- Como funciona o ecstasy?
- Efeitos de ecstasy em curto prazo
- 1- Estado emocional positivo
- 2- Sociabilidade
- 3- Autoconsciência emocional
- 4- Alteração da memória anterógrada e retrógrada
- 5- Alteração da percepção
- 6- Sintomas simpaticomiméticos
- 7- Sintomas neurológicos
- 8- Aumento dos níveis de energia
- 9- Altos níveis de excitação sexual
- Efeitos da overdose de ecstasy
- Efeitos de ecstasy a longo prazo
- Referências
O Ecstasy, também conhecido como MDMA ou 3,4 metileno-dioximetanfetamina, é uma droga sintética que promove euforia e laços sociais. Os efeitos do ecstasy são principalmente estimulantes e alucinógenos, tornando-o uma droga amplamente utilizada para uso recreativo e festas de longa duração.
Os laboratórios Merk o sintetizaram pela primeira vez por volta de 1912 com a intenção de criar uma droga para reduzir o apetite. Na década de 1980, foi tornado ilegal por seus efeitos perigosos e abuso sobre os jovens.
Atualmente, o ecstasy está entre as drogas ilícitas recreativas mais conhecidas, sendo a segunda droga mais usada depois da maconha em alguns países. Aparentemente, desde a década de 90 até os dias atuais, seu uso tem aumentado progressivamente, principalmente na Europa e nos Estados Unidos (Miñarro, Aguilar e Rodríguez).
Quando o ecstasy é ingerido, ele atravessa a barreira hematoencefálica muito rapidamente para se distribuir por todo o sistema nervoso central (Molero Chamizo, 2005).
Este medicamento começa a agir rapidamente, em cerca de 20-30 minutos. Geralmente é administrado por via oral e os efeitos duram entre 2 e 8 horas. Existem diferentes tipos de efeitos: os observados logo após a ingestão de ecstasy, os efeitos a longo prazo e os causados por overdose.
Como funciona o ecstasy?
Para uma melhor compreensão dos efeitos do ecstasy, é necessário explicar como ele se exerce. Essa droga atua no sistema nervoso modificando a atividade de dois neurotransmissores fundamentais para o nosso corpo: a serotonina e a dopamina.
Esses neurotransmissores estão relacionados ao humor (especialmente prazer), ciclos de sono, apetite e frequência cardíaca.
Parece que as propriedades psicoestimulantes (como a sensação de energia) são devidas a efeitos dopaminérgicos. Enquanto aumenta o acúmulo de serotonina, já o ecstasy impede que seja reabsorvido pelas células nervosas. Além disso, estimula a liberação dessa substância. Como se não bastasse, um aumento na liberação de serotonina produz uma maior atividade do neurotransmissor dopamina (Molero Chamizo, 2005).
O resultado final é uma hiperatividade serotonérgica e dopaminérgica significativa que produzirá efeitos múltiplos em nosso corpo: alguns desejados e agradáveis, outros não tão agradáveis.
A seguir, você pode descobrir todos os efeitos que o ecstasy produz a curto e longo prazo.
Efeitos de ecstasy em curto prazo
1- Estado emocional positivo
O uso de ecstasy causa um rápido estado emocional positivo por meio da elevação do humor. O indivíduo quando está sob sua influência pode sentir euforia, bem-estar, satisfação consigo mesmo e com o mundo. Este efeito antidepressivo está intimamente ligado ao aumento da atividade serotonérgica em áreas do cérebro relacionadas às emoções.
2- Sociabilidade
A principal propriedade psicoativa que se destaca no êxtase é a capacidade de induzir empatia, que é chamada de efeito entactogênico ou empatogênico. Assim, a pessoa sente uma forte proximidade afetiva em relação aos sentimentos e comportamentos dos outros.
É por isso que não é incomum que vivam experiências de forte conexão emocional e intimidade com praticamente estranhos. Outros efeitos são a desinibição, uma sensação de segurança e tagarelice que facilitam o contato social.
3- Autoconsciência emocional
Além de produzir empatia pelos outros, o êxtase cria uma sensação de autoaceitação e autoconsciência emocional. Muitos pensam que essa substância favorece o acesso à consciência e ajuda a resolver os conflitos emocionais que nos atormentam.
Tem sido usado em certas terapias psicanalíticas, visto que deve evocar experiências traumáticas reprimidas e assumi-las com intenso controle emocional.
4- Alteração da memória anterógrada e retrógrada
Ou seja, quando sob a influência do êxtase, pode ser difícil lembrar de eventos ocorridos no passado (déficit de memória retrógrada).
