- Caracteristicas
- Representa a identidade linguística dos povos
- Espontaneidade
- Léxico simples
- Uso estendido de gestos
- Uso frequente de palavras "curinga"
- Níveis
- Nível fônico
- Onomatopéia
- Atitude descontraída e não sujeita às normas linguísticas
- Entonação
- Traços de dialeto
- Uso estendido de apócopes
- Nível morfossintático
- Uso de exclamações, pontos de interrogação, diminutivos e aumentativos
- Presença de artigos indefinidos para a primeira e segunda pessoa
- Uso de artigos antes de nomes próprios
- Frases curtas
- Uso de hiperbaton
- Abuso e uso indevido de laços adversários
- Laism
- Improvisação
- Nível léxico-semântico
- Vocabulário comum
- Vocabulário limitado e impreciso
- Filetes
- Comparações
- Recursos literários escassos
- Formulários
- No contexto familiar
- No contexto popular
- Exemplos
- Exemplo 1
- Exemplo 2
- Referências
A linguagem coloquial é toda aquela expressão oral que ocorre diariamente entre os falantes de uma língua, dentro do contexto informal. É a forma de locução que se utiliza, em todo o plano terreno, entre a grande maioria das pessoas com uma finalidade comunicativa breve e direta.
A palavra "coloquial", etimologicamente falando, vem da palavra latina colloquium. O prefixo co significa: "colisão", "união", "copiosa", "consoante". Já a raiz loqui possui os significados: "falar", "eloqüência", "loquaz". O sufixo ium, por sua vez, significa: "princípio", "extermínio", "ajuda".
Fonte: pixabay.com
Em termos gerais, a palavra "coloquial" significa "conversa", portanto o enunciado "linguagem coloquial" refere-se a expressões típicas de conversas cotidianas.
Erroneamente, por muito tempo, o termo "coloquial" foi confundido como sinônimo de pobreza, de vulgar, e ao mesmo tempo o termo "vulgar" ganhou a conotação de "grosseria", "insolência". Essa série de erros linguísticos veio a gerar grande confusão nos falantes ao se referir a essas premissas e palavras.
O coloquial em nenhum momento significa pobreza, nem vulgar significa rudeza. No entanto, isso foi assumido e propagado. A verdade é que o "coloquial", se fizermos uma analogia, refere-se às formas comunicacionais das pessoas.
Por sua vez, o vulgar é o oposto do culto, aquela comunicação que se dá sem tantas regras ou instrumentalismos; em outras palavras: a comunicação das pessoas.
Caracteristicas
Representa a identidade linguística dos povos
A linguagem coloquial tem tanto significado que se torna o traço fonológico dos povos, o que denota sua identidade linguística perante o resto das populações.
Tal como acontece com a organização territorial dos países, que se subdividem em províncias, estados e municípios, o mesmo ocorre com o discurso coloquial.
Existe uma linguagem própria de cada população, com suas diferenças dialetais bem marcadas, e existe uma linguagem geral que, em certa medida, incorpora um somatório significativo dos diferentes discursos específicos de cada área.
São esses discursos típicos de cada área que lhes dão riqueza e os identificam fonológica e gramaticalmente. Cada país tem expressões únicas, e cada estado e cada aldeia têm suas próprias terminologias na linguagem coloquial. O único propósito desses recursos é alcançar o fato comunicativo de forma simples e fluida.
Espontaneidade
A linguagem coloquial é um espelho da vida cotidiana, por isso a espontaneidade é uma de suas características mais comuns.
Este tipo de linguagem está livre de qualquer vínculo e sujeita única e exclusivamente aos acordos verbais de quem a utiliza. Compreender por acordos verbais: todas aquelas falas que os interlocutores conhecem e tratam, e são típicas da sua área.
A naturalidade da fala de quem a aplica torna-se uma das marcas mais distintivas desta forma de comunicação, o que lhe confere frescura, amplitude e flexibilidade.
Léxico simples
Aqueles que o usam tendem a não aplicar termos elaborados, mas o fato comunicativo é resumido em palavras comuns de gestão global e, é claro, palavras típicas do dialeto ou subdialeto usado.
