- Objetivo da circulação portal
- -Substâncias que são transportadas através de sistemas de portal
- Porta hepática
- Portal hipotalâmico-hipofisário
- Anatomia do sistema de portal
- Sistema portal hepático
- Sistema portal hipotálamo-hipofisário
- Patologia do sistema de portal
- Sintomas de hipertensão portal
- Tratamento
- Referências
O sistema portal é um tipo de circulação especializada que conecta duas estruturas anatômicas para transportar substâncias específicas além de nutrientes e oxigênio. É um tipo de circulação muito especializado, presente em regiões muito específicas onde cumpre uma função bem definida, aliás no homem existem apenas dois sistemas portais: o hepático e o hipotálamo-hipofisário.
A principal característica da circulação portal é que ela começa e termina em capilares venosos. Ela difere da circulação sistêmica geral porque esta geralmente começa nos componentes arteriais que diminuem progressivamente de calibre; alcançado o nível dos capilares arteriais, começa a ser construído o segmento venoso do circuito, desde os capilares venosos, passando pelas vênulas até chegar às veias.
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Por outro lado, os sistemas portais começam como capilares venosos que emergem de uma estrutura, unem-se para formar uma veia, que novamente se divide em centenas de capilares venosos na outra extremidade do sistema.
Outra característica particular da circulação portal é que se trata de um sistema exclusivamente venoso, ou seja, não há artérias envolvidas na formação do sistema.
Objetivo da circulação portal
Em geral, a circulação sistêmica possui dois componentes, um arterial, que transporta oxigênio e nutrientes para os tecidos, e um venoso, que coleta os resíduos que serão eliminados no fígado e nos rins, levando também o sangue não oxigenado ao pulmão onde ocorrerá a troca. dióxido de carbono para oxigênio.
No entanto, quando substâncias específicas que não sejam oxigênio e nutrientes precisam ser transportadas entre duas regiões anatômicas distantes, é necessário que o corpo as "canalize" para um sistema de transporte específico e direto.
Desta forma, as substâncias a serem transportadas não se espalham pelo corpo através da circulação geral, mas vão do ponto A ao ponto B de forma ágil.
Por ser um tipo de circulação muito especializado, os sistemas portais não são comuns em humanos; na verdade, existem apenas dois:
- Sistema portal hepático
- Sistema portal hipotálamo-hipófise
-Substâncias que são transportadas através de sistemas de portal
De acordo com sua localização anatômica, a circulação portal é destinada ao transporte de substâncias específicas entre dois pontos-alvo, conforme indicado a seguir:
Porta hepática
Seu objetivo é transportar os macronutrientes absorvidos no intestino para o fígado, onde serão convertidos em produtos aproveitáveis pelo restante dos órgãos e sistemas.
Portal hipotalâmico-hipofisário
Constitui uma conexão direta de sangue entre duas áreas do sistema nervoso central que se comunicam e se regulam entre mediadores químicos.
Os hormônios indutores liberados no hipotálamo alcançam a hipófise diretamente através da circulação portal hipotálamo-hipofisária. Uma vez lá, eles induzem a produção de hormônios específicos na pituitária anterior, que são liberados na circulação.
Através da circulação sistêmica, esses hormônios chegam ao hipotálamo onde inibem a produção do hormônio indutor (sistema de feedback negativo).
Anatomia do sistema de portal
O denominador comum da circulação portal é o fato de ser venosa e começar e terminar em uma rede capilar, porém, dependendo de sua localização, a anatomia de cada sistema portal varia significativamente.
Sistema portal hepático
Os capilares que lhe dão origem encontram-se na submucosa do intestino delgado onde os nutrientes absorvidos no intestino chegam à circulação.
Esses capilares se unem para dar origem a vênulas na espessura da parede intestinal, que por sua vez convergem para formar uma complexa rede venosa no meso intestinal.
Todas essas veias convergem para formar as veias mesentéricas superior e inferior, que em seu curso se unem, recebendo também a veia esplênica e ocasionalmente a veia gástrica esquerda, dando origem à veia porta.
A veia porta corre em relação direta com a face posterior do pâncreas, então sobe paralela ao ducto biliar e à artéria hepática, onde se divide em ramos lobares esquerdo e direito.
Os ramos lobulares são subdivididos por sua vez em ramos segmentares para finalmente darem seus ramos terminais ao nível dos sinusóides hepáticos, onde finalmente o sangue pode liberar os nutrientes para os hepatócitos para serem processados.
O sistema porta hepático é grande e complexo, estendendo-se por uma distância considerável na cavidade abdominal e transportando grandes quantidades de nutrientes.