Da mesma forma que existem dificuldades para aprender novas informações (problemas de memória anterógrada), os usuários podem apresentar "lacunas" e não se lembrar bem do que aconteceu quando tomaram essa substância.
5- Alteração da percepção
Embora não atue como um alucinógeno, ele compartilha algumas propriedades farmacológicas com a mescalina. Por esse motivo, os indivíduos que o consomem afirmam sentir distorções na percepção sensorial; bem como no espaço e no tempo.
Essa droga "refina" e exalta os sentidos, e faz com que as características do ambiente sejam intensamente captadas. Além disso, interpretações agradáveis estão associadas aos estímulos que são percebidos.
Por outro lado, o êxtase transforma a percepção temporal, de modo que o indivíduo pode sentir que não tem consciência do tempo ou que para.
6- Sintomas simpaticomiméticos
Eles são nomeados devido aos efeitos produzidos por substâncias que aumentam a atividade do sistema simpático. É o encarregado de ativar os músculos lisos, o coração e as diferentes glândulas do corpo.
Os principais efeitos simpaticomiméticos do ecstasy são: aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, arritmias (alterações na frequência cardíaca), dilatação das pupilas (midríase), tensão muscular, sudorese excessiva (diaforese) e boca seca.
Outros sintomas secundários, como sintomas gastrointestinais (náuseas e diarreia), cãibras musculares, aumento da temperatura corporal (incluindo febre), calafrios, visão turva e sensação de desmaio também são observados.
7- Sintomas neurológicos
Os sintomas neurológicos mais comuns do êxtase são perda de apetite, tremores ou insônia; pois é uma substância excitante.
É muito comum observar tensão na musculatura da mandíbula em pessoas que consumiram essa droga. Assim, ocorrem contrações involuntárias nesses músculos que levam a limitações na abertura da boca. Isso é chamado de lockjaw. Por outro lado, bruxismo, que significa cerrar ou ranger os dentes, é comum.
8- Aumento dos níveis de energia
Por causa dos componentes interessantes e do prazer que isso causa em seus usuários, eles podem sentir que têm uma grande energia. Portanto, é uma substância muito utilizada em festivais de música e festas rave que podem durar de 24 a 48 horas. Também produz um aumento no estado de alerta e concentração.
No entanto, esse sentimento não é real e mascara as reais necessidades do corpo. Este precisa de repouso, hidratação e alimentação adequada. Não é surpreendente, portanto, que em situações de abuso tenham ocorrido casos de morte.
9- Altos níveis de excitação sexual
Os efeitos da conexão percebida com as pessoas no ambiente, maior sensibilidade tátil, bem-estar e diminuição da ansiedade aumentam a excitação sexual. Assim, essa droga promove altos níveis de desejo sexual, tantos que a ingerem buscam esse tipo de contato físico.
Não é incomum que o ecstasy seja usado como afrodisíaco para facilitar o abuso sexual e o estupro. No entanto, é importante saber que, embora melhore o desejo, prejudica o desempenho sexual. Os homens podem ter problemas para obter uma ereção, enquanto as mulheres podem sofrer de falta de lubrificação.
Ambos os sexos tendem a ter dificuldade em atingir o orgasmo sob a influência desta droga.
Muito menos frequentemente, alguns usuários podem sentir outros efeitos, como tonturas, náuseas, vômitos, dificuldades de atenção, concentração e linguagem; e até mesmo ideias paranóicas.
Efeitos da overdose de ecstasy
O ecstasy é uma droga perigosa e seus usuários podem querer tomá-lo novamente quando seus efeitos estiverem passando. Isso ocorre porque os níveis de serotonina são reduzidos e o bem-estar se transforma em depressão e irritabilidade.
Por esse motivo, muitos podem tomar mais de uma dose por vez ou consumir sempre que perceberem a "queda" nos efeitos. Esta prática pode levar a uma overdose, caracterizada por:
- Pressão alta.
- Náuseas, vômitos e diarréia.
- Alucinações visuais e auditivas.
- Ataques de pânico.
- Apreensões.
- Desorientação e confusão.
- Perda de consciência.
- Aumento extremo da temperatura corporal, causando febre alta que pode chegar a 42 graus. Esse aumento de temperatura traz consigo uma série de complicações e danos significativos ao corpo se não for tratado imediatamente.
Os efeitos tóxicos da hipertermia nos rins e no fígado, juntamente com as consequências cardiovasculares, tendem a ser as causas mais comuns de morte induzida pelo ecstasy.
- Desmaio.
Em sua forma mais extrema, uma overdose pode levar à morte por insolação, desidratação, exaustão e insuficiência cardíaca. Uma vez que, como mencionado, o indivíduo não percebe a necessidade de comer, beber e descansar.