Uso estendido de gestos
A comunicação humana é um ato muito complexo e completo. No entanto, no que se refere à linguagem coloquial, apesar de ser uma forma de comunicação cotidiana, isso não significa que recursos não sejam utilizados para enriquecê-la.
Os gestos, aqueles signos, gestos e condutas que realçam a expressividade das mensagens, são amplamente aplicados na comunicação coloquial, principalmente para reduzir o número de palavras ao falar.
Uso frequente de palavras "curinga"
Essas palavras curinga passam a ser as mesmas que se enquadram no que é considerado "cosismos", como: "coisa", "aquilo", "aquilo", "invólucro" (no caso da Venezuela), cujo papel é o para excluir ou substituir um grande número de palavras no momento da comunicação.
É preciso ter em mente que na língua educada este tipo de recursos estão incluídos nos "vícios" da comunicação, pois seu uso prolongado reduz o léxico dos falantes.
Níveis
Em relação aos recursos associados a esta expressão linguística, os três níveis seguintes e suas manifestações podem ser claramente apreciados:
Nível fônico
Do ponto de vista da fonação, são apreciados os seguintes elementos:
Onomatopéia
Ou seja: o uso de palavras que imitam sons naturais ou não naturais, não discursivos, durante a fala, e que não são típicos da linguagem humana. Um exemplo poderia ser: "E o carro disparou, 'fuuunnnnnnnn', e a polícia não conseguiu alcançá-los."
Atitude descontraída e não sujeita às normas linguísticas
Devido à sua natureza informal, é normal que a linguagem coloquial tenda a apresentar um desrespeito às regras que a regem. No entanto, apesar da quebra das leis linguísticas, a comunicação flui e ocorre; com seus detalhes, mas acontece.
Entonação
A entonação, sendo uma comunicação oral, desempenha um papel relevante. Dependendo do motivo (exclamativo, interrogativo ou enunciativo) será propriedade da entonação, adaptando-se também ao contexto comunicativo.
Muitos fatores afetam a entonação: afiliados, emocionais, sindicais, trabalhistas. Dependendo do vínculo entre os interlocutores, será a intenção da oralidade.
Traços de dialeto
A língua coloquial nunca é a mesma em nenhuma parte do mundo, mesmo quando compartilham o mesmo território nacional, nem o regional, nem o municipal, e mesmo o do mesmo bloco. Cada lugar tem suas próprias características dialéticas que lhe conferem sua consonância.
Estudos lingüísticos têm verificado a presença e expansão de subdialetos mesmo em pequenos estratos populacionais.
Cada grupo de indivíduos pertencentes a uma comunidade, ao compartilhar gostos ou tendências em qualquer ramo da arte, entretenimento ou ofícios, tende a incorporar ou criar palavras que se adaptem às suas necessidades comunicacionais.
Isso não é tão estranho quanto parece. A própria linguagem é uma entidade mutável, um "ser" feito de letras, de sons, que responde às exigências dos falantes e que se transforma de acordo com o que os sujeitos que a usam têm a seu dispor.
Essa série de subdialetos, com suas respectivas fonações rítmicas e melódicas, são as que dão identidade às populações e aos grupos que as compõem. Por isso, é comum ouvir dizer: "Aquele é uruguaio, outro colombiano e aquele é mexicano, este é roqueiro e aquele salsero", mal os ouvindo pela marca sonora do sotaque, e os gestos e roupas, deixe-as em evidência.
Uso estendido de apócopes
As elisões são muito comuns na linguagem coloquial, justamente pelo que se afirma nas características anteriores.
Sendo um ato de comunicação geralmente breve, tende a conter um grande número de palavras suprimidas. Embora as palavras se manifestem dessa forma, normalmente são bem compreendidas entre os interlocutores devido a acordos prévios de aspecto cultural-comunicacional.
Um exemplo claro seria: “Come pa´ que ver´”, onde a palavra “para” é excluída, além do “s” no final da conjugação do verbo “ver” na segunda pessoa.
As contrações representam uma das características mais relaxadas e comuns nas línguas coloquiais de todo o mundo. São considerados, dentro da comunicação, uma espécie de “economia da linguagem”.
