- ADLICIDAEC
- Causas de origem cardiovascular
- Infarto do miocárdio
- Angina instável (angor pectoris)
- Aneurisma dissecante da aorta
- Derrame pericárdico, pericardite e tamponamento cardíaco
- Causas não cardiovasculares
- Neurite intercostal
- Plicatura de prótese peitoral ou mamária
- Rompimento do músculo peitoral
- Infecções da parede torácica
- Derrame pleural
- Pneumotórax esquerdo espontâneo
- Mediastinite
- Referências
A dor no peito é um sintoma que pode estar presente em muitas doenças e pode ou não ser de origem cardíaca, daí a importância de saber se diferenciar. É uma dor que ocorre na chamada região precordial, área emoldurada dentro dos limites anatômicos que podem ser vistos na imagem inferior.
É importante observar que na medicina existem dois conceitos básicos bem diferenciados: sinais e sintomas. O sinal é um achado verificável. Por exemplo: os valores de pressão arterial, temperatura, frequência cardíaca ou pulso, uma massa no abdômen, uma lesão de pele, etc. É um elemento objetivo que também pode ser encontrado e descrito por outra pessoa.
O sintoma é um elemento subjetivo, pois depende exclusivamente da descrição do paciente. É a pessoa que relata o que está sentindo: calor, frio, dor, ausência de sensações, dormência, etc.
No caso particular da dor no peito, é o sintoma de um grande número de doenças que podem ter vários graus de gravidade. Alguns são leves, como neurite intercostal (muito dolorosa), ou muito graves, como um infarto do miocárdio (talvez não tão doloroso) ou um aneurisma dissecante da aorta (extremamente doloroso e grave).
Faremos uma revisão de algumas das diferentes causas da dor no peito, detalhando os sintomas e sinais que podem acompanhá-los para aprender a diferenciá-los um do outro; da mesma forma, algumas indicações na presença de alguns deles.
Quanto às suas causas, iremos dividi-las em causas de origem cardiovascular e de origem não cardiovascular. Entre as causas de origem cardiovascular encontramos:
- Infarto do miocárdio
- Angina instável (angor pectoris)
- Aneurisma dissecante da aorta
- Pericardite, derrame pericárdico e tamponamento cardíaco.
Entre as causas de origem não cardiovascular, encontramos:
- Neurite intercostal
- Plicatura de prótese peitoral ou mamária
- Rompimento do músculo peitoral
- Infecções da parede torácica
- Derrame pleural.
- Pneumotórax esquerdo espontâneo
- Mediastinite.
ADLICIDAEC
Antes de descrever as diferentes causas da dor no peito, é essencial conhecer uma ferramenta usada pelos médicos para avaliar a dor. Isso permite estabelecer rapidamente a origem ou causa da dor e assim orientar o diagnóstico e plano de tratamento.
É um acróstico que forma a "palavra" ADLICIDAEC.
R: Aparência. De que forma a dor apareceu.
D: Gatilhos. Se houve algum evento anterior (esforço, alimentação, etc.).
L: Localização. Onde está localizado e delimite a área dolorida da melhor maneira possível.
I: Intensidade. Leve, moderado ou grave, de acordo com os critérios do paciente.
C: Personagem. Cólica, queimação (queimação), opressiva (como um peso), enfadonha, etc.
I: Irradiação. Se estende a uma região vizinha à área onde originalmente começou.
D: Duração e frequência. Se parece contínuo ou com um período de calma e com que frequência.
R: Mitigadores. Se houver posição, movimento, medicamento ou outro que ajude a acalmá-lo.
E: Exacerbantes. Se, ao contrário, há algo que aumenta sua intensidade e frequência.
C: Concomitantes. Se além da dor houver outros sintomas presentes, como náuseas, vômitos, queimação em qualquer área, febre, etc.
Toda dor deve ser descrita dessa forma da forma mais detalhada possível para guiar o plano diagnóstico, e a dor torácica não é exceção.
Para a descrição das diferentes causas (o que se chama de diagnósticos diferenciais) vamos aderir a esta metodologia, o que facilitará o entendimento de cada uma delas.
Causas de origem cardiovascular
Infarto do miocárdio
A causa mais temida de dor no peito na população em geral. Em sua origem, entre outras, está estabelecida a existência de obstruções em vários graus e localização ao nível das artérias coronárias.
Quando um segmento de um deles se fecha, a região dependente desse fluxo sanguíneo torna-se "infartada" (ocorre isquemia, devido à ausência de oxigênio no tecido) e o tecido correspondente morre, causando dor.
