- Características gerais
- Taxonomia
- Morfologia
- Cabeça
- Concha
- Rabo
- Corpo e esqueleto
- Habitat
- Alimentando
- Reprodução
- Extinção
- O ser humano, primeiro responsável
- Clima: segundo fator determinante
- Mudanças no meio ambiente
- Fósseis
- Primeiras descobertas
- Descobertas recentes
- Referências
O gliptodonte foi um antigo mamífero que existiu durante a época do Pleistoceno, no período quaternário da Era Cenozóica. Foi descrito pela primeira vez em 1839 pelo renomado biólogo inglês Richard Owen. A descoberta do primeiro fóssil foi em meados do século 18; no entanto, foi só no século 19 que este animal foi reconhecido e devidamente estudado.
A principal característica do gliptodonte é o seu grande tamanho, assim como a grande concha que servia de proteção. Levando em consideração sua morfologia, afirma-se então que é parente dos tatus atuais.
Recriação de um espécime de Gliptodonte. Fonte: Shaitan (Bruno Rios Evangelista) / CC0
Esse animal, que fazia parte da megafauna do Pleistoceno, foi extinto há cerca de 10.000 anos, no final da última era do gelo.
Características gerais
O gliptodonte era um animal considerado multicelular, pois era composto por vários tipos de células que cumpriam funções específicas e distintas. Da mesma forma, todas as suas células eram eucarióticas. Isso implica que seu DNA foi empacotado no núcleo da célula, formando cromossomos.
Além disso, como membro da classe Mammalia, o glyptodon era um organismo placentário triblástico. Isso significa que durante seu desenvolvimento embrionário, o novo ser se formou dentro do corpo materno, e que se estabeleceu uma conexão entre os dois através da placenta e do cordão umbilical.
Da mesma forma, os embriões apresentaram as três camadas germinativas conhecidas: endoderme, ectoderme e mesoderme. A partir deles todos os órgãos do animal foram formados.
Eles se reproduzem de forma sexual, com fertilização interna. Apresentavam simetria bilateral, ou seja, traçando uma linha imaginária ao longo do plano longitudinal, obteve-se que o animal era composto por duas metades exatamente iguais.
Taxonomia
A classificação taxonômica do gliptodonte é a seguinte:
- Animalia Kingdom
- Edge: Chordata
- Classe: mamíferos
- Superorder: Xenarthra
- Ordem: Cingulata
- Família: Chlamyphoridae
- Gênero: Glyptodon
Morfologia
O gliptodonte era um animal bastante grande, pertencente à chamada megafauna do Pleistoceno. Podia pesar mais de 2 toneladas e suas medidas médias eram de um metro e meio de altura e cerca de 4 metros de comprimento.
Quanto à morfologia, era bastante semelhante ao tatu atual. Ele tinha uma concha muito grande e resistente que lhe dava alguma segurança e proteção contra possíveis predadores.
Cabeça
A cabeça do gliptodonte era muito pequena, em comparação com o resto do corpo. Possuía um focinho, constituído por mandíbulas, cujos dentes apresentavam duas morfologias: os posteriores eram cilíndricos e os anteriores achatados, ideais para triturar alimentos.
Da mesma forma, na cabeça você podia ver dois orifícios para as narinas, que de acordo com os fósseis de crânio se comunicavam com grandes cavidades que correspondiam aos seios paranasais.
Além disso, existem certas saliências em ambos os lados do crânio que, acredita-se, serviram de ponto de inserção para diferentes grupos de músculos, entre os quais podem ser citados os músculos mastigatórios.
Concha
Este é talvez o elemento mais notável na anatomia do gliptodonte. Parecia a carapaça dos tatus de hoje, com a grande diferença de ser maior que ela.
A concha do glyptodon era composta por uma série de placas ósseas conhecidas como osteodermas. Podem ter até 3 cm de espessura. Nos fósseis coletados, foi estabelecido que os osteodermos de cada espécie desse gênero apresentaram um padrão diferente em termos de forma, configuração e arranjo.
Rabo
O gliptodonte tinha um apêndice posterior projetando-se de sua concha, semelhante a uma cauda. Este era constituído por uma série de anéis ósseos bastante rígidos e que contribuíam para lhe conferir resistência e tenacidade.
