- Sintomas
- Causas da disgrafia
- Nível neurológico
- A disgrafia desaparece em adultos?
- Tipos de disgrafia
- Disgrafia motora
- Disortografia (disgrafia do desenvolvimento)
- Outros distúrbios da expressão escrita
- Tratamentos para disgrafia
- Relação entre expressão escrita e disgrafia
- Pré-requisitos de leitura cognitiva
- Patologias associadas
- Referências
A disgrafia é uma dificuldade de aprendizado que consiste em deficiências que farão com que as habilidades de escrita de uma criança fiquem substancialmente abaixo do esperado. Dificuldades de compreensão do texto escrito, erros gramaticais, erros de pontuação na preparação de frases, má organização de parágrafos, erros de ortografia e caligrafia inadequada são comuns.
Os distúrbios da expressão escrita fazem parte dos distúrbios específicos de aprendizagem e referem-se à presença de habilidades de escrita abaixo do esperado para a idade, nível intelectual e ano letivo da criança (Matute, Roselli & Ardila, 2010).
A expressão escrita envolve um conjunto de habilidades motoras e processamento de informações que podem ser alteradas e, portanto, manifestar-se com dificuldades de ortografia, caligrafia, espaçamento, composição ou organização do texto (Learning Disabilities Association of Ameria, 2016).
Todas as alterações na expressão escrita afetarão significativamente o desempenho escolar e em todas as atividades que requerem a escrita como ferramenta fundamental (Matute, Roselli & Ardila, 2010).
Sintomas
A Learning Disability Association of America define disgrafia como a presença em crianças de dificuldades de escrita quando fazem trabalhos escolares ou atividades que exigem o uso da escrita. Afeta tanto a habilidade de escrita quanto as habilidades motoras finais (Learning Disabilities Association of Ameria, 2016).
Uma criança com disgrafia pode ter problemas específicos, como: caligrafia difícil de ler, inconsistências na distribuição do espaço, planejamento inadequado do espaço, grafia inadequada e / ou dificuldade para compor um texto (Learning Disabilities Association of Ameria, 2016).
Desta forma, estes são alguns dos sinais e sintomas que podemos identificar por escrito (Learning Disabilities Association of Ameria, 2016):
- Escrita ilegível ou itálica.
- Mistura de diferentes traços, letras minúsculas-maiúsculas, tamanhos ou formas irregulares e / ou inclinação das letras.
- Palavras ou letras incompletas ou omitidas.
- Espaço desigual entre palavras e / ou letras.
- Posição anormal do pulso, corpo ou papel.
- Dificuldade em copiar cartas, pré-visualização.
- Escrita lenta e difícil.
- Distribuição de espaço no papel.
- Pega de lápis incomum.
- Dificuldade em fazer anotações ao ditar ou redação criativa
Causas da disgrafia
Em geral, como em outros distúrbios de aprendizagem, podemos considerar que existem fatores etiológicos genéticos, neurobiológicos, perinatais e ambientais.
Nível neurológico
No nível neurológico, diferentes investigações têm mostrado que não existe uma única região responsável pela escrita, mas que o desenvolvimento dessa atividade se dá por meio de uma ampla rede de regiões corticais.
Desta forma, dependendo das diferentes etapas que compõem o ato de escrever, podemos destacar a participação de diferentes áreas verbais do cérebro (Matute, Roselli & Ardila, 2010):
- Percepção e compressão da mensagem: córtex auditivo primário bilateral, córtex temporal associativo esquerdo e áreas occipitais.
- Transcodificação da mensagem: giro angular e giro supramarginal.
- Ato motor: áreas sensoriais, córtex motor associativo, hipocampo, zonas pré-frontais.
Vários autores sugerem que a origem dos distúrbios da expressão escrita pode ser encontrada em uma disfunção do hemisfério cerebral direito. No entanto, outros assumem que está subjacente a alterações de linguagem mediadas pelo hemisfério verbal esquerdo (Matute, Roselli & Ardila, 2010).
A disgrafia desaparece em adultos?
A American Psychiatric Association (2003) indicou que atualmente existem poucas informações sobre a evolução a longo prazo desses transtornos.
Geralmente, tende a persistir ao longo do ensino fundamental e médio e, esporadicamente, também pode ser observada em crianças maiores ou adultos (Matute, Roselli & Ardila, 2010).
Desde cedo podem ser observadas alterações na expressão escrita, geralmente na caligrafia, enquanto nas crianças maiores as deficiências estarão relacionadas principalmente às habilidades de composição de textos e expressão de ideias (Matute, Roselli & Ardila, 2010)..
Tipos de disgrafia
Poderemos classificar os distúrbios da expressão escrita de acordo com o tipo de subsistema de escrita afetado ou com dificuldades: dígrafos motores, disortografia, outros distúrbios da expressão escrita.
Disgrafia motora
Dificuldades nos mecanismos motores envolvidos na linha gráfica: pressão do lápis, posição, postura do corpo, linhas, coordenação, organização espacial, movimentos rítmicos.