Seu início é súbito, quando a dor está presente (pois as formas mais letais geralmente são indolores), localizada na região precordial, de intensidade variável, mas persistente.
Pode ser de natureza opressiva, mas ocasionalmente queima ou rasga, e o padrão de radiação ocupa o lado esquerdo do pescoço esquerdo, mandíbula, ombro e braço e pode se estender até o abdômen superior e medial (epigástrio).
A duração é variável, podendo até ser de vários dias de evolução e a pessoa atribui isso à "acidez" do estômago, dependendo da extensão do tecido cardíaco comprometido.
Não tem fatores extenuantes ou exacerbantes e pode se manifestar com náuseas, vômitos, hipotensão, palidez e sudorese fria. O sintoma sempre presente de um sentimento de morte iminente que a pessoa tem.
Raramente está relacionado a eventos emocionais, como tradicionalmente se estende, mas está intimamente relacionado ao estresse e a um estilo de vida voltado para muita atividade e pouco descanso e sono.
O tratamento do infarto do miocárdio vai depender da extensão do mesmo, do momento do diagnóstico (quantas horas já se passaram), do comprometimento com a condição física e da idade do paciente. Mas sempre será em uma Unidade Coronariana.
A área infartada não se recupera, pois é a morte desse tecido que causa a dor. Conseqüentemente, a funcionalidade total do coração fica comprometida.
Angina instável (angor pectoris)
Por vários mecanismos, ocorre a oclusão ou fechamento espontâneo de uma ou mais artérias que irrigam o coração (artérias coronárias), produzindo dor súbita e geralmente associada a algum esforço prévio (exercício aeróbio, subir escadas ou similar).
Localiza-se, claro, na região precordial e seu caráter é opressor (sensação de grande peso no tórax), com intensidade que pode variar de moderada a severa. Irá reproduzir o mesmo padrão de irradiação da dor do infarto do miocárdio, com exceção do epigástrio.
Pode acalmar-se espontaneamente ou com a administração de drogas conhecidas como nitratos por via sublingual e desistir por completo, enquanto aumentará sua intensidade e duração de persistência do estímulo desencadeador, podendo atingir síncope (desmaio) produto da mesma intensidade do dor.
A dor anginosa tem a particularidade de não causar sensação de morte iminente, fato importante para o médico no estabelecimento do diagnóstico diferencial.
Seu tratamento definitivo envolve cateterismo ou bypass dos vasos coronários comprometidos. O tratamento com nitrato é apenas para evitar os sintomas.
Aneurisma dissecante da aorta
Um aneurisma ocorre quando a parede de uma artéria enfraquece, causando uma protuberância na parte envolvida. Pode ser congênita ou ter muitas outras causas (infecciosa, traumática, etc.).
Quando acontece na aorta, é bom lembrar que esta é a maior artéria do corpo e atravessa o tórax e parte do abdômen, ao longo da linha média do corpo, logo na frente da coluna e para um lado do esôfago.
A instalação do aneurisma é um processo progressivo, mas a dor ao ocorrer a dissecção desse vaso simula uma grande ruptura na parte posterior do esterno que pode inicialmente ser confundida com um grande infarto do miocárdio.
Característica desta dor é o seu aparecimento repentino, com ou sem desencadeamento aparente, localizado logo atrás do esterno, de intensidade muito forte e de natureza opressora e ardente.
Irradia-se para o dorso e ocupa a área compreendida entre as duas escápulas (omoplatas), sendo persistente, sem fatores extenuantes e pode ser exacerbada ao caminhar. Raramente se irradia para o pescoço, ombro ou braço esquerdo.
Sempre será acompanhada de hipotensão, palidez, suores frios, grandes manifestações de dor e uma sensação de morte iminente.
Seu diagnóstico é tomográfico e constitui uma verdadeira emergência cirúrgica cardiovascular que coloca a vida em sério risco.
Derrame pericárdico, pericardite e tamponamento cardíaco
A cavidade pericárdica também é uma cavidade virtual, como a cavidade pleural.
Ele se forma no meio da membrana que reveste o coração, chamada pericárdio, e está contido no mediastino. Tem uma certa quantidade mínima de fluido que lubrifica o espaço e permite que o coração se mova enquanto bate sem atrito entre as membranas.
A origem de qualquer um desses três processos é altamente variável: infecções do coração ou do próprio pericárdio, tuberculose, tumores, algumas doenças como dengue ou outras semelhantes, derrames espontâneos em pacientes imunocomprometidos, ferimentos por facas ou armas de fogo, fraturas de costelas, etc.
