- Introdução
- Estágios de desenvolvimento psicossexual
- Estágio Oral
- Palco Anal
- Estágio fálico
- Estágio de latência
- Estágio genital
- Comentários finais
- Referências
O desenvolvimento psicossexual é o principal componente e espinha dorsal da teoria psicanalítica proposta por Sigmund Freud, para quem o desenvolvimento da personalidade foi equivalente ao do desenvolvimento dos impulsos sexuais.
Esta teoria psicanalítica do desenvolvimento psicossexual é baseada na tragédia grega escrita por Sófocles, Édipo Rex, conhecido como Complexo de Édipo. Que é descrito por esse nome nos homens e como Complexo Electra nas mulheres.
O princípio básico dessa teoria é que no inconsciente da criança estão os pensamentos reprimidos referentes ao desejo de ter relações sexuais com seus pais. E, por sua vez, os desejos de morte para o pai do sexo oposto.
Esses pensamentos alojados no inconsciente, portanto inacessíveis à consciência do sujeito, começam a ser gerados na infância e durante vários estágios de desenvolvimento, até serem finalmente erradicados pelo desenvolvimento sexual normal.
Assim, na perspectiva psicanalítica, os pais desempenham papel fundamental no manejo dos impulsos sexuais e agressivos no desenvolvimento psicossexual de seus filhos, durante os primeiros anos de vida.
O conceito de energia psíquica ou libido, terá um papel crucial na teoria do desenvolvimento psicossexual, pois é em função de seus destinos ou fixações que a criança poderá passar pelos cinco estágios do desenvolvimento psicossexual normalmente ou não.
Introdução
Sigmund Freud (1856-1939) foi um neurologista austríaco que, entre os séculos 19 e 20, desenvolveu o campo da psicanálise. Hoje, após suas pesquisas e mais de 23 obras escritas, ele é conhecido como o pai da psicanálise.
Em 1905, ele propôs que o desenvolvimento psicossexual ocorresse nos primeiros anos de vida da criança, sendo crucial para a formação da personalidade adulta. Esse desenvolvimento consiste em 5 estágios ou estágios psicossexuais, que representam a jornada da libido ou impulso sexual por diferentes áreas do corpo que ele chamou de zonas erógenas; sendo estes a fonte de prazer ou frustração para a criança.
Esses cinco estágios em que o desenvolvimento psicossexual foi dividido correspondem à localização da libido em uma dessas áreas.
Essas partes erógenas, sendo particularmente sensíveis à estimulação sexual e erótica, são a boca, o ânus e a genitália da criança. Durante o desenvolvimento psicossexual, apenas uma parte do corpo é particularmente sensível a esse estímulo.
A libido percorrerá essas várias partes do corpo do sujeito, desde que tenha sido capaz de resolver os conflitos característicos de cada estágio do desenvolvimento psicossexual.
Cada um deles está associado a um conflito específico, que deve ser resolvido antes de avançar com sucesso para o próximo. Ou seja, enquanto a criança não conseguir resolver nenhum desses conflitos, a libido não será capaz de passar para a próxima zona erógena, correspondente ao estágio subsequente de desenvolvimento psicossexual.
Se a criança avança progressiva e normalmente pelos diferentes estágios, resolvendo cada conflito, a libido se move suavemente em cada estágio de desenvolvimento. Agora, se ele se tornar fixo, ou estagnar, em um determinado estágio, sua vida adulta será afetada.
Todo esse trabalho requer um gasto de energia sexual; quanto mais energia for despendida em determinada etapa, as características a ela correspondentes serão aquelas que permanecerão com o sujeito ao longo de seu amadurecimento psicológico.
Estágios de desenvolvimento psicossexual
A teoria psicanalítica do desenvolvimento psicossexual proposta por Freud e baseada no desenvolvimento da personalidade humana, é dividida em cinco etapas. Estes são o estágio oral, o estágio anal, o estágio fálico, o estágio de latência e o estágio genital.
É por meio dessas etapas que o desenvolvimento de um indivíduo ocorre durante a primeira infância. Configurando desta forma, comportamento e personalidade adulta.