Sistema portal hipotálamo-hipofisário
Ao contrário de sua contraparte hepática, o portal hipotálamo-hipofisário é um sistema muito curto e localizado; na verdade, a veia hipotálamo-hipofisária tem menos de 1 cm de comprimento.
Apesar de sua importância, os detalhes anatômicos desse sistema não são tão bem compreendidos quanto os do portal hepático. Porém, de maneira geral, pode-se dizer que os capilares que dão origem a esse sistema estão localizados na espessura do hipotálamo, onde recebem os hormônios indutores que devem ser transportados até a hipófise.
Os diferentes capilares que compõem essa ampla rede se unem para dar origem à veia porta hipotálamo-hipofisária, que corre paralela ao pedículo hipofisário.
Quando atinge o lobo anterior da hipófise, essa veia se divide novamente em vários milhares de capilares venosos que transportam os hormônios indutores diretamente para as células efetoras localizadas na adeno-hipófise.
Patologia do sistema de portal
A doença mais conhecida que afeta o sistema porta é a hipertensão portal, que ocorre no sistema porta hepático.
A hipertensão portal ocorre quando há obstrução dos capilares de saída na extremidade hepática do sistema. A obstrução pode ser antes dos capilares sinusoidais, nos próprios capilares, ou além deles, nas veias hepáticas.
Quando a obstrução está localizada antes dos capilares sinusoidais, a hipertensão portal é classificada como pré-sinusoidal, sendo a principal causa a esquistossomose (anteriormente conhecida como bilharzia).
Nessa doença, as formas adultas do esquistossomose (uma planície) chegam às vênulas mesentéricas, estabelecendo-se nelas para completar seu ciclo de vida.
A presença desses pequenos vermes que não ultrapassam 10 mm de comprimento obstrui os plexos capilares, aumentando a pressão entre a origem do sistema porta e o ponto de obstrução.
Nos casos em que o problema está localizado no capilar sinusoidal hepático (hipertensão portal sinusoidal), a razão é geralmente fibrose associada à cirrose (que por sua vez induz esclerose dos elementos vasculares) ou câncer de fígado com a destruição associada do estruturas anatômicas.
Finalmente, quando a obstrução está localizada além dos capilares portais terminais, nas veias supra-hepáticas ou na cava inferior, é referida como hipertensão portal pós-sinusoidal, sendo a causa mais comum a trombose das veias supra-hepáticas e a síndrome de Budd-Chiari.
Sintomas de hipertensão portal
A hipertensão portal é clinicamente caracterizada pela presença de ascite (líquido livre na cavidade abdominal) associada ao desenvolvimento de rede venosa colateral ao sistema portal.
Essa rede venosa é encontrada no reto (plexos hemorroidais), no esôfago (veias cardioesofágicas) e na parede abdominal (veias epigástricas).
Dependendo do tipo de hipertensão, outros sintomas podem estar associados, sendo os mais frequentes icterícia (coloração amarelada da pele e das mucosas) nos casos de hipertensão portal sinusoidal e edema de membros inferiores nos casos de hipertensão portal pós-sinusoidal.
Tratamento
O tratamento da hipertensão portal deve ser direcionado à correção da causa, sempre que possível; quando isso não puder ser realizado, tratamentos paliativos devem ser escolhidos para reduzir a pressão no sistema.
Para isso, existem várias técnicas cirúrgicas que compartilham uma característica em comum: a criação de um shunt porto-sistêmico para aliviar a pressão sobre o sistema porta.
Referências
- Marks, C. (1969). Base de desenvolvimento do sistema venoso portal. The American Journal of Surgery, 117 (5), 671-681.
- Pietrabissa, A., Moretto, C., Antonelli, G., Morelli, L., Marciano, E., & Mosca, F. (2004). Trombose no sistema venoso portal após esplenectomia laparoscópica eletiva. Surgical Endoscopy and Other Interventional Techniques, 18 (7), 1140-1143.
- Doehner, GA, Ruzicka Jr, FF, Rousselot, LM, & Hoffman, G. (1956). O sistema venoso portal: em sua anatomia patológica de roentgen. Radiology, 66 (2), 206-217.
- Vorobioff, J., Bredfeldt, JE, & Groszmann, RJ (1984). Aumento do fluxo sanguíneo através do sistema portal em ratos cirróticos. Gastroenterology, 87 (5), 1120-1126.
- Popa, G., & Fielding, U. (1930). Uma circulação portal da hipófise à região hipotalâmica. Journal of anatomy, 65 (Pt 1), 88.