Disortografia (disgrafia do desenvolvimento)
Dificuldades em adquirir ortografia - substituição, omissão, troca de letras, substituição de fonemas, etc.-
Outros distúrbios da expressão escrita
Espaçamento entre palavras, pontuação, gramática, coerência dos textos.
Apesar dessa classificação, é muito comum encontrar distúrbios da expressão escrita agrupados sob o título genérico de disgrafia.
Tratamentos para disgrafia
Com uma intervenção precoce e adequada, é possível para a maioria das crianças com disgrafia obter uma execução eficiente e funcional de sua escrita.
Na intervenção com este tipo de alterações podemos utilizar diferentes estratégias:
- Alojamento: fornecer alternativas para a expressão escrita -avaliações orais-
- Modificação: fazer mudanças nas expectativas e tarefas para evitar a perda de confiança e auto-estima.
- “Tratamento”: é a intervenção fundamental, fornecendo estratégias para melhorar a escrita e a correção de erros.
Embora existam diferentes abordagens para a intervenção desse transtorno, geralmente é intervida por meio de programas educacionais. Estas tendem a atender às alterações específicas na escrita que o aluno apresenta, juntamente com as áreas cognitivas que podem apresentar um desempenho inferior ao esperado (Matute, Roselli & Ardila, 2010).
É frequente que no caso das crianças mais novas haja uma intervenção fundamental nos aspectos motores e caligráficos, enquanto nas crianças mais velhas são normalmente trabalhados os aspectos textuais que facilitam o seu desempenho escolar (Matute, Roselli & Ardila, 2010).
Relação entre expressão escrita e disgrafia
Embora a maioria das crianças geralmente não apresente dificuldades significativas na escrita, cada vez mais problemas na expressão escrita estão sendo detectados, muitos dos quais podem ser devidos tanto ao sistema educacional, ambiente familiar, status socioeconômico e até mesmo a fatores neurobiológicos e genético (Ventura et al., 2011).
A escrita é uma ferramenta fundamental na vida diária; nos permite expressar idéias e conhecimento. Além disso, não é um processo fácil de adquirir, até atingir um nível ótimo de automação, requer prática contínua e o fornecimento de vários recursos cognitivos (Ventura et al., 2011).
Para conseguir uma caligrafia legível, uma grafia sem erros ou para construir um texto com estrutura coerente, é fundamental que dominemos diversos subsistemas de escrita (Matute, Roselli & Ardila, 2010):
- O traço gráfico.
- A composição gráfica da palavra e os aspectos ortográficos.
- A separação entre palavras.
- O acento ortográfico.
- A pontuação.
- A gramática.
- A coerência entre os textos.
Pré-requisitos de leitura cognitiva
Por outro lado, haverá também uma série de pré-requisitos cognitivos na abordagem da aprendizagem da escrita (Matute, Roselli & Ardila, 2010):
- Linguagem e metalinguagem: um nível linguístico mínimo será necessário para construir composições - habilidades fonológicas, aspectos semânticos, processamento unitário.
- Memória e atenção: o controle eficiente dos recursos de atenção facilitará a tarefa de selecionar elementos importantes e, por outro lado, a memória de trabalho nos permitirá manter o tema do texto. Além disso, a memória de longo prazo nos permitirá recuperar todo o conhecimento semântico referente à construção da linguagem.
- Leitura: a escrita e a leitura compartilham processos, porém uma criança boa leitora não necessariamente também será um bom escritor.
- Funções executivas: serão essenciais para o planejamento e organização do texto, para a seleção da estratégia de construção adequada e também, para o manuseio simultâneo de todos os subsistemas linguísticos.
- Variáveis afetivas: diferentes relatos clínicos têm variáveis relacionadas como ansiedade, preocupação e motivação com a escrita.
Patologias associadas
Não é estranho observar as alterações na expressão escrita associadas a outros distúrbios específicos de aprendizagem (Matute, Roselli & Ardila, 2010):
- Transtorno de aprendizagem de leitura.
- Desordem de pedra ou discalculia.
- Déficit de linguagem.
- Déficit perceptivo.
- Déficit nas habilidades motoras.
Além disso, também é possível observar alterações na expressão escrita em muitas crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou atraso no desempenho matemático.
Referências
- DSF. (sf). O que é disgrafia? Obtido da Fundação SPELD: dsf.net.au
- LDA. (2016). Disgrafia. Retirado da Learning Disabilities Association of America:
ldaamerica.org
- Centro Nacional para Deficiências de Aprendizagem. (2016). O que é disgrafia? Retirado do LD online- O guia do educador para dificuldades de aprendizagem e
TDAH: ldonline.org
- Roselli, Monica; Hooch, Esmeralda; Alfredo, Ardila; (2010). Neuropsicologia do Desenvolvimento Infantil. México: O Manual Moderno.
- Ventura, M., Martí, Y., Pechoabierto, N., & Gil, J. (2011). O que é e como enfrentar a desordem da expressão escrita: orientações práticas.