- Quais atividades prejudicam o solo?
- Ações locais para cuidar do solo
- Avaliação de solo
- Melhor compactação do solo
- Aplicação de condicionamento ou alteração
- Aplicação de composto orgânico
- Incorporação de biota benéfica
- Manutenção de umidade
- Evite perturbar o solo em suas camadas profundas
- Semeadura de espécies indígenas
- Semeando em terraços
- Proteção de mudas cobertas
- Referências
O cuidado do solo consiste na aplicação de diversas técnicas que promovem uma dinâmica saudável entre os fatores bióticos (fauna do solo e raízes vegetais) e abióticos (umidade, pH, temperatura, etc.). O solo é um recurso natural limitado e não renovável, que dificilmente se recupera dos danos causados por sua degradação ou contaminação.
O solo está localizado nos primeiros 30 centímetros da superfície da crosta terrestre (litosfera) e é produzido pela degradação físico-química da rocha mãe e pela interação com os seres vivos. Possui estrutura característica em camadas ou horizonte e é constituída por uma matriz porosa, sendo uma fase aquosa, uma fase gasosa e uma biota.
Solo seco após uso na agricultura. Fonte: NachoBen, do Wikimedia Commons
O solo é considerado um ecossistema complexo e dinâmico, com diferentes microambientes onde fatores bióticos (micro, meso e macrobiota) e abióticos (composição mineral, estrutura, temperatura, pH, umidade, pressão, disponibilidade de nutrientes, entre outros) interagem.
A degradação do solo é um problema ambiental global que causa diminuição na produção de alimentos, pobreza e migração humana. Por esse motivo, a restauração e preservação do solo está dentro dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) estabelecidos na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Quais atividades prejudicam o solo?
O solo sofre erosão e degradação devido à perda de sua cobertura vegetal e à contaminação por substâncias persistentes que também podem ser nocivas (tóxicas).
A perda da cobertura vegetal ocorre por causas naturais (climáticas) ou atividades antrópicas, como desmatamento (derrubada e queima de florestas), para a realização de atividades agrícolas e florestais ou para a construção de infraestruturas (planejamento urbano, estradas, indústrias, entre outras).
A contaminação do solo ocorre por:
- A má disposição final ou dispersão acidental de efluentes e resíduos sólidos urbanos e industriais.
- O acúmulo excessivo de fertilizantes (salinização do solo), pesticidas e herbicidas, entre outras substâncias.
- A chuva ácida também causa a degradação do solo devido à sua acidificação.
Por outro lado, o aquecimento global, produto da poluição da atmosfera com gases de efeito estufa, gera períodos de chuvas intensas e secas, o que também favorece a erosão do solo.
Ações locais para cuidar do solo
Podemos evitar a erosão do solo pela ação do vento e pela falta ou excesso de água (seja por irrigação ou chuva), tanto em jardins privados como em áreas residenciais comuns.
A restauração do solo ou sua manutenção em condições saudáveis implica que sua umidade, pH, temperatura, disponibilidade de nutrientes e presença de biota permaneçam dentro das faixas ótimas estabelecidas.
Aqui estão algumas recomendações para restaurar ou manter um solo saudável:
Avaliação de solo
O tipo de solo a ser tratado ou restaurado deve ser avaliado para estabelecer as técnicas que serão aplicadas de acordo com suas deficiências.
É importante analisar seu grau de compactação, erosão e os fatores ambientais que o afetam (ventos excessivos ou chuva), as espécies nativas a serem semeadas, entre outros aspectos importantes.
Grupos que praticam agroecologia ou permacultura em fazendas comunitárias, ou empresas de jardinagem, podem ser consultados para esta análise.
Uma vez iniciado o tratamento do solo, seu pH, umidade e condições gerais podem ser monitorados semestralmente para verificar a eficiência das técnicas utilizadas.
Melhor compactação do solo
Um solo é compactado se sua consistência for muito dura e carecer de vegetação. Para melhorar a estrutura de um solo compactado, sua porosidade deve ser aumentada, mas evitando que ocorra uma lavagem excessiva de nutrientes. Deve haver um equilíbrio entre a retenção de umidade e o excesso de percolação de água.
O preparo inicial do solo com aeração, umedecimento e mistura com composto orgânico e aditivos permite manter as condições ideais do solo a longo prazo. Também é necessário proteger o terreno da passagem de pedestres ou de qualquer tipo de veículo, estabelecendo caminhos demarcados fixos.
Aplicação de condicionamento ou alteração
Dependendo das condições do solo, pode ser aplicado um condicionamento ou aditivo -de preferência orgânico-, que consiste em restos vegetais e / ou esterco animal, que aumenta sua qualidade, melhorando sua estrutura, retenção de umidade, pH e disponibilidade de nutrientes presentes..
