- Origem
- O pessimismo do exílio
- Caracteristicas
- Primeira fase: teoria social crítica
- Desenvolvimento do indivíduo
- Economia política
- Cultura
- Segunda etapa: crise teórica
- Terceiro estágio: filosofia da linguagem
- Representantes e suas ideias
- Max Horkheimer (1895-1973)
- Theodor Adorno (1903-1969)
- Herbert Marcuse (1898-1979)
- Jürgen Habermas (1929-)
- Referências
A teoria crítica é uma escola de pensamento que, com base nas humanidades e nas ciências sociais, avalia e julga os acontecimentos sociais e culturais. Ele nasceu dos filósofos que faziam parte da Escola de Frankfurt, também conhecida como Instituto de Pesquisas Sociais.
Esses filósofos são confrontados com a teoria tradicional, que se orienta pelos ideais das ciências naturais. Em vez disso, a teoria crítica estabelece as bases normativas e descritivas para a investigação social com o objetivo de aumentar a liberdade e diminuir a dominação dos seres humanos.
Max Horkheimer e Theodor Adorno
Essa teoria faz parte de uma filosofia materialista da história, bem como de uma análise realizada por meio de ciências especializadas para gerar uma investigação interdisciplinar. Por isso, inicialmente se relacionou com a pesquisa sociológica e filosófica, e depois se concentrou na ação comunicativa e na crítica literária.
No entanto, deve-se destacar que ao longo do tempo essa teoria se expandiu para outras ciências sociais, como educação, linguística, psicologia, sociologia, semiótica, ecologia, entre outras.
Origem
A teoria crítica se origina da Escola de Frankfurt em 1920. Seu ideólogo é Max Horkheimer, que argumenta que essa teoria deve buscar a emancipação humana da escravidão. Além disso, ele deve trabalhar e influenciar para criar um mundo onde o homem tenha suas necessidades satisfeitas.
Esta posição está enquadrada em uma análise neomarxista da situação capitalista na Alemanha Ocidental, uma vez que este país havia entrado em um período em que o governo interveio na economia, embora houvesse um domínio marcante de monopólios em expansão.
Portanto, a escola de Frankfurt examinou a experiência da União Soviética. No entanto, exceto nos contextos agrários russos, no resto dos países industrializados o proletariado não promoveu nenhuma revolução, como Marx argumentou.
Por isso os intelectuais de esquerda se encontram em uma encruzilhada: ou mantêm um pensamento objetivo, autônomo e livre de compromissos, ou dão respostas a um compromisso político e social sem se comprometer com nenhum partido.
O pessimismo do exílio
Em 1933, quando Hitler e o Nacional-Socialismo chegaram ao poder na Alemanha, a escola mudou-se para a Universidade de Columbia em Nova York. A partir daí começou uma mudança em direção ao que Frankenberg desenvolveu como uma "filosofia da história pessimista".
Nele aparece o tema da alienação da espécie humana e sua reificação. É a partir daí que o foco da pesquisa é deslocado da sociedade e cultura alemã para a americana.
No entanto, a teoria crítica como escola parecia estar chegando ao fim. Tanto Adorno quanto Horkheimer voltaram para a Alemanha, especificamente para a Universidade de Frankfurt, enquanto outros membros, como Herbert Marcuse, permaneceram nos Estados Unidos.
Foi Jünger Habermas quem, por meio da filosofia da linguagem, conseguiu dar um direcionamento diferente à teoria crítica.
Caracteristicas
Para conhecer as características da teoria crítica, é necessário enquadrá-la nas duas etapas da Escola de Frankfurt e suas investigações.
Primeira fase: teoria social crítica
Horkheimer formulou sua teoria crítica pela primeira vez em 1937. Sua posição quanto à busca de soluções coerentes para os problemas sociais - do ponto de vista sociológico e filosófico - baseia-se no marxismo heterodoxo.
É por isso que a teoria crítica adequada deve atender a três critérios ao mesmo tempo: explicação, praticidade e normatividade.
Isso implica que o que está errado na realidade social deve ser identificado e depois mudado. Isso é conseguido facilitando as normas para a crítica e, por sua vez, criando metas viáveis para a transformação social. Até meados da década de 1930, a Escola de Frankfurt priorizou três áreas:
Desenvolvimento do indivíduo
A pesquisa enfocou as causas que produzem a submissão dos indivíduos e da força de trabalho à dominação centralizada.
