- Causas
- Crise climatica
- Peste
- As guerras
- Perturbação das mansões
- Caracteristicas
- Fortalecimento da monarquia
- Conflitos sociais
- Crise da Igreja Católica
- Heresias
- Economia
- Transformações econômicas
- Falta de trabalhadores
- Aumento de impostos
- Mudança do sistema feudal de renda
- Política
- Aparecimento de vários estados europeus
- Consequências
- Reativação comercial
- A burguesia
- Crise demográfica e movimentos migratórios
- Consequências sociais
- Novas ideias religiosas
- Recuperação
- Fim das causas da crise
- Avanços na economia
- Referências
A crise do século XIV é o nome dado pelos historiadores ao conjunto de circunstâncias negativas que caracterizaram aquela época. Os efeitos desta crise afetaram todas as áreas, desde a demográfica até a econômica, marcando o início do fim da Idade Média.
As razões pelas quais a Europa sofreu esta crise são múltiplas e inter-relacionadas. Para começar, muitos autores culpam uma mudança no clima do continente pelas más colheitas, o que levou a episódios de fome e rebeliões por parte dos camponeses, que tiveram que pagar altos tributos aos senhores feudais.
Batalha de Nájera - Fonte;: Manuscrito das Crônicas de Jean Froissart, século XV, (Biblioteca Nacional da França) ou
www.english.upenn.edu/~jhsy/battle-najera.html
Outra causa da crise foi a epidemia de Peste Negra que atingiu grande parte do continente. Estima-se que cerca de um terço da população europeia morreu desta doença e de outras epidemias.
Somente na segunda metade do século 15 a Europa começou a se recuperar. Até então, entretanto, a sociedade havia mudado. A burguesia começou a se tornar uma classe economicamente forte, a nobreza feudal perdeu parte de seu poder nas mãos dos monarcas e o sistema econômico foi mudando para o capitalismo.
Causas
Os séculos anteriores foram caracterizados pela melhoria da economia em toda a Europa. Isso causou um aumento significativo na população.
No entanto, o século XIV desenvolveu-se de uma maneira totalmente diferente. Para que isso acontecesse não houve uma causa única, mas sim uma série de eventos que acabaram causando uma crise devastadora.
Crise climatica
Muitos historiadores apontam que no século 14 houve uma grande mudança na climatologia do continente.
Enquanto nos séculos anteriores a Europa vivia sob o chamado ótimo medieval, o que permitia um crescimento considerável das safras, no século XIV o continente começou a sofrer um clima de efeito contrário.
Essa mudança meteorológica empobreceu notadamente a atividade agrícola e pecuária, os dois pilares da economia da época. Além disso, o mesmo crescimento populacional acima exacerbou os problemas de menor produção de alimentos.
Peste
A partir da segunda metade do século 14, a Europa foi devastada por uma epidemia de Peste Negra. A gravidade deste surto fez com que cerca de um terço da população do continente morresse da doença.
Além da perda de vidas humanas, a epidemia fez diminuir o número de trabalhadores. Isso, por um lado, agravou a queda da produção e, por outro, reduziu o consumo, o que afetou todas as atividades comerciais.
As guerras
Outra razão pela qual a crise estourou neste século foram as guerras contínuas que devastaram o continente. A mais importante foi a Guerra dos Cem Anos, que colocou a França e a Inglaterra uma contra a outra e durou até o século XV.
Além disso, este conflito foi acompanhado por numerosos confrontos dentro de muitos países. Finalmente, os otomanos também apareceram na Europa, aumentando um poder que seria confirmado em 1453, quando tomaram Constantinopla.
Perturbação das mansões
Tudo isso significava que o sistema político e econômico que caracterizou a Idade Média começou a desmoronar. O feudalismo entrou em grande crise, com os senhores feudais perdendo rapidamente o poder para os reis de cada estado.
Os problemas econômicos sofridos por muitos senhores feudais fizeram com que os impostos para seus camponeses aumentassem. Estes, em resposta, começaram a levar a cabo violentas rebeliões, ante as quais os nobres tiveram que recorrer aos monarcas para poder sufocá-los, perdendo a independência política no processo.
Caracteristicas
Em termos gerais, a crise do século 14 foi caracterizada pelo declínio demográfico, colheitas reduzidas e mudanças políticas e sociais.
Fortalecimento da monarquia
A partir do início do século XIV, a organização política europeia começou a se transformar. O antigo sistema feudal, com nobres que controlavam os feudos, começou a ser substituído por outro sistema em que o rei concentrava a maior parte do poder.
