- Tipos de fitorremediação
- Fitodegradação
- Rizorremediação
- Fitoestabilização
- Fitoestimulação
- Fitoextração
- Plantas hiperacumuláveis
- Fitofiltração
- Fitovolatilização
- Vantagens da fitorremediação
- Desvantagens e limitações
- Referências
A fitorremediação é o conjunto de práticas tecnológicas que utilizam plantas vivas e seus microrganismos associados ao saneamento ambiental do solo, água e ar.
As tecnologias de fitorremediação aproveitam a capacidade natural de algumas plantas de absorver, concentrar e metabolizar elementos e compostos químicos presentes no meio ambiente como poluentes. As plantas podem ser usadas para extração, imobilização e estabilização, degradação ou volatilização de contaminantes.
Figura 1. Fitorremediação em campo. Fonte.: Flickr.com/photos/daniela_naturephotography
O solo, as águas superficiais e subterrâneas e a atmosfera podem ser contaminados como consequência de alguns processos naturais - como erosão geológica, atividade vulcânica, entre outros - e também devido ao efeito das atividades humanas (industriais, agrícolas, águas residuais, mineração, construção, transporte).
Emissões e efluentes industriais, resíduos, explosivos, agroquímicos (fertilizantes, herbicidas, pesticidas), chuva ou deposição ácida, materiais radioativos, entre muitos outros, são fatores de poluição oriundos das atividades humanas.
A fitorremediação surge como uma tecnologia barata, eficaz e publicamente aceita para a correção de vários tipos de contaminação ambiental.
A palavra "fitorremediação" vem do grego "phyto", que significa planta viva, e do latim "remediare" que significa restaurar o equilíbrio; ou seja, recuperar o estado de equilíbrio por meio do uso de plantas.
Tipos de fitorremediação
As tecnologias de fitorremediação baseiam-se nos processos fisiológicos das plantas e seus microrganismos associados, como nutrição, fotossíntese, metabolismo, evapotranspiração, entre outros.
Dependendo do tipo de poluente, do grau de contaminação do local e do nível de remoção ou descontaminação necessária, as técnicas de fitorremediação são utilizadas como mecanismo de contenção de contaminantes (técnicas de fitoestabilização, rizofiltração) ou como mecanismo de remoção (técnicas de fitoextração, fitodegradação e fitovolatilização).
Figura 2. Tipos de fitorremediação. Fonte: Townie (Arulnangai & Xavier Dengra do original em extensão.png), do Wikimedia Commons
Essas técnicas de fitorremediação incluem:
Fitodegradação
Essa técnica, também chamada de fitotransformação, consiste em selecionar e utilizar plantas que tenham a capacidade de degradar os poluentes que absorveram.
Na fitodegradação, enzimas especiais que algumas plantas possuem, causam a quebra das moléculas dos compostos poluentes, transformando-as em moléculas menores, atóxicas ou menos tóxicas.
As plantas também podem mineralizar poluentes em compostos simples e assimiláveis, como dióxido de carbono (CO 2) e água (H 2 O).
Exemplos deste tipo de enzima são a deshalogenase e a oxigenase; o primeiro favorece a remoção de halogênios de compostos químicos e o segundo oxida substâncias.
A fitodegradação tem sido usada para remover explosivos, como TNT (trinitrotolueno), pesticidas organoclorados e organofosforados, hidrocarbonetos halogenados, entre outros contaminantes.
Rizorremediação
Quando a degradação de poluentes é produzida pela ação de microrganismos que vivem nas raízes das plantas, a técnica de remediação é chamada de rizorremediação.
Fitoestabilização
Este tipo de fitorremediação é baseado em plantas que absorvem poluentes e os imobilizam em seu interior.
Essas plantas são conhecidas por reduzir a biodisponibilidade de poluentes por meio da produção e excreção pelas raízes de compostos químicos que inativam substâncias tóxicas por meio de mecanismos de absorção, adsorção ou precipitação-solidificação.
Desta forma, os poluentes deixam de estar disponíveis no meio ambiente para outros seres vivos, evitando-se a sua migração para as águas subterrâneas e a sua dispersão para áreas maiores de solos.
Algumas plantas que têm sido utilizadas na fitoestabilização são: Lupinus albus (para imobilizar arsênio, As e cádmio, Cd), Hyparrhenia hirta (imobilização de chumbo, Pb), Zygophyllum fabago (imobilização de zinco, Zn), Anthyllis Vulneraria (imobilização de zinco, chumbo e cádmio), Deschampia cespitosa (imobilização de chumbo, cádmio e zinco) e Cardaminopsis arenosa (imobilização de chumbo, cádmio e zinco), entre outras.
Fitoestimulação
Nesse caso, são utilizadas plantas que estimulam o desenvolvimento de microrganismos que degradam os poluentes. Esses microrganismos vivem nas raízes das plantas.
Fitoextração
A fitoextração, também chamada de fitoacumulação ou fito-sequestro, usa plantas ou algas para remover contaminantes do solo ou da água.
