- Características gerais
- Recursos
- Condução de ar
- Defesa do organismo
- Termorregulação
- Partes e histologia
- Camada adventicial da traqueia
- Camada submucosa da traqueia
- Camada mucosa da traqueia
- O epitélio respiratório
- A lâmina própria
- Doenças
- Metaplasia traqueal
- Fístulas traqueoesofágicas
- Infecções ou tumores
- De outros
- Referências
A traqueia é um tubo cilíndrico flexível com cerca de 12-14 cm de comprimento em humanos adultos e cerca de 2 cm de diâmetro. Começa na cartilagem cricóide da laringe e termina bifurcando-se (dividindo-se em dois, como um "Y") e dando origem ao brônquio principal direito e ao brônquio principal esquerdo.
Essa estrutura faz parte do sistema de condução de ar do sistema respiratório do homem e de muitos outros animais vertebrados. Anatomicamente, a traqueia está localizada entre a laringe e o brônquio principal de cada pulmão (direito e esquerdo).
A traqueia começa no final da laringe
O sistema de condução de ar do sistema respiratório humano é composto pelas passagens nasais e cavidade nasal, seios paranasais, faringe (passagem comum para alimentos e ar), laringe (que contém as cordas vocais), traqueia, os brônquios e a estrutura dos tubos e dutos pulmonares.
A função do sistema respiratório é realizar a troca gasosa de oxigênio e dióxido de carbono (CO2) entre o ar que chega aos pulmões e os gases que circulam no sangue sistêmico. Esse processo é denominado “respiração externa”, para diferenciá-lo das trocas tecido-capilares e do consumo de oxigênio e produção celular de CO2, que é conhecido como “respiração interna”.
Sistema respiratório humano
A presença de irritantes na traqueia ou brônquios principais desencadeia o reflexo da tosse, que permite, por meio de uma corrente explosiva de ar, eliminar o irritante e prevenir danos às estruturas pulmonares "a jusante", como o alvéolos pulmonares.
As anomalias traqueais são muito raras, porém existem patologias congênitas como, por exemplo, fístulas traqueoesofágicas, estenoses traqueais, ausência de cartilagem e bifurcações anormais, para citar alguns.
Características gerais
Diagrama anatômico da laringe, traqueia, brônquios e pulmões humanos (Fonte: OpenStax via Wikimedia Commons) A traqueia é um tubo cuja parte posterior é achatada e se estende da parte inferior da laringe até o nível da quarta vértebra dorsal, onde ele bifurca dando origem aos dois brônquios principais.
Histologicamente falando, é composto por três diferentes camadas de tecido, conhecidas como mucosa, submucosa e adventícia.
As células presentes nessas camadas participam da condução do ar e da secreção de muco e da eliminação de substâncias estranhas das vias aéreas.
A respiração consiste em duas fases: inspiração ou entrada de ar e expiração ou saída de ar. Durante a inspiração, a traquéia se alarga em diâmetro e aumenta em comprimento, enquanto na expiração retorna à sua condição normal, ou seja, retorna à condição inicial anterior à inspiração.
Recursos
Condução de ar
A principal função da traqueia é conduzir o ar proveniente do meio ambiente, que chega pelas narinas e laringe, aos brônquios principais e posteriormente aos pulmões.
Defesa do organismo
Outra função importante dessa porção do trato respiratório é eliminar, por meio da varredura ciliar do muco, substâncias estranhas ou partículas suspensas que entram com o ar, evitando que cheguem às partes mais sensíveis ou delicadas do pulmão, ou seja, aos alvéolos pulmonares, que representam os principais locais de trocas gasosas.
A traqueia reage a substâncias irritantes contraindo os músculos lisos a ela associados, desencadeando o reflexo da tosse.
A contração desses músculos consegue a redução do diâmetro da traqueia e, junto com a contração violenta dos músculos expiratórios e a abertura abrupta da glote, ajuda a aumentar a velocidade do fluxo de ar e a eliminação de irritantes.
Termorregulação
Junto com as vias nasais e seios da face, a traqueia participa do aquecimento e umidificação (saturação do vapor d'água) do ar que entra no trato respiratório.
Partes e histologia
A traqueia é composta por três camadas de tecido, que são:
- A mucosa
- A submucosa
- A adventícia
Grande parte da traqueia fica fora do tórax, na parte frontal do pescoço e na frente do esôfago. Em seguida, entra na parte interna do tórax (mediastino), localizando-se atrás do esterno, até atingir o nível da quarta vértebra dorsal, onde se bifurca.
Camada adventicial da traqueia
Esta é a camada mais externa da traqueia, é formada por tecido conjuntivo fibroelástico, cartilagem hialina e tecido conjuntivo fibroso. Ele age fixando a traquéia às estruturas adjacentes, como o esôfago e os tecidos conjuntivos do pescoço.
A camada adventícia é onde estão localizados os anéis traqueais, que são mais de uma dúzia, e são constituídos por cartilagem hialina. Esses anéis têm a forma de um "C" ou ferradura; a parte "aberta" da ferradura é direcionada para a parte posterior da traquéia, ou seja, como se estivesse olhando para a parte dorsal do corpo.
Representação gráfica dos pulmões, traquéia e brônquios (Fonte: tradução Arcadiande: Ortisa via Wikimedia Commons) Entre cada anel cartilaginoso está uma camada de tecido conjuntivo fibroso intermediário. Cada anel, em sua parte posterior, está ligado ao próximo por meio de uma camada de músculo liso conhecido como músculo traqueal. A contração desse músculo reduz o diâmetro da traqueia e aumenta a velocidade do fluxo e o deslocamento de substâncias estranhas.