Conflitos sociais
Como observado acima, os camponeses foram os que mais sofreram com todos os eventos negativos que marcaram o século. Desde a diminuição do rendimento das colheitas ao flagelo da peste, passando pelo aumento dos pagamentos exigidos pelos senhores feudais e pela Igreja, tudo provocou uma degradação da sua qualidade de vida.
As fomes e o aumento da pobreza acabaram fazendo que os camponeses levassem a cabo várias rebeliões violentas em muitos países europeus.
Crise da Igreja Católica
A instituição mais poderosa durante a Idade Média, mais até do que as diferentes monarquias, foi a Igreja Católica. No entanto, não pôde evitar ser profundamente afetado pela crise que eclodiu naquele século.
Entre os eventos que causaram a perda de influência da Igreja está seu confronto com a França, cujo monarca tentou assumir o controle da instituição.
O rei da França, Felipe IV, se propôs a reduzir a receita que a Igreja recebia. O papa, de Roma, reagiu excomungando-o. A situação estava piorando a ponto de os franceses prenderem o Sumo Pontífice. Embora ele tenha conseguido sair da prisão, ele faleceu logo depois.
Diante do vácuo de poder criado pela morte do Papa, Filipe IV nomeou um novo pontífice francês, Clemente V. Além disso, ele criou uma nova sé papal em Avignon.
A Igreja, por sua vez, tentou manter sua tradicional sede em Roma. Isso acabou fazendo com que, entre 1377 e 1417, houvesse dois papas diferentes.
Já em 1418, através do Concílio de Constança, o cisma foi encerrado com a eleição de um novo e único Papa.
Heresias
O cisma vivido no Ocidente, somado às consequências das más colheitas e da epidemia de peste, fez com que os cristãos vivessem um período de grande pessimismo. A morte tornou-se uma verdadeira obsessão, com atitudes e crenças não muito diferentes daquelas que surgiram durante o milenarismo.
Isso foi acompanhado pelo surgimento de numerosas heresias, muitas em desacordo com a Igreja Católica.
Economia
A economia durante o século XIV foi afetada tanto por fatores externos, como o clima, quanto por fatores internos, como o colapso do sistema feudal.
Da mesma forma, o declínio da população causado pela epidemia teve efeitos negativos, embora, paradoxalmente, o aumento demográfico dos séculos anteriores também pesasse, fazendo com que os recursos se esgotassem rapidamente.
Muitos especialistas acreditam que a crise econômica do século XIV acabou transformando o sistema do feudalismo para o capitalismo.
Transformações econômicas
Como observado, a população europeia aumentou consideravelmente durante os séculos 12 e 13. A certa altura, o crescimento populacional era maior do que o aumento na produção de alimentos provocado pelo bom tempo e melhores técnicas agrícolas, levando a grandes desequilíbrios.
A epidemia de peste e o conseqüente declínio populacional não resolveram esses desequilíbrios. O efeito foi realmente o oposto. Por um lado, houve escassez de mão-de-obra e, por outro, diminuiu a procura de todos os tipos de produtos, afetando negativamente o comércio.
Falta de trabalhadores
A falta de trabalhadores foi notada tanto no campo quanto nas cidades. Nas áreas rurais, muitas terras usadas para cultivo foram abandonadas. Além disso, como há menos demanda devido ao declínio da população, muitas safras não são mais lucrativas.
Por outro lado, na cidade, a indústria têxtil também sofria com a falta de trabalhadores. Isso fez com que os salários aumentassem, o que, por sua vez, levou alguns empregadores a mudarem as fábricas para as áreas rurais em busca de trabalhadores que concordassem em pagar menos.
Dessa forma, pela primeira vez, os sindicatos municipais tiveram que competir com empresários que haviam se mudado para o campo e não pertenciam a organizações sindicais.
Aumento de impostos
Os problemas criados pela diminuição da produção e da demanda afetaram a economia dos senhores feudais. A solução que tentaram estabelecer foi aumentar os tributos aos camponeses, que, normalmente, não podiam pagar esses pagamentos.
Por um lado, isso desencadeou inúmeras rebeliões contra os nobres. Por outro lado, muitos camponeses optaram por fugir e se refugiar nas cidades, onde tentaram sobreviver da melhor maneira possível.
Mudança do sistema feudal de renda
Os senhores feudais não tiveram escolha a não ser mudar o sistema de trabalho que existia até então. Sua perda de influência, política e econômica, os enfraqueceu consideravelmente e eles tiveram que buscar novas receitas.
