A cistostomia é um procedimento médico que permite retirar a urina da bexiga para o exterior com cateterização por via suprapúbica ou por incisão cirúrgica da bexiga por via suprapúbica.
A cistostomia é indicada em patologias obstrutivas da uretra que impedem o esvaziamento da bexiga. É indicada quando a obstrução é completa e não é possível esvaziar a bexiga com o cateterismo uretral.
Diagrama mostrando o cateterismo da bexiga urinária (Fonte: Cancer Research UK V + ia Wikimedia Commons)
Há registros da aplicação da cistostomia do Egito Antigo e da Grécia Antiga, sendo uma das primeiras referências detalhadas atribuída a Celsus, que descreve a técnica para realização de litotomia vesical (extração de "pedras ou pedras").
O primeiro a realizar a abordagem suprapúbica para o esvaziamento vesical foi Pierre Franco em 1556. Em seguida, o cirurgião Jean Baseilhac (1703-1781) desenvolveu um guia em forma de seta que permitia a realização do procedimento.
É um procedimento urológico comum e amplamente utilizado com baixa morbidade. Várias condições médicas exigem o uso de uma cistostomia e existem várias técnicas disponíveis para a aplicação deste procedimento.
A cistostomia evita lesões uretrais e penianas. Apresenta menor risco de infecção do que outras técnicas e reduz a interferência na atividade sexual do paciente. É uma técnica de grande aceitação pelos pacientes nos quais é aplicada.
Técnica
Os materiais necessários para o procedimento são os seguintes:
-Uma solução anti-séptica como Povidone, Iodopovidone, Betadine, entre outros.
-Gaze
-Luvas
-Campos
-Lidocaína 2%
Seringa de 10 ml
-Cistofix (R)
- Coletor de urina
-Thread (linho)
- Agulha traumática
-Roupas.
Processo
-Primeiro, deve-se confirmar a presença de retenção urinária completa que requer o esvaziamento da bexiga, pois a urina não pode ser drenada pelo cateterismo uretral.
-A bexiga distendida é confirmada por palpação.
-O paciente é colocado em posição supina (decúbito dorsal).
-As luvas estão colocadas.
-A área suprapúbica está preparada. A área suprapúbica é raspada e desinfetada com a solução anti-séptica.
-Os campos são colocados (estéreis).
- Prosseguimos com a colocação da anestesia local (lidocaína 2%). Deve ser aspirado e aplicado aprofundando-se progressivamente e em leque.
-A equipe (Cistofix) está montada.
-A punção é feita logo acima do púbis até chegar à bexiga, momento em que começa a sair a urina, a sonda é inserida cerca de cinco centímetros a mais e o guia metálico ou mandril é retirado.
-O coletor de urina é conectado e o cateter é fixado na pele do abdômen com um ponto de linho.
-Os campos são retirados e a área coberta com um curativo.
Tipos de cistostomia
A cistostomia suprapúbica pode ser realizada por punção ou por meio de uma pequena incisão cirúrgica. No primeiro caso, o cateter é inserido por meio de uma guia e, em seguida, é fixado na pele. No segundo caso, a parede da bexiga é suturada à pele.
A cistostomia pode ser temporária ou temporária, enquanto a obstrução é resolvida e a drenagem da bexiga é restaurada pela uretra; ou pode ser permanente quando necessário.
Existem várias técnicas de cateterização da bexiga que procuram minimizar as complicações e desenvolver métodos cada vez mais seguros. A cistostomia aberta é um dos primeiros métodos desenvolvidos e ainda considerada por muitos urologistas como o método mais seguro.
A cistostomia aberta requer uma intervenção cirúrgica que visa abrir um estoma (abertura) na bexiga e abdome, um estoma que permitirá a colocação da cânula de drenagem. Essa técnica evita lesões viscerais durante o procedimento.
Atualmente, a abordagem cutânea guiada por procedimento de imagem (fluoroscopia, ultrassonografia) é cada vez mais utilizada. Esses procedimentos são seguros e reduzem os riscos de complicações.
As técnicas de punção percutânea direta são frequentemente utilizadas em emergências com grandes distensões vesicais, a fim de esvaziar imediatamente a bexiga e proporcionar alívio ao paciente.
Cuidado
-Você deve lavar as mãos com água e sabão sempre que precisar manusear a sonda.
-Você deve se certificar de que o tubo de drenagem do cateter não dobre ou “dobre” e que a -urina flua permanentemente para a bolsa coletora.
-A bolsa coletora de urina deve ser mantida abaixo do nível da bexiga.
- A bolsa coletora de urina deve ser mantida de forma que o cateter não seja puxado ou arrastado.
-O paciente pode tomar banho com o cateter e a bolsa coletora de urina, a menos que a receita médica não permita.
-O saco de coleta deve ser esvaziado diariamente no mínimo a cada oito horas ou quando estiver cheio.
Para esvaziar o saco
-Lave suas mãos com sabão e água. Se a bolsa coletora de um paciente estiver sendo esvaziada e não a sua, luvas descartáveis devem ser usadas.
–Retire o bico do dreno no fundo do saco de coleta e abra a válvula do bico.
–Esvazie a urina do saco para um recipiente ou para o banheiro. O tubo de drenagem ou bico não deve tocar no recipiente onde a urina é esvaziada.
–Limpe o resíduo líquido no final da abertura do dreno com uma compressa de gaze. Feche a válvula e feche o dreno novamente.
–Lave as mãos novamente com água e sabão.
Indicações
-Retenção aguda de urina por diferentes causas; nos casos em que o cateter não pode ser inserido pela uretra.
-Alguns pacientes com bexiga neurogênica.
-Incontinência persistente.
-Refluxo vesicoureteral.
- Lesão uretral. Pode ser temporário, enquanto a uretra está se reconstruindo, ou permanente, com lesões uretrais irreparáveis.
-Como desvio urinário em pacientes com lesões neurológicas centrais graves e incapacitantes.
-Pacientes com cateterismo uretral muito prolongado
-Pacientes com lesões traumáticas da bexiga e trauma uretral que merecem desvio urinário temporária ou permanentemente.
- Lesões traumáticas da bexiga
-Em pacientes com processos infecciosos graves em que seja necessária a administração de altas doses de antibióticos, a cistostomia é utilizada como conduta complementar, a fim de evitar a bacteremia produzida pela manipulação uretral.
Referências
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- Martínez, JM, & Tascón, NA (2009). Abordagem cirúrgica da lesão uretral traumática em crianças. Experiência no Hospital Universitário São Vicente de Paulo. Medellin 1987-2007. Actas urologicas espanolas, 33 (4), 416-421.
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