- Teorias endógenas:
- 1- modelo Eysenck PEN
- 2- Modelo de 16 fatores de Catell
- 3- Modelo do grande 5
- 4- Teoria psicodinâmica de Freud
- Teorias exógenas
- Teorias interacionistas
- Características de personalidade
- Temperamento
- Referências
O desenvolvimento da personalidade é o processo ou o desenvolvimento vital pelo qual o ser humano passa para fixar seu caráter, que inclui um conjunto de determinados comportamentos.
A personalidade foi definida pelo psicólogo Carl Jung como um ideal que se quer atingir conscientemente por meio dos processos de individualização, como meta final na vida adulta. Acima de tudo, deve-se deixar claro o quanto é importante para o desenvolvimento enfocar a infância e a adolescência, uma vez que nelas surge o self.
Em termos gerais, a personalidade formada será determinada por:
- Aspectos genéticos, que predispõem a responder de certa forma aos estímulos ambientais e também aos educacionais que receberão do meio ambiente.
- As práticas educativas e as experiências pelas quais o indivíduo passa ao longo de seu desenvolvimento.
Nesse sentido, o desenvolvimento da personalidade é um processo vital pelo qual todas as pessoas devem passar.
Ao nascer, todas as pessoas são desprovidas de personalidade, uma vez que não é inata. Desse modo, à medida que o sujeito avança e entra em contato com seu meio, vai desenvolvendo uma forma ou outra de ser.
Não se deve esquecer que o ser humano é social e está em contínua interação com seu contexto e com a cultura presente nesse ambiente, desenvolvendo uma determinada forma de agir e pensar. Além disso, eles também são influenciados por fatores genéticos transmitidos por seus pais.
Portanto, a personalidade se desenvolve em interação com os fatores físicos, sociais e culturais do ambiente.
Em relação à herança biológica, o organismo da pessoa está predisposto a adquirir características fisiológicas, físicas, comportamentais e morfológicas de seus pais. Estes se manifestam por meio da aparência física, inteligência, raça ou temperamento, entre outros.
Teorias endógenas:
Eles se caracterizam por defender como a personalidade é determinada pelas características internas e inatas da pessoa. Dentro do qual existem vários modelos:
1- modelo Eysenck PEN
Defende a existência de traços ou características que disponham a pessoa a agir de certa forma diante das situações, proporcionando estabilidade e consistência aos comportamentos, emoções e estilos cognitivos dos indivíduos.
Além disso, propõe a existência de características de personalidade que apresenta através de um continuum e que afirma que existem em todos os seres humanos, embora em grau ou medida diferente.
As dimensões básicas que propõe são aquelas que compõem no termo PEN, psicoticismo, extroversão e neuroticismo, sendo categorias não exclusivas que de acordo com o grau de aparência de cada um, definiriam a personalidade de cada indivíduo.
Nessa linha, pessoas com alto neuroticismo seriam pessoas ansiosas, deprimidas, tímidas, com baixa autoestima, tensas e irracionais. Portanto, é uma dimensão que está relacionada aos distúrbios neuróticos.
Pessoas com alto psicoticismo seriam anti-sociais, impulsivas, frias, criativas, antipáticas, rígidas e hostis. Em vez disso, as pessoas com baixo psicoticismo seriam pessoas empáticas, altruístas, socializadas e responsáveis.
Por outro lado, os indivíduos com pontuação elevada em extroversão são pessoas sociáveis, ativas, assertivas, espontâneas e aventureiras, destacando-se dois traços centrais como sociabilidade e atividade.
A teoria inclui uma quarta dimensão das habilidades cognitivas, que seria inteligência geral ou fator g. Além disso, o modelo é hierárquico e psicobiológico, afirmando que as variáveis de personalidade são genéticas e incluem estruturas fisiológicas e hormonais específicas.
2- Modelo de 16 fatores de Catell
Dentro desse conjunto de teorias de traços, Catell desenvolve seu modelo de 16 fatores de personalidade, considerando-o como um conjunto de traços que definem a pessoa com um caráter preditivo sobre seu comportamento.
Seu objetivo era encontrar uma série de traços que resumissem a personalidade das pessoas. Segundo o autor, cada sujeito se move em cada feição dando origem a uma personalidade específica.