De acordo com os ensinamentos propostos por Sigmund Freud, pode-se dizer que essa teoria também tem seus alicerces no prazer e no desprazer, entendidos como dois princípios pelos quais se rege o aparelho psíquico de cada indivíduo.
O prazer se refere à satisfação do desejo e à descarga da energia sexual acumulada. Enquanto o desprazer se refere ao acúmulo ou tensão da libido e frustração.
Cada estágio do desenvolvimento psicossexual pode ser abordado a partir de três perspectivas a serem levadas em consideração:
- Foco físico, a parte do corpo onde a libido ou energia sexual é concentrada e através da qual o prazer é obtido.
- A abordagem psicológica, que se refere às excitações internas e externas às quais a criança está exposta.
- E a última, que está relacionada à fixação da energia sexual em uma determinada etapa do desenvolvimento, esta determinando a personalidade adulta do indivíduo.
Ou seja, se a criança não consegue passar normalmente pelos cinco estágios do desenvolvimento psicossexual infantil, na idade adulta, esse sujeito terá problemas relacionados ao estágio de desenvolvimento em que sua libido foi fixada.
Estágio Oral
Inclui o primeiro ano e meio de vida da criança, sendo a primeira fase do desenvolvimento psicossexual infantil, onde a libido está centrada na boca da criança, sendo esta a sua primeira zona erógena.
É dela que a criança sente prazer em pegar no seio da mãe, colocar objetos em sua boca, por meio de sugar e morder.
A fase oral termina com o desmame, que funciona por si só como um conflito, pois priva a criança da satisfação ou do prazer que sua libido tanto exige, centrada na zona erógena de sua boca.
Aquelas crianças que tiveram dificuldades em resolver os conflitos desta fase, ou obtiveram frustrações pela não satisfação de seu desejo, que opera como demanda, na personalidade adulta, quando se encontram em situações de estresse ou tensão, apresentarão características de a fase oral, como chupar o dedo, roer as unhas, fumar, entre outros.
Palco Anal
Inclui o período de um ano e meio a três anos. Nesse segundo estágio, a libido está centrada no ânus, sendo esta a segunda zona erógena de desenvolvimento psicossexual. É através da defecação que a criança obtém prazer. É nesta fase que surge a obsessão da criança com a referida zona erógena e com a retenção ou expulsão das fezes.
O conflito dessa fase pode surgir na hora de deixar as fraldas onde a criança enfrenta as demandas dos pais e seus próprios desejos. Nessa altura, a criança terá de enfrentar os pais, entendida como a autoridade que diz quando e onde defecar, contra a sua vontade, quando e onde lhe agrada como quando usou fraldas.
Se a criança conseguir ter prazer com esse aprendizado, sua personalidade adulta apresentará características de desordem, imprudência e descuido. Agora, a criança pode optar por não atender à demanda dos pais, retendo o banquinho.
É assim que na vida adulta o sujeito pode apresentar conflitos com qualquer figura de autoridade, possuir características de personalidade obsessivas (ser obsessivamente ordenado, por exemplo) na personalidade adulta. Ou podem ser tensos e tenazes com seu dinheiro e / ou posses.
Estágio fálico
Abrange o período de 3 a 6 anos. A libido concentra-se nos órgãos genitais da criança e é por meio da masturbação que o prazer é obtido, pois sua zona erógena, nesta fase, passa a ser seus próprios órgãos genitais.
É neste período que se manifesta o conflito sexual mais importante do desenvolvimento psicossexual.
É, à medida que a criança começa a diferenciar os sexos anatomicamente, que ela se torna cada vez mais interessada na sua própria genitália e na dos outros. Psicologicamente, a atração erótica, o ressentimento, a rivalidade, o ciúme e o medo entram em jogo.
É nesta etapa que Freud localiza os conflitos do Complexo de Édipo nos meninos e do Complexo Electra nas meninas, entendido como o processo de identificação pelo qual a criança adota as características de um genitor do mesmo sexo.
Esses complexos envolvem o desejo inconsciente da criança de possuir o pai do sexo oposto e eliminar o pai do mesmo sexo.