Nível morfossintático
Dentro dos elementos morfossintáticos da linguagem coloquial, o seguinte é evidente:
Uso de exclamações, pontos de interrogação, diminutivos e aumentativos
É muito comum ver entre os interlocutores coloquiais o uso exagerado da linguagem em termos de entonação ou o aumento ou diminuição das propriedades dos objetos ou seres no momento da comunicação.
Como não estão sujeitos a nenhuma lei, e os sujeitos são totalmente livres, a expressividade manda. Portanto, é comum ouvir: diminutivos, "O carrinho"; aumentativos, "La mujerzota"; exclamações: "Conte bem!" e interrogatórios "E o que ele disse a você?"
Presença de artigos indefinidos para a primeira e segunda pessoa
Outro elemento muito comum presente neste tipo de linguagem. É muito normal usar "um", "um" e "alguns", "alguns".
Alguns exemplos claros seriam: “Você não sabe o que pode acontecer”; "Alguns dos que sinto que vão cair."
Uso de artigos antes de nomes próprios
Esse é outro aspecto muito comum na linguagem coloquial, principalmente nos estratos inferiores. Costuma-se ouvir: "El Pepe veio e fez sua coisa com María, que os vê como santicos."
Frases curtas
Pela mesma brevidade que caracteriza esse tipo de discurso, é normal que quem o use inclua o uso de frases curtas que comuniquem o certo. O que é necessário é manifestar o próximo, o necessário.
Uso de hiperbaton
Ou seja, há uma mudança na sintaxe comum das frases para enfatizar alguma parte específica da fala.
Abuso e uso indevido de laços adversários
"Mas", "porém", "mais" são amplamente utilizados nesse tipo de linguagem, levando a abusos e desgastes.
Talvez o mais delicado seja o uso incorreto deles. É muito normal ouvir frases como: "Mas ela fez mesmo assim"; “Mesmo assim, ele não podia dizer nada”; representando isso um erro grave porque "mas", "entretanto, e" mais "são sinônimos.
Laism
Refere-se ao uso e abuso do pronome pessoal "la" ao desenvolver a comunicação. Loísmo e leísmo também são apresentados, que é praticamente o mesmo, mas com os pronomes “lo” e “le”.
Improvisação
Como produto da própria brevidade desse fato comunicativo, os interlocutores devem utilizar a invenção para responder da forma mais eficiente possível às questões que lhes são apresentadas.
Essa característica aumenta a imprecisão da linguagem coloquial, pois em todos os casos ela não é respondida da maneira adequada, ou da maneira que o outro interlocutor espera.
Porém, e ao contrário do que muitos pensam, a improvisação, pela imediatez que exige, requer a aplicação de inteligência para ser realizada.
Nível léxico-semântico
Vocabulário comum
As palavras utilizadas são de uso descontraído e não apresentam grande complexidade, mas preenchem o fato comunicativo da forma mais simples.
Vocabulário limitado e impreciso
Como muitas dessas conversas acontecem em grupos, ou são limitadas pelo tempo em que devem ocorrer, os interlocutores se dedicam a tornar sua mensagem tão concisa e, embora soe estranha, não tão precisa.
Para reduzir a participação nos discursos, eles usam expressões locais.
Esses “idiomas”, ou expressões ajustadas à realidade de cada comunidade, têm a propriedade de explicar em poucas palavras situações que requerem um maior número de palavras.
Quando essas manifestações linguísticas são utilizadas, tendem a deixar certas lacunas comunicacionais que são preenchidas pelo receptor lírico, que assume o que o emissor queria dizer ao chegar o mais próximo possível da mensagem, mesmo quando não é exatamente o que ele queria transmitir.
Um exemplo claro seria que em uma conversa entre um grupo de venezuelanos, em uma mesa com muitos objetos, um deles diz: "Ele ficou bravo comigo e jogou aquele" pod "em mim, apontando para a mesa sem especificar qual objeto especificamente refere-se. Naquele momento, cada um dos presentes poderia presumir que algum dos objetos foi o que foi lançado.
Na Venezuela, a palavra ´vaina´ é um substantivo muito frequente, usado para substituir qualquer objeto ou ação. Podemos classificá-lo como um "coisismo".
