de transtornos de ansiedade na infância
- Transtorno de ansiedade de separação
- Transtorno de hipersensibilidade social na infância
- Transtorno de ansiedade fóbica
- Transtorno de evasão escolar
- Fobia social
- Distúrbio de ansiedade generalizada
- Síndrome do pânico
- Causas de ansiedade em crianças
- Tratamento
- Tratamento para diminuir a resposta fisiológica
- Melhore a resposta afetiva da criança.
- Tratamento cognitivo
- Melhore o comportamento que a criança evita
- Psicoeducação dos pais da criança
- Referências
A ansiedade na criança é o aparecimento de uma intensa sensação de desconforto sem uma razão objetiva que o justifique, acompanhada de sentimentos de apreensão e pensamentos repetitivos.
É uma das alterações psicológicas que mais ocorrem na infância. Estudos recentes têm demonstrado que as taxas de prevalência deste tipo de problemas psicológicos em crianças situam-se entre 9 e 21%.
Características da ansiedade em crianças
Sintomas cognitivos e somáticos
As respostas de ansiedade incluem sintomas cognitivos (referindo-se ao pensamento) e sintomas somáticos (referindo-se ao corpo), que expressam uma superativação do sistema autônomo do cérebro.
Em crianças, as manifestações de ansiedade serão diferentes dependendo do estágio de desenvolvimento em que se encontram.
Crianças mais novas
As crianças mais novas costumam apresentar comportamentos estridentes, atividade excessiva, um chamado para acordar, dificuldades nos momentos de separação e distúrbios afetivos ao dormir.
Nesses casos, muitas vezes, uma avaliação inadequada dos sintomas de ansiedade pode levar a diagnósticos errados, como transtorno de déficit de atenção com ou sem hiperatividade (TDAH) ou transtorno desafiador de oposição.
Crianças mais velhas
Por sua vez, as crianças mais velhas (adolescentes e pré-adolescentes) têm maior capacidade de descrever suas experiências subjetivas, sendo capazes de vivenciar certos sintomas como medo, nervosismo, tensão ou raiva, além de expressar certos comportamentos inadequados ou anti-social.
O meio ambiente é importante
Além disso, na ansiedade infantil, o ambiente em que a criança se desenvolve e, portanto, o contexto em que ela expressa seus sintomas é de especial importância.
Embora esses fatores possam passar despercebidos em adultos, um ambiente que influencia negativamente as respostas de ansiedade de uma criança pode causar problemas de desenvolvimento.
Se uma criança expressa seus sintomas de ansiedade em um ambiente de apoio no qual os pais ou cuidadores são capazes de empregar estratégias que ajudam a criança a controlar seu estado nervoso, a criança será capaz de controlar com sucesso seus estados de ansiedade.
No entanto, se a criança se desenvolve em um ambiente no qual é responsabilizada por seus sintomas ou obrigada a enfrentá-los, quando ainda não possui os recursos pessoais necessários para tal, seu desenvolvimento pode ficar muito comprometido.
Tipos de transtornos de ansiedade na infância
Os manuais de diagnóstico em psicopatologia ainda não apresentam uma classificação detalhada dos transtornos de ansiedade que podem se apresentar na infância.
Esse fato é explicado pelo fato de que a maioria dos transtornos de ansiedade que aparecem na infância geralmente não perdura na vida adulta, uma vez que as alterações emocionais que as crianças apresentam tendem a ser menos claramente diferenciadas do que as que os adultos apresentam.
No entanto, da mesma forma que os adultos, as crianças também podem experimentar e sofrer de transtornos e sintomas de ansiedade. Na verdade, a prevalência desses transtornos na infância pode chegar a 21%.
Por outro lado, se uma criança apresentar ansiedade com frequência, as chances de sofrer de um transtorno de ansiedade na idade adulta aumentam.
Abaixo, discutiremos os 7 transtornos de ansiedade que ocorrem com mais frequência e são mais relevantes em crianças.
Transtorno de ansiedade de separação
De acordo com alguns estudos, esse é o transtorno de ansiedade mais prevalente na infância. A ansiedade de separação consiste em experimentar sentimentos excessivos de ansiedade quando a criança tem que se separar de seus pais ou responsáveis.
A aversão à separação dos pais costuma ser um fenômeno comum entre as crianças, por isso é considerada uma reação normal durante os primeiros meses de vida.
Porém, dos 3-4 anos de idade, a criança já possui capacidade cognitiva para entender que separar-se dos pais não significa perdê-los para sempre, por isso a vivência de ansiedade excessiva na separação dessas idades configura uma alteração psicológica.