A disposição dos anéis e do músculo traqueal torna a parte posterior da traquéia plana e a anterior arredondada.
Logo acima de onde ocorre a bifurcação da traqueia, anéis cartilaginosos se unem para circundar completamente as vias aéreas. A cobertura muscular da parte muscular da traqueia é reorganizada formando uma camada separada de fascículos interligados dentro das referidas cartilagens.
Camada submucosa da traqueia
A camada submucosa contém glândulas mucosas e seromucosas embutidas em um tecido fibroelástico denso e irregular. Está localizado espacialmente entre a camada mucosa e a adventícia e é rico em vasos sanguíneos e linfáticos.
Os ductos das glândulas dessa camada são curtos e perfuram a lâmina própria do epitélio, drenando seus produtos em direção à superfície interna da traquéia.
Camada mucosa da traqueia
É a camada que cobre a porção interna da traqueia (camada de cobertura) e é separada da submucosa por um feixe de fibras elásticas bastante grossas. É composto por um epitélio respiratório (epitélio pseudoestratificado ciliado) e uma lâmina própria de tecido conjuntivo subepitelial.
O epitélio respiratório
É composto de vários tipos de células, incluindo células caliciformes, células cilíndricas ciliadas, outras células em escova, células basais, células serosas e células do sistema neuroendócrino difuso.
Todas essas células atingem a membrana basal, mas nem todas chegam ao lúmen da traqueia (o espaço interno do ducto). As mais abundantes são as células colunares ciliadas, células caliciformes e células basais.
- As células ciliadas cilíndricas, como o nome indica, são células com membrana plasmática apical diferenciada em cílios e microvilosidades, cujo movimento é para cima, ou seja, de baixo para cima ou em direção à via nasofaríngea.
A principal função dessas células é "facilitar" o movimento do muco e das partículas nele contidas para fora da traqueia.
- As células caliciformes são responsáveis pela produção do mucinogênio, que é um dos principais componentes do muco e, no aparelho respiratório, são células de base estreita e parte superior expandida, ricas em grânulos secretores carregados de mucina.
- As células basais são curtas e aderem à membrana basal, mas não atingem a superfície luminal da mucosa. As células-tronco são consideradas para a regeneração de células caliciformes, células ciliadas e células em escova.
- As células serosas são as menos abundantes na mucosa traqueal. São células cilíndricas que possuem microvilosidades e grânulos apicais carregados com o fluido seroso eletrodenso que secretam.
- As células em escova, assim como as células serosas, encontram-se em proporção muito baixa. Eles também têm microvilosidades altas e alguns pesquisadores sugerem que eles podem ter funções sensoriais, já que foram associados às terminações nervosas.
- As células do sistema neuroendócrino difuso, também conhecidas como “pequenas células granulares”, são escassas na mucosa. Estes contêm grânulos que são aparentemente liberados nos espaços do tecido conjuntivo da lâmina própria, secreções que parecem controlar as funções de outras células do epitélio respiratório.
A lâmina própria
Essa camada é composta de tecido conjuntivo fibroelástico frouxo e contém tecidos linfoides, como linfonodos, linfócitos e também neutrófilos. Algumas glândulas seromucosas e muco também são encontrados na lâmina própria.
Doenças
Como todo tecido orgânico, a traquéia é suscetível a certas alterações conformacionais causadas por problemas congênitos, por infecções e tumores benignos ou malignos e por alterações em sua estrutura devido à inalação contínua de irritantes.
Metaplasia traqueal
Uma das alterações mais frequentes da traqueia é a metaplasia traqueal, que consiste na redução do número de células ciliadas na mucosa e no aumento das células caliciformes produtoras de muco, típicas do tabagismo crônico ou exposição recorrente ao pó de carvão.
O aumento do número de células caliciformes aumenta a espessura da camada de muco, mas a diminuição do número de células ciliadas reduz sua eliminação pelo ducto traqueal, resultando em congestão crônica das vias aéreas e dos pulmões.
Fístulas traqueoesofágicas
Dentre as alterações congênitas da traqueia, vale citar as fístulas traqueoesofágicas, que são condutos anormais que conectam a traqueia ao esôfago; estenose traqueal (redução congênita do diâmetro da traqueia); agenesia da cartilagem (ausência de cartilagem traqueal que causa o colapso e fechamento da traqueia), entre outros.
Infecções ou tumores
Outras patologias traqueais estão relacionadas com infecções de origem viral ou bacteriana, ou o desenvolvimento de tumores benignos ou carcinomatosos.
De outros
Por fim, existem alterações associadas às cicatrizes retráteis que ocorrem na traquéia por lesões penetrantes ou traqueostomia, intervenção em que um tubo é colocado dentro da traqueia para conectar pacientes que necessitam de respiração assistida por longos períodos.
Essas cicatrizes produzem estreitamento local da traquéia que pode causar dificuldade para respirar e que deve ser tratada cirurgicamente.
Referências
- Ganong, WF (1980). Manual de fisiologia médica.
- Gartner, LP e Hiatt, JL (2006). Livro-texto colorido de histologia ebook. Elsevier Health Sciences.
- Johnson, K. (1991). Histology and Cell Biology (2ª ed.). Baltimore, Maryland: The National medical series for independent study.
- Netter, FH, & Colacino, S. (1989). Atlas da anatomia humana. Ciba-Geigy Corporation.
- Ross, M., & Pawlina, W. (2006). Histologia. A Text and Atlas with correlated cell and molecular biology (5th ed.). Lippincott Williams & Wilkins.