O conflito representado pelo Complexo de Édipo na criança é que nela surgem desejos sexuais pela mãe. É por isso que o pai aparece então como um rival a ser vencido. Mas ao mesmo tempo surge o medo diante da rivalidade com o pai, que pode levar o que mais ama, sua mãe.
Nesta fase, o menino é atraído pelo pênis e o diferencia do órgão sexual feminino, por isso surge o medo da castração. Ansiedade que é agravada pelas ameaças e disciplina presentes em ser visto se masturbando.
Essa ansiedade de castração supera o desejo pela mãe, de modo que o desejo é reprimido.
A criança começa a imitar o comportamento masculino do pai para conquistar o amor de sua mãe. Adoção das identificações pelo pai, ou seja, seus valores, atitudes e comportamentos, é a forma como a criança resolve o conflito do Complexo de Édipo, obtendo como resultado, a assimilação do papel do gênero masculino.
Nas meninas, o Complexo Electra começa quando elas começam a sentir desejos sexuais com o pai, mas também descobrem que não têm pênis como os meninos. Esta característica fundamental deste complexo está no desenvolvimento da inveja do pênis e no desejo de ser menino.
A menina culpa a mãe pela condição de castrada, ou seja, pela falta de pênis, colocando-a no lugar de uma rival. A resolução desse conflito entra em jogo quando a menina consegue reprimir seu desejo pelo pai, substituindo o desejo de um pênis pelo desejo de um bebê.
Identificar-se com a mãe para assumir o papel do gênero feminino. Os conflitos não resolvidos nesta fase ocasionam uma fixação da libido na área genital, de forma que na personalidade adulta o sujeito apresentará características ou traços de personalidade como imprudência, narcisismo, autoconfiança, vaidade, entre outras.
E, além disso, pode apresentar inconvenientes para se apaixonar, e mesmo uma fixação da libido nesta fase pode ser a causa da homossexualidade.
É resolvendo o conflito de desejos incestuosos que a criança passa para o próximo período de desenvolvimento psicossexual infantil.
Estágio de latência
O estágio de latência tem origem por volta dos 6 anos de idade, até a puberdade. Isso coincide com o início da criança na escola. Nesse estágio, o desenvolvimento psicossexual é interrompido, o que significa que a libido está inativa.
A maior parte da energia da criança se concentra em atividades assexuadas, como desenvolver novas habilidades, adquirir novos conhecimentos e brincar. A essa altura, não há zona erógena específica na criança, pois sua libido está reprimida, alojada no inconsciente e não em uma parte do corpo.
No início da puberdade, a libido anteriormente inativa, volta a se concentrar nos órgãos genitais.
Estágio genital
O último estágio do desenvolvimento psicossexual começa na puberdade e se estende até a idade adulta.
Nesse estágio, os impulsos sexuais ou a energia reaparecem, concentrando-se nos órgãos genitais e obtendo prazer nos relacionamentos heterossexuais. Nesse período, o instinto sexual é direcionado para o prazer heterossexual, e não para o prazer próprio, como ocorre no estágio fálico.
Coincide com o início da adolescência, por isso é caracterizada pela experimentação sexual adolescente, que pode terminar com sucesso em uma relação amorosa, se os conflitos das fases anteriores do desenvolvimento psicossexual tiverem sido resolvidos com sucesso.
No entanto, se houver conflitos não resolvidos nos estágios anteriores, a fixação da libido e o conflito não resolvido podem se transformar em perversões sexuais.
Comentários finais
A teoria freudiana do desenvolvimento psicossexual teve alguns detratores. Entre eles, uma forte crítica foi que sua teoria se baseia excessivamente na sexualidade humana. Outros se referiram ao Complexo de Édipo e ao Complexo de Electra e aos desejos incestuosos das crianças.
No entanto, o extenso trabalho desenvolvido ao longo de sua vida tem sido uma grande inspiração para outros referentes psicanalíticos como Donald Winnicott, Melanie Klein, Jacques Lacan e Anna Freud, entre outros, que se inspiraram em suas obras.
Referências
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