A dor não é o sintoma mais relevante, mas pode ocorrer. Quando o faz, é de forma muito insidiosa, sem gatilhos aparentes, que evidentemente ocupa a região pericárdica.
Sua intensidade é geralmente leve e de caráter maçante ou opressor, não irradiada ou irradiando para o pescoço e ombro esquerdo, sem fatores atenuantes e pode ser exacerbada pelo esforço.
Os sinais que acompanham são aqueles que darão a orientação diagnóstica: sons cardíacos hipofônicos (difícil de auscultar devido à sua baixa intensidade), hipotensão, pulso paradoxal, aparecimento de algumas ondas específicas nos vasos do pescoço que mostrarão plenitude e a dificuldade trato respiratório geralmente associado.
As diferenças entre um e outro serão dadas pela quantidade e qualidade do líquido: líquido pericárdico no caso de efusão, infeccioso (pus) na pericardite e geralmente sangue no tamponamento.
O diagnóstico é feito por ecocardiografia (transtorácica ou transesofágica) e tomografia, mas mesmo a radiografia simples de tórax pode mostrar sinais sugestivos destes.
O tratamento é a drenagem urgente do líquido, dependendo de sua natureza: a única pericardiocentese dirigida por eco ou não no caso de derrame pericárdico, a drenagem com antibioticoterapia na pericardite (dependendo de sua extensão) e cirurgia no caso tamponamento, uma vez que a causa do sangramento deve ser estabelecida e corrigida.
Causas não cardiovasculares
Neurite intercostal
Causada por "irritação" ou inflamação de qualquer um dos nervos intercostais, localizada logo na parte interna da borda inferior de cada costela. Geralmente de início súbito, sem desencadeadores aparentes, embora se saiba que na maioria das vezes existe um background emocional ou situação de estresse em sua origem.
Localiza-se na maioria das vezes na área próxima ao mamilo nos homens e na base da mama nas mulheres, e sua extensão pode ser delimitada por correr ao longo de um dos espaços entre duas costelas (geralmente a quarta costela, quinto ou sexto espaço intercostal).
Intensidade moderada a forte e caráter "ardente" ou ardente; a pessoa sente aquela sensação ou como uma lágrima. Raramente se irradia para a axila, pescoço, ombro ou braço do mesmo lado.
Sua duração é variável; dias a semanas. É atenuado em algumas ocasiões quando a pessoa se inclina sobre si mesma ou comprime a área dolorida e, claro, após a administração de analgésicos, para reaparecer quando o efeito desses cessa.
É exacerbado ou aumentado em intensidade pela respiração profunda ou tosse, ou pela pressão na borda inferior da costela do nervo envolvido. Muito raramente outro sintoma coexiste.
O tratamento visa obter analgesia e relaxamento muscular, pois a ansiedade que provoca também aumenta sua intensidade; além disso, é incorporada a administração de vitaminas do complexo B e repouso.
Plicatura de prótese peitoral ou mamária
Causada por pinçamento de qualquer um dos músculos da face anterior do tórax por uma prótese mamária ou peitoral deslocada.
A descrição da dor é muito semelhante à da neurite intercostal, com história significativa de colocação de prótese peitoral em homens ou de mama em mulheres e geralmente associada a algum trauma prévio.
O tratamento também visa analgesia e relaxamento, mas requer cirurgia para resolução definitiva no reposicionamento da prótese.
Rompimento do músculo peitoral
Relativamente frequente em praticantes de levantamento de peso ou musculação. É o antecedente mais importante, pois seu aparecimento abrupto costuma estar associado ao levantamento do excesso de peso pela primeira vez.
É uma dor extremamente intensa, que pode derrubar a pessoa ao chão ao levar as mãos ao local da laceração e quando ocorre no lado esquerdo do tórax pode simular um "ataque cardíaco" para quem não está familiarizado com o assunto, dada a sensação de profundidade da laceração. origem da dor.
Devido à sua localização (geralmente em um lado do tórax), todos os sintomas são muito semelhantes aos dois anteriores, assim como o tratamento, que neste caso incluirá a proibição do levantamento de peso por 3 a 6 meses.
Infecções da parede torácica
As infecções da parede torácica são extremamente raras e geralmente associadas a um procedimento cirúrgico prévio, que constitui o antecedente marcante mais importante.
Sua aparência é progressiva, insidiosa; frequentemente associada a trauma, e a pessoa pode delinear com precisão a área envolvida na maioria dos casos.
Sua intensidade é variável, geralmente leve a moderada, e opressiva ou produzindo uma sensação de "peso". Da mesma forma, a duração é variável.
