A anarquia militar do Peru foi um período entre 1842 e 1845 em que os chefes militares disputavam o governo do país, sem que nenhum deles pudesse exercer plenamente sua posição.
Pode-se dizer que a origem da anarquia militar começa em 1839, quando Agustín Gamarra Messia é eleito pela segunda vez presidente do Peru.
Agustín Gamarra
Gamarra era um militar peruano conservador. Durante seu primeiro mandato, ele já havia fracassado na tentativa de unificar as nações do Peru e da Bolívia em uma única nação. Declarou guerra à Bolívia e em 1941 invadiu esta nação, chegando à cidade de La Paz em outubro.
Os bolivianos, que se enfrentavam entre si, deixaram de lado suas disputas para se reunirem na planície do Ingavi sob o comando do General Ballivian, onde enfrentariam as forças peruanas e Gamarra seria assassinado.
Manuel Menendez
Após a morte de Gamarra em novembro de 1941, Manuel Menéndez, que ocupava o cargo de presidente do conselho de estado, é reconhecido como presidente provisório.
Ele teve que enfrentar a Bolívia depois que eles invadiram a nação peruana. Finalmente, ele consegue um acordo de paz assinando o Tratado de Puno em 1842.
Por outro lado, ele assinou um decreto de anistia, que permitiu o retorno dos exilados que estavam no Chile e na Bolívia. Entre eles, o general Juan Crisóstomo Torrico, exilado no Chile em 1841 após conspirar contra o presidente Gamarra.
Ao retornar ao Peru, foi nomeado general do exército do norte e finalmente depôs Menéndez, proclamando-se Chefe Supremo. Porém, no sul, o exército se pronuncia a favor do prefeito do departamento de Cuzco, o general Juan Francisco Vidal de la Hoz.
Vidal liderou o exército do sul numa campanha militar contra Torrico, enfrentando-o na batalha de Água Santa, onde este foi derrotado e novamente forçado ao exílio.
O diretório
O conselho de administração foi considerado um regime autoritário liderado por um diretor supremo. Os personagens principais envolvidos neste novo regime foram Vidal e Vivanco.
Vidal
Vidal exerceu seu cargo apenas por alguns meses, já que quem quer que fosse seu ministro da Guerra, o general Manuel Ignacio de Vivanco, reuniu forças contra Vidal.
Vidal, para evitar uma nova guerra civil, renuncia, entregando o poder a Justo Figuerola.
Este mandato de Figuerola durou apenas 2 dias, quando uma multidão se reuniu em frente à sua casa exigindo sua renúncia. Por isso, pediu à filha que jogasse a faixa presidencial da varanda.
Vivanco
Vivanco iniciou seu governo em 7 de abril de 1843, proclamando-se diretor supremo da república, e estabelecendo um regime conservador e aristocrático que ele denominaria "O Diretório".
Este período foi de excessivo autoritarismo; não levou em consideração o congresso e nomeou sua própria assembleia constituinte. Também reduziu o número de forças que compunham o exército para evitar revoltas futuras.
A revolução constitucionalista
O Grande Marechal Domingo Nieto, por sua vez prefeito do departamento de Moquegua, não aceitou a rebelião do general Vivanco. Ele foi um dos muitos exilados por este último.
No entanto, em maio de 1943 ele deu início a um levante, organizando milícias e membros do exército regular.
Por outro lado, o grande marechal Ramón Castilla rebelou-se em Tarapacá e juntos enfrentaram o regime de Vivanco em batalhas como a de San Antonio e a batalha de Pachía.
Vivanco reuniu suas forças e se deslocou para a cidade de Arequipa, onde teve forte apoio da população. Seu vice-presidente, Domingo Elías, até então fiel à Junta, aproveita a saída de Vivanco da capital e se autoproclama Chefe Político e Militar da República.
Ele governou durante a semana de 17 a 24 de junho na que seria chamada de Semana Magna.
O fim da anarquia
Finalmente, em 22 de junho de 1844, as forças de Ramón Castilla e Manuel Ignacio de Vivanco se encontraram na Batalha de Carmen Alto em Arequipa, onde as forças de Vivanco foram derrotadas.
Vivanco consegue escapar e finalmente é exilado para o Chile. Castela, vendo-se vitoriosa, restabeleceu a constituição de 1839. Após um período de mandato provisório de Justo Figuerola, Manuel Menéndez retoma o comando da nação em 7 de outubro de 1844.
Menéndez governou até abril de 1845. Em seguida, convocou eleições, onde seria eleito o grande marechal Ramón Castilla, cumprindo seu mandato como presidente constitucional da república de 20 de abril de 1845 a 20 de abril de 1851.
Referências
- Aljovin, C. (2000). Caudillos e Constituições. Peru 1821-1845. Fundo de Cultura e PUCP Economica.
- Basadre, J. (1987). Peru: problema e possibilidade. Lima: Estádio da Biblioteca.
- Chocano, M. (2006). Liderança e militarismo na tradição interpretativa da historiografia peruana. Iberoamericana, 7-21.
- Hunefeldt, C. (2010). Uma breve história do Peru. Fatos em arquivo.
- Klarens, P. (2004). Estado e nação na história do Peru. Edições IEP.
- Tamariz, D. (1995). História de poder, eleições e golpes no Peru. Lima: Jaime Campodonico.