Detalhe da cauda do gliptodonte. Fonte: André Ganzarolli Martins / CC BY-SA (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0)
A morfologia da cauda pode variar significativamente de uma espécie para outra. Nesse sentido, existem espécies em que a cauda terminava em uma série de espinhos feitos de queratina. Estes eram bastante resistentes, fazendo com que a cauda pudesse ser usada como arma de defesa contra predadores.
Corpo e esqueleto
Levando em consideração o tamanho de sua concha, o corpo do animal tinha que ser o mais compacto possível para que pudesse suportar seu grande peso. Nesse sentido, seus membros, que eram quatro, eram curtos. As patas traseiras eram muito fortes e grossas, enquanto as anteriores terminavam em garras, o que lhes permitia cavar o solo para obter raízes.
Sua coluna vertebral era composta por aproximadamente treze vértebras, algumas das quais fundidas.
Habitat
O gliptodonte foi encontrado no continente americano. Foi especialmente abundante nas regiões da América do Sul correspondentes ao Brasil, Uruguai e Argentina. A maioria de seus fósseis foram encontrados nesta área.
No entanto, o gliptodonte não se limitou a esta área, mas fósseis também foram encontrados um pouco mais acima, em países da América Central como Costa Rica e Guatemala. Até para o México.
Entre as principais características do habitat, pode-se dizer que era constituído por extensas áreas de vegetação mista e húmida, bem como pastagens, cuja temperatura era um pouco mais fria e o ambiente mais seco.
É importante notar que o gliptodonte foi encontrado em locais onde a vegetação herbácea era abundante, que era seu principal alimento.
Alimentando
Especialistas sugeriram que, levando-se em consideração as características morfológicas de seus dentes e mandíbulas, o gliptodonte era um animal herbívoro que se alimentava do grande número de plantas à sua disposição.
Da mesma forma, devido à sua estatura e suas vértebras cervicais foram fundidas, o gliptodonte alimentava-se próximo ao solo. No que diz respeito ao tipo de planta que ingeria, os especialistas concordam que se alimentava principalmente de monocotiledôneas e dicotiledôneas.
A musculatura do focinho era muito bem desenvolvida, o que permitia ao animal pegar o alimento com força e cortá-lo para poder ingeri-lo.
No que diz respeito à digestão, muitos especialistas concordam que é possível que no trato digestivo do gliptodonte houvesse microrganismos que contribuíam para o processamento e a digestão das partículas vegetais.
Esse é o caso da grande maioria dos animais herbívoros hoje, já que suas células não têm a capacidade de digerir a celulose, componente essencial da parede celular vegetal.
Reprodução
Por ser o gliptodonte um animal extinto, tudo o que se relaciona com a sua reprodução baseia-se em suposições e opiniões de especialistas, a partir dos estudos que efectuaram sobre os fósseis encontrados e tomando como referência os relação que esse animal tem com os mamíferos atuais, principalmente o tatu.
Nesse sentido, é possível afirmar que o gliptodonte se reproduziu de forma sexual. Isso significa que há a fusão de uma célula sexual feminina e uma célula sexual masculina. Como acontece com todos os mamíferos atuais, a fertilização no gliptodonte deve ter sido interna, ou seja, dentro do corpo da mulher.
Para isso, o homem deve ter um órgão copulador que lhe permita introduzir o esperma na mulher para que ocorra a fertilização.
O gliptodonte deve ter sido vivíparo, o que implica que o embrião ou zigoto resultante da fertilização se desenvolveu dentro do corpo da mulher, mantendo uma comunicação estreita através da placenta e do cordão umbilical.
O período de gestação não é suficientemente claro. Porém, pode-se dizer que durou muito mais do que os atuais 120 dias do tatu, devido ao grande tamanho do gliptodonte.
Após o período de gestação, a fêmea deu à luz seus filhotes. Também não há registros que indiquem se houve algum tipo de cuidado parental dos filhos por algum dos pais.
Extinção
De acordo com os registros fósseis coletados, o gliptodonte viveu até o final da época do Pleistoceno, no período quaternário. Sua extinção data de aproximadamente 10.000 a 8.000 anos atrás.
O ser humano, primeiro responsável
Como se sabe, desde o surgimento do ser humano na face da Terra, ele tem sido considerado o principal responsável pela extinção de inúmeras espécies de animais. Bem, o glypto onde não é exceção.