Eric Fromm é quem deu a resposta ligando a psicanálise às ideologias sociológicas marxistas. Além disso, seus estudos sobre autoridade e família ajudam a resolver a teoria da personalidade autoritária.
Economia política
Foi Friedrich Pollock quem analisou a economia do capitalismo pós-liberal. Isso o levou a desenvolver a noção de capitalismo de estado, com base em estudos do comunismo soviético e do nacional-socialismo.
Cultura
Esta análise baseou-se na investigação empírica dos estilos de vida e costumes morais dos diversos grupos sociais. O esquema marxista básico foi revisado, contando com a autonomia relativa que a cultura tem como superestrutura.
Segunda etapa: crise teórica
Nesta fase, a escola foi forçada ao exílio e desenvolveu um ponto de vista histórico pessimista. Isso porque, pela experiência do fascismo, seus membros assumiram uma visão cética do progresso e perderam a confiança no potencial revolucionário do proletariado.
Por isso, os temas fundamentais desse período foram baseados na alienação e reificação da espécie humana. Outra característica é que evitavam o uso de termos como "socialismo" ou "comunismo", palavras que são substituídas por "teoria materialista da sociedade" ou "materialismo dialético".
Isso fez com que a escola não fosse unificada, bem como evitou que não houvesse uma teoria que a sustentasse e que ela fizesse a mediação entre uma investigação empírica e um pensamento filosófico.
Terceiro estágio: filosofia da linguagem
O responsável por levar a teoria crítica para o pragmatismo, a hermenêutica e a análise do discurso foi Jürger Habermas.
Habermas colocou a conquista da compreensão na linguagem. Em sua pesquisa mais recente, ele acrescentou a necessidade de converter a linguagem no elemento básico para a reprodução da vida social, pois serve para renovar e transmitir o que se refere ao conhecimento cultural por meio de um procedimento cuja finalidade é a compreensão mútua.
Representantes e suas ideias
Entre os principais ideólogos e representantes da teoria crítica estão os seguintes:
Max Horkheimer (1895-1973)
Filósofo e psicólogo alemão. Em sua obra The Traditional Theory and Critical Theory, de 1937, ele faz um tour pela abordagem das teorias tradicionais sobre os problemas sociais.
Isso o ajuda a ter a perspectiva de como deveria ser uma teoria crítica, focalizando-a na transformação do mundo e não em sua interpretação.
Em seu livro Critique of Instrumental Reason, publicado em 1946, Max Horkheimer critica a razão ocidental por considerá-la atravessada por uma lógica de dominação. Para ele, essa é a causa que determinou sua instrumentalização radical.
Sua verificação se dá na quantidade de meios materiais, técnicos e até humanos que são postos a serviço de objetivos irracionais.
Outra questão fundamental é a relação entre o homem e a natureza. Horkheimer acredita que a natureza é tida como um instrumento do homem e, como não tem propósito na razão, não tem limite.
Por isso, ele argumenta que prejudicá-la implica prejudicar a nós mesmos, além de considerar que a crise ecológica global é a forma como a natureza se rebelou. A única saída é a reconciliação entre razão subjetiva e objetiva, e entre razão e natureza.
Theodor Adorno (1903-1969)
Filósofo e psicólogo alemão. Ele critica o capitalismo por considerá-lo responsável pela degradação cultural e social; essa degradação é causada pelas forças que voltam à cultura e às relações sociais como objeto comercial.
Reconhece que a produção cultural está relacionada à ordem social vigente. Da mesma forma, ele concebe o irracional no pensamento humano, usando as obras de arte como exemplo.
Nesse sentido, para Adorno a obra de arte representa a antítese da sociedade. É um reflexo do mundo real, expresso a partir de uma linguagem artística. Essa linguagem, por sua vez, é capaz de responder às contradições que a linguagem conceitual não pode responder; isso ocorre porque ele está tentando encontrar a correspondência exata entre o objeto e a palavra.
Esses conceitos o levam a se referir à indústria cultural, que é aquela controlada pelas corporações de mídia.
Essa indústria explora bens considerados culturais com o único propósito de obter lucro, e o faz por meio de uma relação vertical com os consumidores, adaptando seus produtos ao gosto das massas para gerar o desejo de consumo.
Herbert Marcuse (1898-1979)
Herbert Marcuse foi um filósofo e psicólogo alemão que argumentou que o capitalismo trouxe um certo bem-estar e melhoria no padrão de vida da classe trabalhadora.
Embora esta melhoria seja minúscula pela realidade, seus efeitos são definitivos, pois assim desapareceu o proletariado e todo movimento contra o sistema foi absorvido pela sociedade até que seja considerado válido.