Entre esses aditivos orgânicos estão o composto e a turfa (rica em carbono). As alterações também são utilizadas para corrigir deficiências específicas, como substâncias que afetam o pH (calcário ou enxofre, carbonatos de cálcio, magnésio, entre outros), ou que reduzem o sódio do solo (como o gesso).
Aplicação de composto orgânico
O melhor composto é obtido a partir da decomposição microbiana controlada da matéria orgânica, em um processo denominado compostagem, ou a partir de excrementos de minhocas alimentadas com resíduos orgânicos.
O fertilizante orgânico pode ser aplicado com certa freqüência (dependendo do estado do solo), homogeneizando-o por meio de um preparo superficial, sem afetar as camadas internas do solo.
A utilização de fertilizantes orgânicos e não sintéticos é preferível, pois favorecem o estabelecimento de microbiota sã (fungos e bactérias) no solo, sua produção é econômica e não apresentam o risco de gerar acúmulo de nutrientes ou salinização do solo.
Fonte: autor Sten Porse em
Incorporação de biota benéfica
A incorporação da meso e macro fauna ao solo acelera a decomposição da matéria orgânica e melhora a estrutura do solo.
Por exemplo, ao adicionar minhocas vivas ao solo, elas se alimentam de matéria orgânica em decomposição, defecando substâncias mais assimiladas pelos organismos vivos.
Por sua vez, os vermes favorecem o aumento da porosidade do solo, sua aeração, a homogeneização da matéria orgânica e a maior disponibilidade de nutrientes.
Manutenção de umidade
O excesso de água e o acúmulo de água na superfície do solo devem ser evitados para não causar escorrimento e lavagem de nutrientes. Além disso, a saturação do solo com água desloca o oxigênio presente e sufoca a biota aeróbia incluindo as raízes das plantas.
Para evitar que a água se acumule no solo, o excesso de água da chuva deve ser escoado por canais (pavimentados ou feitos de tubos plásticos) que concentram em áreas de armazenamento ou pias para uso posterior. Os sumps são geralmente barris impermeabilizados ou buracos cavados no solo no final de uma encosta.
A irrigação por gotejamento permite otimizar o aproveitamento da água, graças à instalação de um sistema que dispensa gotas de água diretamente na base de cada planta semeada.
Para evitar a erosão do solo em espaços abertos e planos, devido à passagem constante de ventos fortes, podem ser plantadas barreiras de árvores e arbustos com folhagem densa, que impedem ou reduzem a passagem da mesma.
Evite perturbar o solo em suas camadas profundas
Você não deve cavar no solo se quiser restaurá-lo ou protegê-lo. Camadas de matéria orgânica devem ser aplicadas em sua superfície com certa freqüência, favorecendo a formação de húmus, sem perturbar as camadas internas do solo.
Semeadura de espécies indígenas
Devem ser semeadas plantas autóctones (nativas) do local, crescendo em cada estrato de altura, ou seja, ervas, arbustos e árvores. Desta forma, a camada superior do solo fica melhor protegida dos agentes erosivos, fortalecendo a sua estrutura graças ao crescimento das raízes.
Além disso, os restos vegetais que se acumulam na superfície do solo, ao se decomporem em húmus, favorecem o estabelecimento de condições físico-químicas (como retenção de umidade, temperatura, pH), necessárias à existência da biota do solo.
As espécies de plantas que têm uma relação simbiótica com microrganismos fixadores de nitrogênio são especialmente benéficas para o solo. No caso de solos compactados, as ervas devem ser semeadas inicialmente, cujas raízes rompem o solo por dentro.
Semeando em terraços
Em solos com declives acentuados, é útil construir terraços escalonados onde as plantas são plantadas. Desta forma, evita-se a lavagem do solo por escoamento, sua erosão por varredura e sua perda de nutrientes.
Proteção de mudas cobertas
Para proteger as plantas em crescimento -e a superfície do solo-, deve-se colocar uma cobertura morta ou “cobertura morta” de natureza orgânica, com plantas esmagadas e restos de madeira. Por exemplo, o feno pode ser usado para este propósito.
Referências
- Abordagens biológicas para sistemas de solo sustentáveis. Editado por N. Uphoff, AS Ball, E. Fernandes, H. Herron, O. Husson, M. Laing, C. Palm, J. Pretty, P. Sanchez, N. Sanginga e J. Thies. Boca Raton, Flórida, EUA: CRC Press (2006), pp. 764. ISBN 10-1-57444-583-9
- Chesworth, W. e Chesworth, W. (2007). Encyclopedia of Soil Science. Springer. pp 860.
- Honorato, R. (2000). Edaphology Manual. Quarta edição. Alfa Ômega. pp 267.
- Mitchell, JK e Soga, K. (2005). Fundamentos do comportamento do solo. Terceira edição. Wiley. pp 592.
- Schauberger, V. e Coats, C. (2001). A terra fértil: energias da natureza na agricultura, fertilização do solo e silvicultura. The Eco-Technology Series, Volume 3. Gateway. pp 212.