Entre os novos sistemas organizacionais que surgiram na época estão o aluguel de terras aos camponeses em troca de uma quantia em dinheiro e a parceria, em que os nobres colocam a terra e o camponês o trabalho, repartindo o que obtém.
Política
Como no restante dos campos, a crise do século XIV também afetou a política. O mais importante é que a monarquia foi imposta aos nobres e à Igreja, monopolizando quase todo o poder.
Aparecimento de vários estados europeus
Na maior parte da Europa, a monarquia tentou privar os senhores feudais do poder, centralizando territórios e autoridade na figura do rei.
Na Inglaterra, por exemplo, essa centralização já havia começado no século 13, embora lá a nobreza fosse forte o suficiente para forçar o monarca a assinar uma Carta Magna, em 1215. Da mesma forma, o rei teve que concordar com a criação do Parlamento, onde aristocratas e burguesia estavam representados.
A França, por sua vez, também começou a se unificar, embora só no início do século XIII os reis conseguissem conquistar o poder contra a nobreza. Já no século XIV, Felipe IV instituiu uma espécie de conselho com a participação de nobres, eclesiásticos e burgueses.
Em geral, tudo isso fez com que o sistema feudal começasse a ruir. Embora a nobreza tenha retido parte de sua influência, seu papel como senhores feudais gradualmente desapareceu.
Consequências
Tudo o que aconteceu no século XIV, apesar das consequências negativas que teve para a população, conduziu à chegada da Idade Moderna.
Reativação comercial
O comércio foi a atividade que impulsionou a melhoria econômica dos estados europeus. Portos italianos e cidades como Flandres se tornaram os principais pontos de novas rotas comerciais.
A burguesia
Antes da crise, a economia europeia estava centrada no mundo rural. Tanto a agricultura quanto a propriedade da terra eram as bases de toda atividade econômica.
No entanto, a crise do século XIV mudou toda essa situação. A partir desse momento, o campo deixou de ser o ponto central para ser substituído pelas cidades. Lá, uma nova classe social se posicionou como uma nova potência econômica: a burguesia.
O impulso dessa burguesia não se limitou mais aos campos antes ocupados pelas corporações, mas também passou a controlar o comércio. Em pouco tempo, eles se tornaram uma potência econômica, a tal ponto que os reis tiveram que recorrer a eles para empréstimos em muitas ocasiões.
Crise demográfica e movimentos migratórios
Outra das grandes consequências da crise do século XIV foi o aumento da importância das cidades em relação ao campo. Muitos camponeses, por razões de impostos ou falta de produtividade da terra, decidiram emigrar para as cidades. Muitas aldeias foram totalmente abandonadas.
Consequências sociais
Todos os setores da sociedade foram afetados pela crise deste século. A nobreza, por exemplo, foi possivelmente a classe que mais perdeu influência e poder. Da mesma forma, também sofreu um empobrecimento considerável.
Diante disso, a burguesia consolidou-se como classe social emergente. Apesar de, como o resto da população, ter sofrido os efeitos da peste, ao final da crise seu poder aumentou notavelmente.
Novas ideias religiosas
Os historiadores apontam que a crise vivida pela Igreja Católica teve um peso importante nas mudanças ocorridas a partir do século XV.
Assim, a velha ordem promovida pela Igreja foi se transformando, surgindo novas idéias que se encaixavam melhor com a força que a burguesia havia adquirido.
Aos poucos, o antigo teocentrismo foi desaparecendo, até que, no século XV, uma nova filosofia baseada no humanismo foi imposta.
Recuperação
A Europa teve que esperar até o século 15 para começar a se recuperar da crise. Além disso, saiu muito transformada, tanto no plano político quanto no social. Em última análise, isso significou que a velha sociedade feudal evoluiu para uma capitalista.
Fim das causas da crise
O novo século trouxe consigo o desaparecimento das causas que provocaram a crise e, portanto, a recuperação dos seus efeitos.
Assim, a demografia experimentou, mais uma vez, um crescimento notável. O fim de muitos conflitos armados e o desaparecimento de epidemias permitiram à Europa recuperar parte da população perdida.
Esse aumento populacional permitiu que a demanda por produtos aumentasse, assim como o número de trabalhadores disponíveis.
Avanços na economia
Junto com o anteriormente detalhado, o surgimento de novos avanços técnicos para o trabalho em campo ocasionou o aumento da produção.
Da mesma forma, a manufatura e o comércio também cresceram durante o século XV, o que teve um efeito muito positivo na situação econômica da população.
Referências
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