Este modelo inclui fatores relacionados à sociabilidade, emocionalidade, habilidades básicas, responsabilidade e independência do grupo; todos eles formando os 16 fatores primários.
Os estudos fatoriais mostraram a existência de quatro fatores secundários: QI (baixa ansiedade-alta ansiedade), QII (introversão-extroversão), QIII (pouca-muita socialização) e QIV (passividade-independência).
3- Modelo do grande 5
O modelo Five Factor de McCrae e Costa é uma das teorias mais recentes. Essa teoria pentafatorial estabelece cinco traços primários que corresponderiam aos traços básicos de personalidade.
Em primeiro lugar, existe o fator neuroticismo / estabilidade emocional que está relacionado ao grau de ansiedade do indivíduo diante de algum tipo de situação. Ao medir esse fator, obtém-se a depressão, a ansiedade, os pensamentos irracionais, as emoções negativas que cada um apresenta.
O segundo fator, extroversão, está relacionado à sociabilidade e à capacidade de estabelecer relacionamentos, sendo muito semelhante ao que foi explicado sobre essa característica no modelo de Eysenck.
Em relação ao fator três, destaca-se a abertura, referindo-se à atração por novas experiências, evidenciando imaginação e interesses em múltiplos assuntos.
A quarta seria a cordialidade, no que diz respeito à relação de cada um com os outros, como é o trato com as pessoas. Nessa linha, deve-se notar que o pólo oposto seria o do antagonismo e representaria características como evitação, distanciamento, sociopatia e rejeição.
Por fim, o fator responsabilidade tem a ver com autocontrole, respeito pelos outros e por si mesmo, planejamento e obediência.
4- Teoria psicodinâmica de Freud
A teoria proposta por Freud relacionava a personalidade com o funcionamento da mente, distinguindo entre o “isso”, o “eu” e o “superego”. Nesse sentido, ele concebe a personalidade como sistemas opostos que estão em conflito incessante.
O "isso" representa a parte inata da personalidade, nossos impulsos, necessidades e desejos mais elementares, operando de acordo com o prazer e cobrindo as necessidades fisiológicas básicas sem pensar nas consequências. O id é feito dos desejos mais primitivos, dos impulsos mais primitivos, como fome, sede e impulsos irracionais.
O “eu” evolui à medida que o desenvolvimento avança, seu objetivo é atender aos anseios do id e ao mesmo tempo deve se reconciliar com as demandas do superego, cumprindo um papel regulador entre os dois. Segue o princípio de realidade satisfazendo os desejos do id, mas de forma adequada e representa o agente consciente e tenta ser realista e racional.
Por sua vez, o "superego" representa pensamentos morais e éticos, contrapõe-se ao "isso" e consiste em dois subsistemas que são a consciência moral e o ideal do ego. Não está presente desde o início da vida da pessoa, mas surge como conseqüência da internalização da figura paterna devido à resolução do complexo de Édipo.
Do equilíbrio entre o id e o superego que o ego atinge, vai depender se o comportamento dos sujeitos é considerado normal ou anormal, cada um constituindo sua personalidade característica.
Outros conceitos-chave em sua teoria são o inconsciente, uma vez que compreende todos aqueles processos e fenômenos dos quais não estamos lúcidos.
O consciente se refere aos fenômenos que ocorrem ao nosso redor, bem como aos processos mentais dos quais tomamos consciência. Finalmente, entre os dois estaria o pré-consciente referindo-se àqueles fenômenos dos quais não se tem consciência, mas que podem se tornar assim se prestarmos atenção.
Teorias exógenas
Em vez disso, essas teorias postulavam que o desenvolvimento da personalidade era determinado por fatores sociais e culturais.
Skinner foi um dos autores que defendeu essa teoria, propondo que a personalidade era determinada por um conjunto de condutas ou comportamentos que a pessoa realiza dependendo de ter reforços positivos ou negativos.
Esta pesquisa baseou-se no condicionamento operante, refletindo uma ideia de reforço para que as pessoas realizem ações recompensadas e evitem as punidas, o que pode ser visto refletido em muitas diretrizes que devem ser seguidas na sociedade.
Teorias interacionistas
As teorias interacionistas defendem que o ambiente social e cultural exerce influência no desenvolvimento da personalidade de cada indivíduo. Nesse sentido, a personalidade exercerá notável influência no meio em que se encontra.
