- Para quem é a reabilitação cognitiva?
- Quais foram as primeiras abordagens para a reabilitação cognitiva?
- Reabilitação cognitiva e estimulação cognitiva são a mesma coisa?
- A importância da plasticidade cerebral quando falamos em reabilitação cognitiva
- Quais são os objetivos da reabilitação cognitiva?
- Exemplos de diferentes técnicas de reabilitação cognitiva
- Referências
A reabilitação cognitiva refere-se a uma série de exercícios mentais realizados de forma contínua e sob a organização, planejamento e supervisão de um profissional (neuropsicólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais…), especializado nesta área, irão influenciar a recuperação ou melhora de uma pessoa que sofreu danos cerebrais.
Expresso em termos metafóricos, poderíamos fazer a comparação de que a reabilitação cognitiva seria como uma "ginástica mental" para o cérebro, que reabilitação física para uma parte do corpo lesada.
A reabilitação cognitiva está integrada às terapias não farmacológicas, ou seja, uma intervenção sem química, teoricamente suportada, focada e replicável, potencialmente capaz de obter benefícios relevantes. (Olazarán e Clare, 2007).
Foi demonstrado, após várias pesquisas, que as mudanças na ativação cerebral são significativas após a realização de uma reabilitação cognitiva eficaz.
Não se deve esquecer que a reabilitação deve ser feita em equipe, tendo sempre em mente a existência de três figuras essenciais em um tratamento reabilitador. Em primeiro lugar, o paciente, depois a família e, em terceiro lugar, uma equipa de profissionais que trabalha numa perspectiva multidisciplinar.
Para quem é a reabilitação cognitiva?
A reabilitação cognitiva torna-se relevante em diferentes patologias neuropsicológicas, neurológicas e psiquiátricas, como traumatismos cranianos (TCE), acidentes cerebrovasculares (AVC), tumores cerebrais, demências, esclerose múltipla, esquizofrenia…
Os processos cognitivos nos quais intervir são: linguagem, memória, atenção, práxis, gnose e funções executivas. Para além da importância de intervir nos problemas de anosognosia, desconhecimento dos défices, tendo sempre presente que o tratamento deve visar uma intervenção que integre as três esferas da pessoa "biopsicossocial", que são estar sempre inter-relacionado.
Quais foram as primeiras abordagens para a reabilitação cognitiva?
Foi na Alemanha no início do século passado, quando um psicólogo e neurologista chamado Walther Poppelreuter, começou a investigar com os soldados sobreviventes da Primeira Guerra Mundial, que deixou sua marca em alguns veteranos na forma de danos cerebrais.
A partir desse momento, Propperleur passou a investigar e contrastar que a realização de determinadas atividades de treinamento cognitivo em pessoas que sofreram lesão cerebral melhorou o desempenho desses soldados em testes psicométricos.
A partir dos estudos de Poppelreuter, passou a ser dada importância a esse tipo de técnicas, que poderiam ser realizadas para melhorar o processo de recuperação de danos cerebrais ou, como veremos a seguir, desacelerar um processo neurodegenerativo.
Reabilitação cognitiva e estimulação cognitiva são a mesma coisa?
Vários autores explicitam a diferenciação entre esses dois termos. Em um nível conceitual, a reabilitação se referiria a uma recuperação da função, e por outro lado, a estimulação seria mais voltada para a manutenção ou exercício dessa função.
Um exemplo claro do uso diferenciado desses dois termos é visto no tratamento de doenças neurodegenerativas (como seria no caso das demências, entre outras), onde segundo os especialistas é mais adequado referir-se à estimulação cognitiva.
Por se tratar de um processo degenerativo, a função não é recuperada, mas o objetivo estaria focado em retardar o processo de degeneração da doença e minimizar os efeitos que se refletirão nas funções cognitivas da pessoa.
A importância da plasticidade cerebral quando falamos em reabilitação cognitiva
Não podemos nos aprofundar no termo reabilitação cognitiva sem antes explicar o que é a plasticidade cerebral e a importância que terá para realizar um tratamento de reabilitação cognitiva.
A plasticidade cerebral é uma característica do nosso cérebro pela qual, após o dano orgânico, nosso cérebro é capaz de se regenerar e se reorganizar, mesmo depois de vários meses após o dano sofrido.
O cérebro fica mais plástico dependendo da idade da pessoa, há uma correlação inversa com a maturidade cerebral, ou seja, o cérebro vai ficar mais plástico em idades mais jovens.
Deve-se notar que em estudos recentes relacionados à plasticidade cerebral, foi demonstrado que nosso cérebro continua a manter essa capacidade, embora em menor grau ao longo dos anos. No entanto, a plasticidade cerebral ainda está presente em pessoas com idades mais avançadas.
Quais são os objetivos da reabilitação cognitiva?
Em primeiro lugar, devemos levar em consideração nossas expectativas, variáveis e fatores prognósticos, pois muitas serão as causas que condicionarão a reabilitação cognitiva.
Alguns desses fatores referem-se à idade, ao quadro clínico, ao intervalo entre a lesão e a reabilitação, a presença de distúrbio associado a lesão cerebral e motivação pessoal, entre outros fatores.
Os principais objetivos que se apresentam são: reduzir os déficits cognitivos que ocorrem após a lesão cerebral, promover a integração nas diferentes áreas da vida da pessoa, maximizar o grau de autonomia e independência da pessoa, treinar em estratégias como aprendizagem livre de erros, visualização, recuperação espaçada, etc.
Todos esses objetivos visam aumentar a qualidade de vida tanto do paciente quanto de seus familiares e cuidadores.
Exemplos de diferentes técnicas de reabilitação cognitiva
Uso de cartões de “lápis e papel”, que é conhecido como reabilitação cognitiva tradicional, onde a pessoa realiza exercícios de escrita, leitura, cancelamento… dependendo da habilidade cognitiva que deseja trabalhar.
Outra modalidade de reabilitação cognitiva seria por meio de material específico e adaptado, onde o profissional seleciona fichas de trabalho, objetos do cotidiano ou qualquer ferramenta ecológica que possa ser utilizada para a realização dos exercícios que são propostos na sessão de reabilitação cognitiva.
Atualmente, a estimulação cognitiva por computador (ECO) também é realizada utilizando novas tecnologias, computadores, aplicativos móveis…
Esta última traz algumas vantagens em relação à estimulação tradicional, pois é possível trabalhar com estímulos mais atrativos e motivadores para o paciente e, em nível profissional, a precisão de algumas variáveis como exposição ou tempo de reação e também o registro podem ser mais facilmente controlados. do nível quantitativo.
Referências
- Wilson, BA: Desenvolvimentos Recentes em Reabilitação Neuropsicológica, 2006.
- Bach –and- Rita, P.: Base teórica para a plasticidade cerebral após um TBI (University of Wisconsin- Madison, Madison, USA 2003).
- The Effectiveness of Rehabilitation for Cognitive Deficits Escrito por Peter W. Halligan, Derick T. Wade (2005).
- http://exclusive.multibriefs.com/content/
- http://www.sciencedaily.com/releases/2015/07/150708131446.htm.