É atenuada com analgésicos e repouso, ou com meios físicos (gelo local), e exacerbada com movimentos, principalmente aqueles que requerem trabalho específico da musculatura peitoral. Pode coexistir com febre e mal-estar geral de expressão variável, dependendo da extensão do processo infeccioso.
O tratamento envolve o uso de antibióticos, além de analgesia, relaxamento e repouso, podendo haver necessidade de internação do paciente dependendo da extensão da infecção e do quadro clínico da pessoa.
Derrame pleural
A cavidade pleural é uma cavidade virtual que se estabelece entre os pulmões e a cavidade torácica por meio de uma membrana (a pleura) que cobre os dois, semelhante à cavidade pericárdica que descrevemos anteriormente.
Para evitar o atrito entre as duas membranas com os movimentos respiratórios, o corpo mantém uma certa quantidade mínima de fluido que lubrifica a cavidade.
Quando esse líquido excede o normal, ocorre um derrame pleural; o líquido se acumula na base da cavidade torácica, acima do diafragma, restringindo a expansibilidade dos pulmões e comprometendo a função respiratória.
Este espaço virtual está sujeito ao aparecimento de infecções e efusões, e as causas são as mesmas mencionadas quando falamos em derrame pericárdico, portanto, deve-se estabelecer a presença ou não de patologias prévias que poderiam ser sua origem.
A dor também aparecerá de forma muito insidiosa, instalando-se ao longo de vários dias, localizando-se na base dos pulmões, com intensidade variável e de natureza opressora; Raramente é irradiado e, geralmente, é para as costas ou abdome.
O sinal característico distintivo é a restrição respiratória, podendo surgir sinais de esforço respiratório (desenho inter ou subcostal e supraesternal) e a abolição completa dos sons respiratórios à ausculta ao nível da efusão.
O tratamento envolve a realização de toracotomia para colocação de dreno torácico e drenagem do líquido do derrame, além de tratar a causa de sua origem.
Pneumotórax esquerdo espontâneo
Um pneumotórax é a presença de ar livre dentro da cavidade pleural, fora dos pulmões, que causa o colapso e limita a função respiratória.
Nesse caso, pode ser produzido por dois mecanismos: o trauma (o mais frequente, principalmente em atletas que jogam futebol ou basquete e recebem uma rebatida de bola ou cotovelo de outro jogador) e, mais raramente, a ruptura espontânea de um touro (concentração de ar em uma área do pulmão, geralmente de origem congênita).
É um início muito espetacular porque imediatamente após o evento que o desencadeia, além da dor de forte intensidade e caráter ardente, ocorre imediatamente uma insuficiência respiratória aguda de grau variável que pode comprometer a vida da pessoa.
Pode irradiar-se para o pescoço, ombro e braço esquerdos, fingindo ser de origem cardíaca.
O tratamento de emergência envolve a drenagem do ar contido na cavidade pleural por meio de toracotomia - colocação de dreno torácico.
Mediastinite
A mediastinite é um processo infeccioso que ocorre ao nível do mediastino, uma cavidade virtual bem no centro do tórax e ocupada pelo coração, esôfago e grandes vasos.
Sua origem é variada: desde uma espinha de peixe que cruzou a parede do esôfago até processos infecciosos virais ou espontâneos em pacientes com sistema imunológico comprometido.
A dor costuma ter início insidioso, sem gatilhos aparentes, localizada na parte posterior do esterno e de intensidade leve a moderada; alguns a qualificam como uma dor "maçante", porque é difícil de definir.
Pode irradiar-se para a área entre as duas escápulas nas costas e ser contínua, sem extenuar ou exacerbar.
Geralmente é acompanhada por deterioração progressiva e rápida do paciente assim que a dor passa; Pode haver febre ou não, dependendo da competência imunológica do paciente.
Se o diagnóstico não for suspeitado e estabelecido (por meio de raio-X e / ou tomografia), o resultado geralmente é fatal.
O tratamento é realizado com o paciente internado em Unidade de Terapia Intensiva, e com estrita vigilância sobre sua evolução, pois pode comprometer diretamente o coração ou os grandes vasos.
conclusão
Como podemos ver, a dor torácica nem sempre está associada ao infarto do miocárdio e outras doenças das artérias coronárias.
A sua origem é muito diversa e envolve, sobretudo, uma interrogação correta e exaustiva com uma qualificação semiológica adequada da dor.
O exame físico irá confirmar ou afastar as suspeitas iniciais, estabelecendo assim um plano diagnóstico que inclui a realização de estudos e procedimentos específicos e, dependendo dos achados, o plano de tratamento.
Referências
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