Segundo muitos analistas e especialistas, o ser humano primitivo teve grande parcela de responsabilidade na extinção desse imenso animal. Durante esse tempo, os humanos começaram a caçar animais que são membros da megafauna, como o megatério e o gliptodonte.
As razões pelas quais esses animais foram caçados são variadas. Primeiro é a comida. Os humanos primitivos caçavam esses animais para se alimentar de sua carne, razão pela qual se tornaram seus predadores.
Da mesma forma, os humanos também caçavam o gliptodonte para poder usar sua armadura de ataque como um elemento de proteção contra condições ambientais adversas e para se proteger de outros possíveis predadores. Segundo especialistas, os caçadores poderiam usar a armadura do gliptodonte para construir uma espécie de refúgio onde pudessem se esconder e sobreviver na natureza inóspita.
Clima: segundo fator determinante
No entanto, os humanos não foram o único fator determinante na extinção do gliptodonte. As condições climáticas também desempenharam um papel muito importante neste processo. É importante destacar que no período entre o Pleistoceno e o Holoceno o planeta experimentou uma série de mudanças climáticas que afetaram sobremaneira a grande variedade de espécies animais existentes naquela época.
Durante esse período, o planeta experimentou várias glaciações. Entre uma era do gelo e outra, houve períodos interglaciais. Hoje o planeta está em um desses períodos.
Pois bem, segundo os especialistas, a morfologia e as características do gliptodonte permitiram que ele sobrevivesse muito bem em um ambiente com temperaturas muito baixas. No entanto, quando o clima começou a mudar e o planeta começou a esquentar, muitas espécies de animais sucumbiram. O glyptodon estava entre essas espécies.
Mudanças no meio ambiente
Da mesma forma, a modificação do ambiente natural também pode ter desempenhado um papel importante na extinção do gliptodonte, pois é mais provável que as fontes de alimento fossem escassas e acabassem, deixando o gliptodonte sem qualquer fonte de alimento.
Concluindo e referindo-se à extinção do gliptodonte, pode-se dizer que foi o produto da confluência de vários fatores: a caça do homem primitivo, as mudanças climáticas significativas e a modificação do ecossistema em que o animal se desenvolveu.
Fósseis
Os primeiros restos fósseis conhecidos de gliptodonte foram encontrados na América do Sul em meados do século XVIII. Porém, devido às suas características, acreditava-se que pertenciam a um espécime Megatherium, um animal semelhante às preguiças atuais, mas muito maior.
Porém, à medida que mais fósseis foram encontrados, como placas pertencentes à concha, os especialistas concluíram que esses restos deveriam pertencer a um animal semelhante aos tatus atuais.
Fóssil de Glyptodon. Fonte: Stefano Bolognini / CC BY (https://creativecommons.org/licenses/by/3.0)
Finalmente, graças a estudos mais detalhados, foi estabelecido que os restos encontrados pertenciam a um novo gênero, a que deram o nome de Glyptodon.
Primeiras descobertas
O primeiro fóssil de gliptodonte foi encontrado na região do rio Carcarañá, na Argentina, em 1760. Essa descoberta consistia em uma grande concha. No entanto, isso passou despercebido, pois não há muita menção a ele na literatura disponível.
Só mais de 80 anos depois, graças à descoberta de outro fóssil na região de Buenos Aires, especificamente no rio Matanzas, o primeiro estudo e descrição desse gênero foi feito pelo famoso naturalista inglês Owen.
Descobertas recentes
Ao longo dos anos, houve uma série de descobertas, principalmente limitadas à parte sul do continente sul-americano. Os locais onde mais fósseis foram encontrados estão em Mar de Plata, Bell Ville na Argentina, assim como em algumas áreas do Uruguai.
Da mesma forma, na América Central, especificamente na Costa Rica, vários fósseis deste animal também foram encontrados. Na área da Costa Rica, foram encontrados fósseis pertencentes a três espécies diferentes de glyptodon: Glyptodon arizonae, Glyptodon floridanum e Gliptodon texanum.
A descoberta de fósseis em outros lugares que não a América do Sul permitiu a especialistas estabelecer um padrão migratório deste animal, por onde passou para a América Central cruzando o istmo do Panamá. Tudo isso, segundo a opinião de especialistas que estudaram a fundo os fósseis coletados.
Referências
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