A causa dessa absorção se deve ao fato de o conteúdo da consciência humana ter sido "fetichizado", segundo conceitos marxistas. Além disso, as necessidades reconhecidas pelo homem são fictícias. Para Marcuse, existem dois tipos de necessidades:
-Real, que vem da natureza do homem.
-Fictícios, que vêm de uma consciência alienada, são produzidos pela sociedade industrial e estão orientados para o modelo atual.
Só o próprio ser humano pode distingui-los, porque só ele sabe quais são os reais dentro dele, mas como a consciência é considerada alienada, o ser humano não pode fazer tanta diferença.
Para Marcuse, a alienação se concentra na consciência do ser humano moderno, e isso implica que você não pode escapar da compulsão.
Jürgen Habermas (1929-)
De nacionalidade alemã, estudou filosofia, psicologia, literatura alemã e economia. Sua maior contribuição foi sua teoria da ação comunicativa. Nisto ele argumenta que a mídia coloniza os mundos da vida, e isso ocorre quando:
-Os sonhos e expectativas dos indivíduos resultam da canalização estatal da cultura e do bem-estar.
-Os modos de vida tradicionais são desarmados.
-Os papéis sociais são bem diferenciados.
-O trabalho alienado é recompensado adequadamente com lazer e dinheiro.
Ele acrescenta que esses sistemas são institucionalizados por meio de sistemas de jurisprudência global. A partir disso, ele define a racionalidade comunicativa como uma comunicação orientada para alcançar, sustentar e rever o consenso, definindo consenso como aquele que se baseia em afirmações de validade criticáveis e reconhecidas intersubjetivamente.
Esse conceito de racionalidade comunicativa permite diferenciar diferentes tipos de discurso, como argumentativo, estético, explicativo e terapêutico.
Outros importantes representantes da teoria crítica em diferentes áreas são: Erich Fromm em psicanálise, Georg Lukács e Walter Benjamín em filosofia e crítica literária, Friedrich Pollock e Carl Grünberg em economia, Otto Kirchheimer em direito e política, entre outros.
Referências
- Agger, Ben (1991). Teoria crítica, pós-estruturalismo, pós-modernismo: sua relevância sociológica. Revisão Anual de Sociologia. Vol: 17, pp. 105-131. Recuperado de Annualreviews.org.
- Agger, Ben; Baldus, Bernd (1999). Teorias sociais críticas: uma introdução. Canadian Journal of Sociology, Volume 24, No. 3, pp. 426-428. Recuperado de jstor.org.
- Bohman, James (2005). Teoria critica. Stanford Encyclopedia of Philosophy. plate.stanford.edu.
- Cortina, Adela (2008). A Escola de Frankfurt. Crítica e utopia. Síntese. Madrid.
- Frankenberg, Günter (2011). Teoria critica. Na Academia. Revista do Ensino de Direito, 9º ano, nº 17, pp. 67-84. Recuperado de right.uba.ar.
- Habermas, Jurgen (1984). A teoria da ação comunicativa. Volume um: Razão e a racionalização da sociedade. Livros da Beacon Press. Boston.
- Habermas, Jurgen (1987). A teoria da ação comunicativa. Volume dois: mundo da vida e sistema: uma crítica da razão funcionalista. Livros da Beacon Press. Boston.
- Hoffman, Mark (1989). Teoria Crítica e Interparadigma. Debate. In: Dyer HC, Mangasarian L. (eds). The Study of International Relations, pp. 60-86. Londres. Recuperado de link.springer.com.
- Horkheimer, Max (1972). Teoria tradicional e crítica. In Critical Theory: Select Essays (New York). Esboço de Philip Turetzky (pdf). Recuperado de s3.amazonas.com.
- Kincheloe Joe L. e McLaren, Peter (2002). Repensando a Teoria Crítica e a Pesquisa Qualitativa. indivíduo. V em: Zou, Yali e Enrique Trueba (eds) Etnografia e Escolas. Abordagens qualitativas para o estudo da educação. Oxford, Inglaterra.
- Martínez García, José Andrés (2015). Horkheimer e sua crítica da razão instrumental: libertando o pensamento independente de suas cadeias. Critério. Leão. Recuperado de exercisedelcriterio.org.
- Munck, Ronaldo e O'Hearn, Denis (eds) (1999). Teoria crítica do desenvolvimento: contribuições para um novo paradigma. Livros Zed. Nova york.