Os arbovírus são um grupo heterogêneo de vírus transmitidos por artrópodes para humanos ou outros animais. Seu nome deriva dessa particularidade e é uma contração das duas primeiras sílabas do inglês «Arthropod-Borne Viruses«. O grupo é formado por nove famílias de vírus que abrangem mais de 534 tipos de vírus.
Eles compreendem um ciclo de vida complicado, envolvendo o hospedeiro vertebrado primário e o vetor invertebrado secundário. Os arbovírus foram descobertos durante a década de 1930. Nas décadas de 1950 e 1960, graças aos esforços dos pesquisadores e ao avanço das tecnologias de isolamento de vírus, o conhecimento relacionado aos arbovírus aumentou exponencialmente.
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Estima-se que 150 arbovírus sejam responsáveis por causar doenças no homem, desde infecções sem alguns sintomas até doenças fatais. Exemplos proeminentes são a dengue e a chikungunya, doenças amplamente distribuídas e frequentes nos países latino-americanos.
Em todo o mundo, esses agentes infecciosos causam uma alta taxa de mortalidade em humanos e outros animais domésticos, como roedores ou pássaros.
O atual aumento dos arbovírus é atribuído a várias causas, principalmente mudanças ambientais, urbanização, mudanças nas políticas de uso da água, práticas agrícolas de alto impacto ambiental, desmatamento, entre outras.
Caracteristicas
A única característica que une esses vírus em um único grupo é seu complexo ciclo de vida e a capacidade de serem transmitidos por algum artrópode. Coletivamente, eles não são um grupo natural que reflete relacionamentos evolutivos e ancestrais comuns.
Esses vírus são transmitidos na natureza em ciclos zoonóticos, que não estão diretamente relacionados aos humanos. A infecção humana só ocorre por acaso. Em poucos casos, o ser humano coincide com o principal reservatório do vírus, como no caso da dengue e da febre amarela.
Esses vírus são freqüentemente encontrados em regiões de climas tropicais e subtropicais, uma vez que os vetores costumam ser abundantes nesses ecossistemas. Eles são classificados como vírus zoonóticos, pois são transmissíveis de animais para humanos.
Historicamente, a definição de arbovírus foi baseada na transmissão do vírus de um vetor artrópode sugador de sangue, como um mosquito. No entanto, descobertas recentes (graças ao uso da biologia molecular) permitiram que a definição de arbovírus fosse estendida a outros taxa de artrópodes.
Existem certas espécies de artrópodes onde uma série de arbovírus foi identificada, onde nenhum tipo de doença foi reconhecido em humanos ou outros animais.
Classificação
O termo "arbovírus" inclui uma ampla gama de vírus, entre cerca de 500, que são muito heterogêneos. Este termo não é um indicador taxonômico válido. A entidade responsável por estabelecer as classificações é o comitê internacional para a taxonomia de vírus, abreviado ICTV por sua sigla em inglês.
Sua taxonomia é baseada nos mesmos princípios usados para diferentes grupos de vírus. O esquema taxonômico geralmente não é utilizado com base em um princípio evolutivo, ao contrário das doenças e patologias que causam em seus hospedeiros são utilizadas como característica de agrupamento.
Outras características também costumam ser levadas em consideração, como as relações entre os antígenos e a morfologia visualizada ao microscópio eletrônico.
Famílias de Arbovírus
Geralmente são classificados em três famílias principais: Bunyaviridae, Flaviviridae e Togaviridae.
A primeira família, Bunyaviridae, inclui encefalite La Crosse, Hantavírus e febre Orepuche. A família Flaviviridae inclui os vírus causadores da dengue, febre amarela e zika vírus, cuja frequência de aparecimento tem sido notável nos últimos anos. A terceira família, Togaviridae, é composta pelos vírus Chikungunya e Mayaro.
As famílias restantes são Reoviridae, Rhabdoviridae, Orthorryxoviridae, Arenaviridae e Poxviridae. Alguns membros do grupo não foram classificados em nenhuma família.
No entanto, os arbovírus também são classificados em termos de doenças que causam em seu hospedeiro, como encefalite, febre e mialgia, artrite e erupção cutânea e febre hemorrágica.
Transmissão
Os arbovírus são transmitidos por uma grande diversidade de artrópodes, chamados de mosquitos, carrapatos, pulgas, entre outros. Parece que cada vírus está associado a uma espécie específica de invertebrado.
Os mosquitos parecem ser os vetores favoritos dos arbovírus. Aproximadamente 300 espécies de mosquitos são capazes de transmitir esse enorme grupo viral.
Nas regiões da América Latina, as transmissões de arbovírus são predominantes por meio de um mosquito do gênero Aedes, o principal responsável pela propagação da dengue e da chikungunya. Descobriu-se que o Aedes é o vetor de cerca de 115 tipos de arbovírus.
Da mesma forma, o gênero Culex é um vetor importante associado a mais de 100 tipos de arbovírus.
Esses vírus podem permanecer vivos por vários meses (ou até anos) em ovos de mosquitos, até que chegue a estação das chuvas e estimule a eclosão de um artrópode infectado.
Essa extensa diversidade de espécies de artrópodes que eles infectam, o que por sua vez implica em uma ampla distribuição mundial, explica por que os arbovírus têm tido tanto sucesso.
Sintomas de contágio
Os arbovírus incluem um amplo espectro de sintomas, variando de infecções inofensivas sem sintomas perceptíveis a patologias graves que podem causar a morte do hospedeiro.
Em geral, eles podem ser classificados em três grandes grupos com base nos sintomas clínicos que produzem em humanos: aqueles que causam febre, febre hemorrágica e doenças neurológicas invasivas.
É surpreendente que, embora os agentes virais sejam muito diversos entre si, as doenças compartilham essas três características comuns.
A maioria das infecções por arbovírus é caracterizada por um processo febril inespecífico na fase aguda da doença, seguido por uma recuperação total do paciente.
Por outro lado, em pacientes que desenvolvem quadros graves, a doença causada pelo vírus pode ser dividida em duas fases, com um processo febril agudo seguido do aparecimento de artrite, febres hemorrágicas ou doenças relacionadas ao sistema nervoso.
Nestes casos, as patologias costumam deixar sequelas relacionadas a danos neurológicos permanentes e artrite.
Vale ressaltar que os sintomas listados acima podem variar amplamente se o mesmo vírus ocorrer em diferentes indivíduos humanos.
Por outro lado, o artrópode não é afetado. O vetor, embora possua o vírus, não mostra sinais detectáveis de doença.
Referências
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