Depois que a planta ou alga absorveu os produtos químicos poluentes da água ou do solo e os acumulou, eles são colhidos como biomassa e geralmente incinerados.
Figura 3. Fitorremediação em piscinas, reabilitação de uma mina de urânio abandonada. Portugal. Fonte: flickr.com/photos/daniela_naturephotography
As cinzas são depositadas em locais especiais ou lixões de segurança ou são utilizadas para recuperação de metais. Esta última técnica é chamada de fitoterapia.
Plantas hiperacumuláveis
Os organismos que são capazes de absorver quantidades extremamente altas de poluentes do solo e da água são chamados de hiperacumuladores.
Plantas hiperacumuladoras de arsênio (As), chumbo (Pb), cobalto (Co), cobre (Cu), manganês (Mn), níquel (Ni), selênio (Se) e zinco (Zn) foram relatadas.
A fitoextração de metais foi realizada com plantas como Thlaspi caerulescens (extração de cádmio, Cd), Vetiveria zizanoides (extração de zinco Zn, cádmio Cd e chumbo Pb), Brassica juncea (extração de chumbo Pb) e Pistia stratiotis (extração de prata Ag, mercúrio Hg, níquel Ni, chumbo Pb e zinco Zn), entre outros.
Fitofiltração
Este tipo de fitorremediação é utilizado na descontaminação de águas subterrâneas e superficiais. Os poluentes são absorvidos por microrganismos ou pelas raízes, ou são fixados (adsorvidos) às superfícies de ambos.
Figura 4. Crescimento radicular em laboratório, em meio líquido. Fonte: pixabay.com
Na fitofiltração as plantas são cultivadas com técnicas de hidroponia e quando a raiz está bem desenvolvida, as plantas são transferidas para águas poluídas.
Algumas plantas utilizadas como fitofiltros são: Scirpus lacustris, Lemna gibba, Azolla caroliniana, Elatine trianda e Polygonum punctatum.
Fitovolatilização
Essa técnica funciona quando as raízes das plantas absorvem a água poluída e liberam os poluentes transformados em forma gasosa ou volátil para a atmosfera, através da transpiração das folhas.
É conhecida a ação fitovolatilizante do selênio (Se) das plantas Salicornia bigelovii, Astragalus bisulcatus e Chara canescens e também a capacidade de transpirar mercúrio (Hg), da espécie vegetal Arabidopsis thaliana.
Vantagens da fitorremediação
- A aplicação de técnicas de fitorremediação é muito mais barata do que a implementação de métodos convencionais de descontaminação.
- As tecnologias de fitorremediação são eficientes aplicadas em grandes áreas com níveis médios de contaminação.
- Por se tratar de técnicas de descontaminação in situ, não é necessário transportar o meio contaminado, evitando assim a dispersão dos poluentes pela água ou pelo ar.
- A aplicação de tecnologias de fitorremediação permite a recuperação de metais valiosos e água.
- Para aplicar essas tecnologias, apenas práticas agrícolas convencionais são necessárias; Não é necessária a construção de instalações especiais, nem a formação de pessoal treinado para a sua implementação.
- As tecnologias de fitorremediação não consomem energia elétrica, nem produzem emissões poluentes de gases de efeito estufa.
- São tecnologias que preservam solo, água e atmosfera.
- São os métodos de descontaminação de menor impacto ambiental.
Desvantagens e limitações
- As técnicas de fitorremediação só podem ter efeito na zona ocupada pelas raízes das plantas, ou seja, em área e profundidade limitadas.
- A fitorremediação não é totalmente eficiente na prevenção da lixiviação ou percolação de contaminantes nas águas subterrâneas.
- As técnicas de fitorremediação são métodos de descontaminação lentos, pois requerem um tempo de espera para o crescimento das plantas e microrganismos a elas associados.
- O crescimento e a sobrevivência das plantas utilizadas nessas técnicas são afetados pelo grau de toxicidade dos poluentes.
- A aplicação de técnicas de fitorremediação pode ter efeitos negativos nos ecossistemas onde são implementadas, devido à bioacumulação de poluentes nas plantas, que podem posteriormente passar para as cadeias alimentares através dos consumidores primários e secundários.
Referências
- Carpena RO e Bernal MP. 2007. Chaves para fitorremediação: fitotecnologias para recuperação do solo. Ecossistemas 16 (2). Posso.
- Agência de Proteção Ambiental (EPA-600-R-99-107). 2000. Introdução à fitorremediação.
- Gerhardt KE, Huang XD, Glick BR, Greenberg BM. 2008. Fitorremediação e rizorremediação de contaminantes orgânicos do solo: Potencial e desafios. Plant Science. FOLHAS FALTAS
- Ghosh M e Singh SP. 2005. Uma revisão da fitorremediação de metais pesados e utilização de seus subprodutos. Ecologia Aplicada e Pesquisa Ambiental. 3 (1): 1-18.
- Wang, L., Ji, B., Hu, Y., Liu, R., & Sun, W. (2017). Uma revisão sobre fitorremediação in situ de rejeitos de minas. Chemosphere, 184, 594–600. doi: 10.1016 / j.chemosphere.2017.06.025