Mais especificamente, as crianças com transtorno de ansiedade de separação muitas vezes experimentam os seguintes sintomas quando se distanciam de seus pais:
- Preocupação excessiva ou desconforto ao se despedir.
- Medo irracional de perder os pais ou de algo ruim acontecendo com eles.
- Resistência a ir a lugares sem os pais.
- Resistência a ficar sozinho.
- Ter pesadelos repetidos sobre abduções, acidentes ou perda dos pais.
- Sintomas somáticos: dores abdominais, vômitos, náuseas, palpitações, tremores ou tonturas.
Transtorno de hipersensibilidade social na infância
A principal característica desse transtorno é a tendência de experimentar sentimentos de extrema ansiedade ao interagir ou conhecer estranhos.
Embora o contato com estranhos geralmente não seja uma situação muito agradável para a maioria das crianças, no transtorno de hipersensibilidade social da infância a criança experimenta níveis anormalmente altos de ansiedade quando essa situação é encontrada.
Da mesma forma, a ansiedade que experimenta nessas situações o leva sistematicamente a evitar o contato com estranhos e interfere significativamente em sua vida social.
Assim, o transtorno de hipersensibilidade social não seria definido por timidez ou ausência de predisposição para interagir com estranhos, mas por vivenciar um estado em que ficam totalmente atordoados e governados por seus sentimentos de ansiedade quando a criança é exposta a eles. situações.
Esse transtorno geralmente aparece no início da escolaridade e muitas vezes está associado a um grande desejo de ter relacionamentos pessoais com a família e amigos, demonstrando muitos comportamentos de afeto e apego a essas pessoas.
Transtorno de ansiedade fóbica
Conforme especificado no manual de diagnóstico CID-10, o transtorno de ansiedade fóbica constitui uma psicopatologia específica da infância.
O medo é uma manifestação considerada normal durante a infância. Por exemplo, muitas crianças podem sentir medo ou ansiedade durante o sono ou na hora de dormir.
Da mesma forma, durante essas situações em que as crianças manifestam medos e medos, podem sofrer ilusões perceptivas. Por exemplo, erros de reconhecimento de um estímulo real, ao perceber o casaco pendurado atrás da porta da sala como um monstro na penumbra.
No entanto, esses medos são considerados normais e não constituem um transtorno de ansiedade.
Falamos de fobias quando medos irracionais em certas situações e objetos são acompanhados por uma evitação do estímulo que causa medo, causa muita ansiedade e interfere no funcionamento diário da criança.
Esses tipos de fobias incluem medo de animais, raios, escuridão, voar, ir ao médico ou espaços fechados.
Transtorno de evasão escolar
Nesse transtorno, a criança vivencia um medo irracional da escola, que é produzido por uma evasão sistemática dessas situações e, portanto, por um absenteísmo total ou parcial às aulas.
Normalmente, o início deste transtorno é geralmente gradual, a criança não começa a evitar a escola completamente de uma vez. Da mesma forma, geralmente afeta crianças entre 11 e 14 anos, embora já possa ser visto em crianças bem mais novas.
Em geral, a falta de frequência à escola por medo e antipatia por essas situações costuma ser um indício suficiente para considerar a possibilidade de a criança sofrer de transtorno de ansiedade e encaminhá-la aos serviços de saúde mental.
Fobia social
A fobia social geralmente ocorre em adolescentes e é caracterizada por vivenciar uma ansiedade excessiva relacionada à possibilidade de dizer algo ou agir de determinada forma que pode ser humilhante ou constrangedora.
Dessa forma, o adolescente passa a evitar fazer qualquer atividade na frente de outras pessoas devido à ansiedade excessiva que apresenta nessas situações e ao medo que tem de ficar constrangido na frente dos outros.
Ações como falar, comer, escrever, ir a festas ou falar com figuras de autoridade são freqüentemente muito temidas a tal ponto que a pessoa é incapaz de executá-las.
Distúrbio de ansiedade generalizada
A ansiedade generalizada é caracterizada por nervosismo e ansiedade excessivos, pensamentos preocupantes extremos e descontrolados que ocorrem na maior parte do dia, durante várias semanas.
As preocupações tendem a girar em torno de um grande número de aspectos e costumam ser acompanhadas por sintomas físicos, como taquicardia, sudorese, boca seca, tremores, etc.