Filetes
Esse vício geralmente ocorre quando há lacunas de comunicação ou lexical em um dos interlocutores por não ter uma resposta imediata sobre o que está sendo perguntado ou não saber como continuar a falar. Entre os enchimentos mais comuns estão: “este”, “bom”, “como posso explicar”.
Comparações
Esses tipos de manifestações linguísticas também são muito comuns e geralmente se referem a elementos próximos ao ambiente. O objetivo é destacar a qualidade de um dos interlocutores, seja para zombaria ou para entretenimento.
Exemplos claros seriam: "Você é um avião!" (para se referir ao pensamento rápido), ou "Você é tão delicado como um burro!" (para se referir à falta de sensibilidade).
Recursos literários escassos
Típico dos ambientes onde este tipo de comunicação tende a ocorrer e também condicionado pelas diferenças culturais e / ou educacionais que podem surgir entre os interlocutores.
Formulários
Os usos da linguagem coloquial estão sujeitos a dois contextos bem definidos: o contexto familiar e o popular.
No contexto familiar
Quando é feita menção a esta área, refere-se à linguagem que os membros de uma família aplicam aos seus próprios membros. Essa linguagem apresenta uma grande riqueza gestual com enorme repercussão na oralidade.
É limitado a estruturas de coexistência muito complexas, onde graus de autoridade desempenham um papel crucial. Nesse aspecto, toda família é um universo lexical onde cada palavra e cada gesto são condicionados pelas relações intrínsecas entre os interlocutores.
No contexto popular
Refere-se ao espaço fora de casa, tudo em que os interlocutores estão circunscritos e que é alheio ao trabalho ou à academia. Apresenta uma grande riqueza de idiomas e as comunicações que ocorrem neste meio dependem da preparação de cada sujeito.
Aqui, neste meio, você pode ver a presença dos demais subgrupos onde se dá a vida dos interlocutores, cada um com suas variantes dialéticas.
Pode-se falar de um ambiente geral ao qual estão circunscritos os demais microambientes, entre os quais há uma troca contínua de falantes.
É uma estrutura extremamente rica e complexa que mostra as múltiplas facetas linguísticas que um sujeito comum pode possuir.
Exemplos
Abaixo estão dois diálogos onde a linguagem coloquial é expressa de forma efusiva:
Exemplo 1
-De onde você vem, Luisito? Você parece cansado ”, disse Pedro, gesticulando para chamar a atenção.
-Ei, Pedro. Você sempre anda como um samuro, esperando a vida de todos. Eu venho do trabalho. O dia foi forte hoje ', disse Luís, com um tom sujo.
-Você é sempre engraçado… E o que te mandaram fazer, então? Pedro respondeu meio aborrecido.
"Como sempre, bug… Olha, vou me apressar, depois conversamos", disse Luis, saindo imediatamente.
Exemplo 2
-Olha, Luís, você está vendo aquela casinha ali? disse Pedro, em voz baixa e misteriosa.
-Sim, por quê? O que há de estranho nisso? Disse Luís, também em voz baixa, brincando com Pedro.
-Aí mora aquela mulher, María Luisa. Essa mulher me deixa louco ´e perinola, compaio - Pedro respondeu, animado.
-Ah, compadre, você não joga nesse campo, é mais do que nunca, ouviu? Luis disse, e saiu rindo.
Em ambos os exemplos estão presentes contrações, comparações, perguntas, exclamações, o uso de diminutivos e aumentativos, elementos típicos da linguagem coloquial.
Referências
- Panizo Rodríguez, J. (S. f.). Notas sobre linguagem coloquial. Comparações. Espanha: Cervantes virtual. Recuperado de: cervantesvirtual.com
- Linguagem coloquial, espelho de identidade. (2017). México: Diario de Yucatán. Recuperado de: yucatan.com.mx
- Linguagem coloquial. (S. f.). (n / a): Wikipedia. Recuperado de: es.wikipedia.org
- Linguagem coloquial. Cuba: EcuRed. Recuperado de: ecured.cu
- Gómez Jiménez, J. (S. f.). Aspectos formais da narrativa: linguagem coloquial, linguagem acadêmica. (n / a): Letralia. Recuperado de: letralia.com