Carl Rogers foi um dos que se focou nessa teoria, para ele a personalidade depende do ponto de vista que cada um tem.
Além disso, também desenvolve o conceito de "eu ideal" como aquilo que a pessoa aspira ser, comparando esse ideal com o "eu real".
Em termos gerais, quanto maiores as diferenças, menor será a satisfação pessoal e mais sentimentos negativos aparecerão, e vice-versa.
Características de personalidade
A personalidade é composta por uma série de características distintas em cada indivíduo que são influenciadas por suas experiências, seus valores, suas crenças, suas memórias pessoais, suas relações sociais, seus hábitos e suas habilidades.
Por sua vez, é composto por determinados traços ou características com os quais a pessoa é definida, que não são observáveis e se manifestam por meio de padrões de comportamento nas diferentes situações que o sujeito enfrenta.
O psicólogo Gordon Allport foi um dos primeiros a investigar esse construto, defendendo uma metodologia empírica e considerando as influências ambientais e motivações conscientes.
Nessa linha, o autor não descarta a contribuição dos mecanismos inconscientes defendidos por alguns de seus colegas e onde predominam as abordagens psicanalíticas.
Assim, Gordon Allport definiu personalidade como “a organização dinâmica dos sistemas psicofísicos que determina uma forma de pensar e agir, única em cada sujeito em seu processo de adaptação ao meio ambiente”.
Outro dos autores que abordou o tema personalidade foi Eysenck, que o definiu como: "Uma organização mais ou menos estável e duradoura do caráter, temperamento, intelecto e físico de uma pessoa que determina sua adaptação única ao meio ambiente."
Para ele, "caráter denota o sistema mais ou menos estável e duradouro de comportamento conativo (vontade) de uma pessoa; temperamento, seu sistema mais ou menos estável e duradouro de comportamento afetivo (emoção). O intelecto, seu sistema de comportamento cognitivo (inteligência) mais ou menos estável e duradouro; o físico, seu sistema mais ou menos estável e durável de configuração corporal e dotação neuroendócrina ”.
Temperamento
Temperamento refere-se à maneira característica de reagir do sujeito em relação ao seu meio. É inato e implica uma predisposição psicológica para responder de certa forma ao que acontece em nosso meio.
Está presente desde a infância e sua estabilidade ao longo do ciclo de vida depende do grau em que essa característica é muito extrema na infância. Por sua vez, compreende a capacidade de estar alerta e responder, bem como os aspectos emocionais.
O temperamento é baseado na genética. Na verdade, autores como Eysenck defendem que as diferenças nas personalidades de cada um ocorrem em decorrência de fatores hereditários.
Uma teoria muito popular na Idade Média foi a promulgada pelos antigos gregos, que davam grande importância ao temperamento. Esta civilização falou de quatro modelos diferentes de temperamento com base no tipo de fluidos; os humores.
O primeiro tipo refere-se ao sanguíneo, ou seja, uma pessoa feliz e otimista. Para o povo grego, esse modelo de pessoa tinha muito sangue, sempre apresentando uma aparência saudável.
Outro tipo era o colérico caracterizado por apresentar um logo significativo e iminente na expressão do sujeito. Corresponde a pessoas normalmente agressivas cujas características físicas envolvem músculos tensos e tez amarelada devido à bile.
O terceiro tipo referia-se ao temperamento fleumático, caracterizado pela lentidão, desinteresse, abandono e passividade, que eram considerados pessoas frias e distantes. Seu nome vem da palavra catarro, que é o muco pegajoso das vias aéreas que extraímos de nossos pulmões.
O último espécime foi definido como um temperamento melancólico. Ou seja, pessoas que têm maior predisposição a serem tristes, deprimidas e pessimistas. Vem das palavras gregas para bile negra.
Como nota, é importante diferenciar temperamento de caráter, que é gerado pela experiência e pela cultura em que o indivíduo está imerso. Em um suposto estudo de caso de personagem, corresponderia a estudar como a pessoa reage ao que está acontecendo com ela e como ela responde a cada circunstância.
Temperamento e caráter constituem uma personalidade característica baseada em sua combinação e intensidade.
Referências
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