Da mesma forma, a ansiedade ocorre de forma generalizada e constante, não se restringindo a uma situação particular. A ansiedade generalizada tende a aparecer mais em adultos, mas as crianças também podem sofrer com isso.
Síndrome do pânico
Por fim, o transtorno do pânico consiste em testemunhar ataques de ansiedade de maneira recorrente e inesperada.
Essas crises são baseadas em episódios de medo extremo que começam repentinamente e causam sintomas como medo de morrer ou perder o controle, palpitações, sensação de sufocamento, sudorese excessiva, tremores, tonturas, náuseas e outros sinais físicos de ansiedade.
Esse distúrbio pode ser muito relevante entre as crianças. Estudos recentes mostram que até 16% dos jovens entre 12 e 17 anos podem sofrer algum episódio desse tipo.
Causas de ansiedade em crianças
Os problemas de ansiedade são explicados hoje a partir do modelo causal de vulnerabilidade ao estresse. Segundo esse modelo, as crianças que sofrem com esse tipo de alteração psicológica apresentariam uma série de fatores predisponentes ou de risco para o transtorno de ansiedade.
Porém, o transtorno não se manifestaria até o surgimento de um fator ambiental que desencadeasse o quadro de ansiedade.
Os fatores que podem estar envolvidos com transtornos de ansiedade na infância seriam:
- Fatores genéticos e constitucionais.
- Temperamento e caráter da criança.
- Estilo educativo e carinhoso por parte dos pais.
- Eventos de vida estressantes.
- Ambiente social desfavorável.
Tratamento
O tratamento da ansiedade geralmente inclui intervenções psicossociais e psicofarmacológicas. No entanto, em crianças, os medicamentos geralmente são usados apenas em casos muito graves que precisam de alguma estabilização antes de iniciar a psicoterapia.
Em geral, os tratamentos de psicoterapia geralmente incluem:
Tratamento para diminuir a resposta fisiológica
- Exercícios de relaxamento
- Exercícios de dramatização.
- Aumento das atividades amigas da criança.
Melhore a resposta afetiva da criança.
- Aumento da autoconfiança.
- Auto-estima aumentada.
- Intervenção em possíveis problemas afetivos.
Tratamento cognitivo
- Mude o estilo cognitivo de considerar a situação como algo ameaçador.
- Estabeleça uma conexão entre ansiedade e pensamento de uma forma compreensível para a criança.
- Psicoeducar a criança de forma que ela seja capaz de atribuir suas emoções a si mesma e não ao meio ambiente ou aos agentes externos, para que ela veja que é ela quem cria seus próprios sentimentos.
- Altere as frases de "esta situação me deixa nervoso" para "Eu me sinto nervoso nesta situação".
- Provocar sentimentos de ansiedade em uma situação natural para conscientizar os pensamentos de medo e sua relação com as emoções.
Melhore o comportamento que a criança evita
- Expor a criança a situações temidas para poder trabalhar sua ansiedade em contextos reais.
- Ensine a criança a controlar sua ansiedade, expondo-a a situações temidas.
- Treine a criança em estratégias específicas de enfrentamento da situação temida.
- Desenvolver a auto-observação de antecedentes, comportamentos e pensamentos por meio de registros de comportamentos em situações de medo.
Psicoeducação dos pais da criança
- Ensine os pais a reagir à ansiedade da criança.
- Ensine-os a não prejudicar a autoestima da criança devido aos seus problemas de ansiedade.
- Ensine-os a não aceitar os pensamentos ansiosos da criança como válidos.
- Ensine-os a oferecer espaços calmos e tranquilos para a criança.
Referências
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- Freud S. (1926). Inibição, sintoma e angústia. In: Sigmung Freud. Obras completas, 3ª reimpressão, 2ª edição em espanhol. Buenos Aires: Amorrortu; 1992.p.83-161.
- Graham P, Turk J, Verhulst F. Desenvolvimento e psicopatologia do desenvolvimento. In: Graham P, Turk J, Verhulst F (eds.) Child Psychiatry. Uma abordagem de desenvolvimento. 3ª ed. Nova York: Oxford University Press; 1999.p.172-266.
- Ruiz Sancho A. Precursores dos transtornos de personalidade na infância e na adolescência. Apresentação no curso anual da Unidade do Adolescente. Madrid: Hospital General Universitario Gregorio Marañón; 2005.
- Schaefer C. Técnicas Inovadoras de Psicoterapia em Terapia Infantil e Adolescente. Nova York: John Wiley & Sons, Inc.; 1999.