Outros efeitos inesperados podem ocorrer, mas é difícil atribuí-los apenas ao ecstasy, pois muitas vezes essa droga é adquirida adulterada com outras substâncias sem que o consumidor saiba.
Por exemplo, metanfetamina, cafeína ou cetamina. Além disso, é comum que o ecstasy seja administrado junto com álcool e outras drogas. Portanto, não se sabe ao certo se existem sintomas decorrentes dessa mistura e não apenas do êxtase.
Efeitos de ecstasy a longo prazo
Uma semana após usar ecstasy (ou mais no caso de usuários regulares), eles podem experimentar:
- Tristeza profunda. Isso ocorre porque durante o consumo os níveis de serotonina ficam muito elevados, fazendo com que o viciado sinta euforia. Mas esse neurotransmissor tem seus limites. Quando a droga se decompõe, leva vários dias para o corpo sintetizar mais serotonina. Assim, o déficit de serotonina produz uma diminuição significativa no humor.
- Ansiedade e inquietação.
- Alterações de humor caracterizadas por irritabilidade, impulsividade e agressividade.
- Despersonalização, ou seja, sentimento de desconexão com a realidade e consigo mesmo.
- Distúrbios do sono e redução da fase REM.
- Esgotamento.
- Falta de apetite.
- Sede.
- Diminuição do interesse e excitação sexual.
- Redução das habilidades cognitivas e "embotamento mental".
Atualmente, o efeito de longo prazo do ecstasy em nosso corpo está sendo investigado, principalmente por meio de animais e humanos viciados. Há autores que descobriram que o uso prolongado de ecstasy produz uma redução da atividade natural do sistema serotonérgico.
Assim, uma administração contínua de ecstasy pode causar uma diminuição na responsividade dos neurônios serotoninérgicos, produzindo menos desse neurotransmissor.
Além disso, foi demonstrado que, ao longo do tempo, ocorre neurodegeneração de axônios serotonérgicos e dopaminérgicos (extensões neuronais por onde os impulsos nervosos viajam). As principais áreas do cérebro afetadas são o córtex cerebral, o hipocampo, o corpo estriado, o hipotálamo e a amígdala.
Como consequência, isso se reflete em déficits de memória, aprendizado, ciclos de sono e bem-estar emocional. Como distúrbios psicopatológicos, depressão e ansiedade são comuns.
Miñarro, Aguilar e Rodríguez coletaram dados de estudos em humanos sobre os efeitos do ecstasy a médio e longo prazo, concluindo que:
- O ecstasy causa alterações cognitivas e psiquiátricas. Principalmente, parece haver uma ligação importante entre o uso crônico dessa substância e uma diminuição da memória.
- Existem evidências suficientes para confirmar que as alterações comportamentais e psicopatológicas (ansiedade e depressão) causadas pelo abuso de ecstasy não melhoram. Eles permanecem no tempo, mesmo que haja uma abstinência prolongada.
- Um dos efeitos comuns de médio e longo prazo que esses sujeitos apresentam é o comportamento de automedicação e a presença de transtornos psiquiátricos.
Essas condições podem permanecer por muito tempo, mesmo após a suspensão do uso dessa substância. Obviamente, as consequências a longo prazo e sua recuperação variam de acordo com a intensidade, frequência e tempo de uso da droga.
Referências
- Almeida, SPD, & Silva, MTA (2003). Ecstasy (MDMA): efeitos e padrões de uso relatados por usuários em São Paulo. Revista Brasileira de Psiquiatria, 25 (1), 11-17.
- Ecstasy / MDMA. (sf). Recuperado em 29 de novembro de 2016, do Center for Substance Abuse Research.
- Êxtase. (sf). Retirado em 29 de novembro de 2016 das Nações Unidas: Escritório sobre Drogas e Crime.
- Miñarro López, JA (sf). EFEITOS DE LONGO PRAZO DO USO DE ECSTASY (“MDMA”). Retirado em 29 de novembro de 2016, de "XII Conferência sobre Toxicodependência: Lazer e Drogas Sintéticas".
- Molero-Chamizo, A. (2005). 3,4-metilenodioximetanfetamina ('ecstasy'): efeitos emocionais e cognitivos de longo prazo e depleção serotonérgica. Rev Neurol, 41 (2), 108-114.
- Os efeitos do uso do ecstasy. (sf). Retirado em 29 de novembro de 2016, de Drug Abuse.
- Volkow, N. (sf). Abuso de MDMA (ecstasy). Obtido em 29 de novembro de 2016, do National Institute on Drug Abuse.